CAPÍTULO II: O ÚLTIMO ADEUS COMO UM PASSO PARA VIDA

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O ÚLTIMO ADEUS COMO UM PASSO PARA VIDA


[Samira Narrando]

E cá estou de volta. Destruída com a vida e golpeada com a verdade. Longe de tudo e de todos e isolada da liberdade. Oprimida com o desespero e castigada com a culpa, a culpa de ver dois amores diversos se for sem puder no mínimo sequer ter a audácia de ao menos poder os despedir.

Após relatos da morte do Fred, nem mais tive forças de ir ver o Eugênio na prisão. Eu estava sofrendo comigo mesma e ir a aquele lugar de opressão só piora a situação. Eu precisava me distanciar de tudo e de todos só por algum momento.

Uma semana depois da morte do Fred, eu pedi demissão ao Chefe e ele me compreendeu, porém ainda faltava me despedir do Eugênio que estava ainda por detrás das grades.

Fui a aquele lugar cheia de angústia, pois pareceria que eu o estava abandonando devido a sua situação, porém eu realmente precisava de um espaço para poder digerir tudo aquilo que se passava comigo.

Na visita ao Eugênio eu me expressei e mesmo sabendo que ele não reagiria de uma boa forma, eu tinha que ser verdadeira comigo mesma e ganhar a coragem de assumir que sim, realmente precisava de me auto-ajudar.

Samira: - Eugênio, precisamos conversar! (Falara de coração quebrantada).

Eugênio: - O que se passa meu amor? (Perguntou-me preocupado).

Samira: - Eu preciso que tu me entendas, não que eu esteja lhe abandonando, mas eu preciso de espaço para poder digerir isso tudo que está acontecendo comigo...

Eugênio: Não é possível que você veio aqui para me falar essas coisas... Como assim precisa de espaço Samira? (Questionou desesperado).

Samira: - Eugênio, por favor fique calmo... (Implorava).

Eugênio: - Como ficar calmo enquanto você está me largando para ir aos braços do Fred, ele é melhor que mim só porque está fora e eu preso? Só porque me expôs antes que eu conseguisse concertar os meus erros? (Falava se exaltando).

Samira: - Não é isso Eugênio, para de pensar coisas que não fazem sentido por favor... (Implorava que se acalmasse).

Eugênio: - Como vou parar de pensar se a minha namorada acaba de me largar para ir ficar com o mesmo homem que me colocou atrás das celas!?

Samira: - Eu não tenho como ficar com quem já está morto faz uma semana! (Comecei chorar)

Eugênio: - Como assim está morto? (Espantado questionou).

Samira: - O Fred morreu num acidente logo após ele ter saído do trabalho...

Eugênio: - Eu sinceramente não sabia... (Aquietou as sua raiva).

Samira: - Me desculpe, mas eu preciso ir Eugênio...

Eugênio: - E para onde você vai? (Perguntou desesperado).

Samira: - Eu ainda não sei...

Eugênio: - E você irá voltar? (Foi triste o ver questionado).

Olhei para ele bem lá no fundo dos seus olhos e por mais que eu não mais dissesse nada, ele saberia a resposta. Porque não há nada mais tão verdadeiro que um olhar de despedida.

Samira: - Eu sinceramente não sei... (Falei de coração partido e alma destruída).

Com muita dor me levantei e caminhei vagarosamente até a saída. O Eugênio implorava para que eu voltasse, mas os seguranças o levaram de volta às celas.

Aquele fora a última conversa que eu tive com o Eugênio. Foi o último adeus que o dei e eu sabia que se caso voltasse, não seria tão já. Eu sabia que me afastar por mais que parecesse crueldade da minha parte, para mim seria a melhor opção a ser tomada.

Saí da esquadra já com malas prontas para viagem, eu não só ia deixar o emprego, como também o país em busca de novos começos.

Ao partir, já prestes a entrar no avião uma notícia inesperada o Eugênio acabava de cometer o suicídio.

Foi como um balde de água de fria receber aquela notícia, mas eu tinha que ser muito mais fria para ao invés de voltar, entrar no avião e ir embora, pois a âncora havia sido levantada.

Já era tanto sofrimento para mim, voltar para uma última despedida seria como uma retaguarda em busca do descanso. Eu precisava descansar a minha mente e por um momento digerir aquela toda situação. Eu sabia que ao voltar a dor seria maior e eu não aguentaria mais passar por tudo aquilo.

Aquele sim era o fim de um passado perturbado e início de um futuro realizado.

Lida a mensagem, entrei no avião e ergui a minha cabeça. Em meu coração disse "paz a sua alma e a paz a minha também".

[Arabela Narrando]

Quando recebi a ligação me informando que o Sr.Fred havia perdido a vida, eu mal acreditei que aquilo havia acontecido. Eu não esperava que ele partisse tão cedo, mais tão cedo quanto foi.

Ele era filho único dos seus pais que também já haviam perdido a vida. Era sozinho nesse mundo e nem os seus familiares os conhecia. No seu velório só lá estava eu. Eu sozinha e sem mais ninguém  que podia decidir o rumo do seu corpo, se queria que fosse colocado em caixão ou se fosse examinado e colocado em uma urna.

Como alguém grata pelos seus feitos em minha vida, pedi que o queimassem e me entregassem as suas cinzas para que eu comigo aguardasse tal como ele sempre me guardou.

Desde sempre me acolheu em seus braços e me tratou com dignidade. Ele me deu escola que eu já havia desistido, pagou a minha faculdade e abriu uma mine empresa para mim. A única coisa pelo qual ele dizia que não podia me deixar ir ou se demitir, era por conta dos seus fatos que eu organizava bem.

O tempo passou e seus advogados entraram em contacto comigo devido o seu testamento. No tribunal fora aberto o mesmo e eu, eu mesma era a legítima herdeira de tudo que ele tinha, até na sua morte o mesmo cuidou de mim.

O Fred deixou tudo comigo e pediu que os advogados me dessem uma carta que ele escreveu no dia em que fez o seu testamento.

Carta para
             Arabela

Então é assim, nem sei por onde começar a escrever. Nem sei nem o que vou dizer. Não tenho palavras para descrever o quanto eu estou feliz por ti. Não escrevo está carta com lágrimas de tristeza, mas a mesma escrevo com lágrimas de alegria. Lágrimas de simpatia. Lágrimas de empatia tais como tu todo o dia. Não escrevo como uma despedida, mas como uma demissão. Hoje eu te demito do seu trabalho, pois se você está lendo essa carta, é porque eu provavelmente já esteja morto. Sou grato pelo seu trabalho, grato por fazer parte da sua vida, grato por lhe puder ter ajudado e sou grato por tu assim o permitir. Na vida nunca tive as melhores coisas e tudo que tenho, tive que lutar para poder alcançar. Alguns lutam em lutas pesadas e outras só precisam saber engomar a camisa e fazer um vinco bem delineado para se tornar a herdeira legítima de tudo pelo qual lutei. Agora não serás mais a minha secretária, mas sim a empresária que sempre sonhaste. Nem todos sonhos meus eu pude realizar pela força do destino, mas antes de partir me certifiquei que nada te faltará e te irá impedir de sonhar e realizar. Os seus sonhos são os meus sonhos. As suas conquistas são as minhas conquistas. As suas lutas são as minha lutas. As suas batalhas são as minha batalhas. E a sua vida, agora é a minha vida, por favor Arabela, viva por mim.

Escrito por          
Sr.Fred...


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