CAPÍTULO I: MOMENTOS ANTES DA MORTE

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MOMENTOS ANTES DA MORTE


[A Alma Do Fred Narrando]

Na vida nem tudo que acontecesse, acontecesse de facto por um propósito como muitos tem dito, por vezes é mesmo a força do acaso. A força do inesperado, a força que nos impede de ter uma nova chance.

Nem todos tem ou terão a oportunidade de fazer de novo, de concertar seus erros ou se possível se arrepender dos mesmos. Nem todos terão uma segunda chance e no primeiro momento em que desperdiçarem a única coisa que lhe resta, aí sim será o fim.

Alguns acham que a vida é toda ela padronizada e que o mesmo que acontecesse com o outro provavelmente irá acontecer contigo. Mas o que eles não sabem é que boa parte da vida é definida através das escolhas que fazemos e das consequências que encontramos face a essas escolhas.

O facto de estar no mesmo caminho não significa que vamos ao mesmo destino o que teremos as mesmas experiências um com o outro. A verdade é que cada um de nós é o que ele é e será o que ele será face as escolhas que o mesmo fará.

Não podemos definir alguém a partir da vida do outro. Cada um é o que ele é e ninguém pode ser você, e nem você pode ser alguém.

Eu queria ser a pessoa mais feliz da vida. Eu tinha meus sonhos, metas, propósitos e até conquistas por fazer. Mas após ter visto aquilo, tudo isso foi de água abaixo e acabou com tudo o que construí.

Quando digo tudo, me refiro a tudo mesmo, porque a maior riqueza não está nos bens materiais, mas sim na paz do espírito, na tranquilidade da alma e na consciência livre.

Eu estava angustiado, de alma quebrantada, espírito ferido e coração partido. A minha mente estava cheia de pensamentos maquiavélico que andar sem destino e livre das esperanças me pareceu a melhor opção, mas o que eu não sabia, era que ao sair daquela empresa carregado de dor e raiva me seria o última coisa a fazer em vida.

Se eu soubesse que era fim, eu juro que voltava a amar. Juro que ia perdoar, eu juro que diria adeus. Eu juro que diria, diria e sonharia.

O arrependimento é o sentimento tão verdadeiro que até após a morte o mesmo permanece contigo.

Arrependido de não ter vivido o meu sonho fiquei, não foi uma morte esperada, mas nós últimos segundos antes da mesma, eu podia ver uma breve retrospectiva sobre a minha vida. Eu vi o quão sonhava, mas também vi os meus sonhos se irem. Eu vi o quão amava, mas também vi o amor partir. Eu vi o quão acreditava, mas também vi a esperança ir.

De todas essas coisas, só uma coisa ficou comigo nos últimos segundos de vida e nos primeiros minutos da morte. E está coisa fora o arrependimento.

O arrependimento é a companhia que por mais que não queiramos ela sempre estará lá para nos fazer recordar dos nossos erros. Não com o objetivo de fazer dos mesmos um caminho para nossa própria destruição, mas como um mecanismo que nos faça recordar que podemos fazer melhor.

O arrependimento não é um fardo que carregamos como se fosse um castigo pelas nossas ações, muito pelo contrário, as consequências nós carregamos como fardo, mas o arrependimento como um livramento.

Se arrepender é se livrar do fardo pesado que as consequências da vida nos podem atribuir. Se arrepender é aceitar que não se pode mais viver de consciência pesada e buscar o livramento para esta mesma consciência. Se arrepender é aprender com os erros e corrigir-se com os seus acertos. Se arrepender é a capacidade de se perdoar, sem antes pedir desculpas ou ter sido pedido desculpas.

Muitos pedem desculpas sem antes se perdoarem e por causa disso voltam a cometer o mesmo erro.

39 segundos antes da morte fora o tempo mais longo que eu já vivi em vida. Em toda minha vida eu achara que tinha tempo ou que o tempo estava ao meu favor. Em alguns momentos até achava que nem tinha esse mesmo tempo, porém, nesses 39 segundos antes da morte eu percebi que a vida vale mais do que o tempo que temos.

Muitos se preocupam com o tempo que por vezes se esquecem da vida que precisam ter para poder viver dentro desse mesmo tempo.

Embati de forma violenta contar o camião. Os meus olhos se fecharam, mas por um tempinho eu pude os abrir e ver o meu corpo sendo jogado sabe-se-lá para onde até que veio a queda que originou o fim.

Fora o fim de um sonho. O fim de um amor. O fim de uma vida que nunca vivi e de uma ilusão que eu nunca escolhi. Morri sem viver o que sempre sonhei, eu sonhei em tê-la comigo para sempre, só não contava que a vida me daria nos últimos 39 segundos antes da morte.

Tal como Moisés viu a terra prometida mas o mesmo não entrou, eu também a vi a Samira em meus pensamentos, mas a mesma não a tive.

Há sonhos que até veremos, mas os mesmos não viveremos. Destinos que até queremos, mas os mesmos não chegaremos. Vida que até cuidamos, mas a mesma não teremos. Morte que fugimos, mas a mesma alcançaremos.

Ninguém pode fugir da morte e nem o próprio destino lhe pode dar esse escape, pois o mesmo até os dias de hoje busca por um fim concebido de uma vida eterna.

A eternidade não é para quem vive, mas ela é para quem está morto.

O morto vive para sempre, mas o que vive um dia irá morrer. Viver por estar em vida. E morrer por ser o destino.

DESTINOS QUE NOS IMPEDEM DE SONHAR 2Onde histórias criam vida. Descubra agora