CAPÍTULO VII: O MAR DA TRADIÇÃO

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O MAR DA TRADIÇÃO

Se tem uma coisa que aprendi sobre o passado, é que na verdade ele nunca é. Ele nunca acaba e nunca se passa. Ele sempre esteve lá, lá no seu canto, lá no seu lugar, mas ao andar do tempo com as coisas que fazemos, nós mesmos é que vamos o despertar.

Despertamos o passado quando ignoramos a necessidade de fazer diferente. Despertamos o passado quando agimos como se fôssemos sábios e não olhamos para o que nos levou a chegar naquela situação. Despertamos o passado quando mesmo não falando, vivemos as mesmas coisas que vivíamos e agimos de forma tal e igual. Despertamos o passado quando no lugar de superar optamos por esconder o que realmente somos. Despertamos o passado quando caminhamos, mas caminhamos para trás. Nós despertamos o passado quando negamos viver o presente, e achamos que chegaremos ao futuro, mas sem nunca largar o ontem.

Não se pode viver um presente perfeito, nem estar contigo a todo lugar e a todo momento sem se libertar do passado adormecido.

Ver os dois sorrindo um com o outro me tirou a última esperança que tinha, e ficar ali não fazia mais nenhum sentido. Voltei ao hotel, pedi uma garrafa de vinho e comecei lembrar de tudo que passei com o Eugênio e tudo que estive prestar a viver com o Fred. Não me arrependo do que vivi, mas me culto por não estar vivendo até agora.

Por vezes nós mesmos é que determinamos até onde vai a nossa felicidade. As nossas escolhas nos mostram os possíveis caminhos, mas nós lá no fundo é que decidimos se de facto iremos segui-los ou não.

Eu pude em muitas vezes fazer escolhas certas, mas não porque fiz as erradas, mas sim porque não estava preparada para as suas consequências.

Por vezes não são as escolhas que estão erradas, mas o que elas carregam é que se tornam um fardo para nós. Se tivéssemos noção do que vem depois de uma escolha, digo-lhes que o número de más escolhas iriam baixar significante.

Portanto, sempre que tiver que fazer uma escolha, certifique-se de que esteja minimamente capacitado para lidar com as consequências que vem consigo depois.

O mais boa que seja uma escolha, ela nunca será isenta as consequências. O mais boa que seja a sua escolha, esteja sempre preparado para as advertências.

[Christian Narrando]

A Samira fora embora, mas a noite continuava. A festa estava boa demais para ficar pensando nos problemas. Eu simplesmente escolhi esquecer-me de tudo aquilo, desde o casamento até minutos atrás. Me deleitei dos vinhos e das champanhes e como um garoto livre me senti.

Me senti livre de mim mesmo e livre de tudo. Eu só queria aproveitar os meus últimos momentos de paz e de liberdade antes que tudo fosse por água abaixo.

Por vezes é necessário se perder para poder se encontrar, mas eu preferi me perder para nunca mais ser achado.

No calor da diversão e na química da aventura, eu olhei para a Arabela e vi o quão linda era ela. O quão desejável ela podia ser e juro que nunca antes vi alguém como ela. Ela era especial e eu sabia que só teria aquela oportunidade.

Ignorei a aliança que carregava em meu dedo, ignorei a fidelidade em meu coração. Ignorei o compromisso e a cumplicidade da minha alma. E como um tolo e louco me joguei no mar da tradição, o mar que te atrai e depois te afoga.

Mas mesmo que me afogasse, afogaria juntamente as minhas mágoas, pois aqueles lindos e macios lábios me faziam delirar em meus pensamentos.

Beijei-á como nunca, beijei-á loucamente, beijei-á até que não mais conseguia continuar, mas mesmo sem forças eu a beijei até que não conseguisse mais parar.

As pessoas tiravam fotos e vídeos do nosso beijo, mas só quem estara lúcido que perceberia que acabava de cometer um grande erro ao beijar outra mulher em público.

[Arabela Narrando]

Eu pouco me importava se estivesse sendo filmada ou não. Tudo o que eu realmente queria era me vingar dela e faria tudo que fosse preciso para tal.

Estava disposta a ir até ao extremo, ir até ao limite e se possível ir até ao ponto G. Eu estava disposta a fazer ela sentir toda dor e angústia que causara ao Fred.

Não há pior coisa que magoar alguém até a sua morte. E como ele já estava morto, não haveria pior coisa que ser cobrada pela morte causada.

Peguei o Christian pelas mãos e falei em seus ouvidos.

Arabela: - Eu conheço um lugar onde tem uma paisagem que você nunca irá se esquecer dela... (Falara com voz excitante).

Christian: - E onde fica isso?

Arabela: - Vamos que eu te mostro!

O Christian saiu comigo e o levei para minha casa. Ele estava tão, mais tão bêbado que cause dormia pelo caminho. Mas ao chegarmos tomou um banho e em minha cama descansou. Durante 30min eu fiquei apimentando o local enquanto ele descansava.

Ao acordar me viu sentada em uma poltrona com os pés cruzados a sua espera.

Christian: - O que você está fazendo aí sentada? (Perguntava todo confuso).

Com uma voz excitante falei:

Arabela: - Vem cá e descubra!

Ao se levantar e me ver seminua, quase que desmaiava. Era a pura paisagem mais louca que ele já havia visto. A guitarra com mais curvas que ele já tocou. Eu era a flor mais bela do jardim, mas mais do que isso, fora a mulher que ele nunca teve.

Eu podia ver em seus olhos a imagem de um cachorro babando pronto para comer o osso. Mas digo-vos, não foi nenhum osso que comeu, ele comeu da melhor carne e beijou dos melhores lábios verticais que ele já experimentou algum dia.

Dizem que tudo que acontecesse entre quatro paredes fica por lá, mas o que aconteceu naquela noite, digo-vos que já mais sairá dos seus pensamentos. Não foi um noite normal, mas uma tranza ao sabor da vingança.

E não uma noite do vulgo "fazer amor".

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