Capítulo 12.

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Após dias e dias após dias e dias, Luana finalmente decidiu levantar da cama e fazer qualquer outra coisa do lado de fora que não fosse trabalhar.

Era uma manhã de sábado, dois anos depois, seguinte a uma fase de depressão profunda.

Encostou os pés no chão, ainda tentando acostumar com o peso do próprio corpo. Buscou o celular e olhou a hora, o dia ainda estava para amanhecer e Luana nem percebeu.

Pegou um sobretudo e foi para o portão, aproveitar o ar livre e ver o sol se colocar em seu lugar, para um novo dia começar.

Em minutos o céu foi do laranja ao rosa e finalmente o azul que tanto nos rodeia.

Respirou fundo, acendeu um cigarro e permaneceu ali até que tivesse uma ideia boa demais para ser verdade.

Entrou correndo de volta para sua casa e foi direto para o quarto de Aurora, com quem dividia aluguel agora.

- Amiga, amiga, acorda - Luana pulava em cima de Aurora na cama.

- Ai... me deixa - respondeu sonolenta e virou pro lado voltando a roncar, o que fez Luana continuar - Meu Deus, que horas são?

- 5:49.

- E por que me acordou?

- Vou passar o final de semana na baixada.

- Ah, sério? Dois anos e essa é a primeira vez que eu escuto isso de você.

- Acho que preciso de um banho de mar...

- Ta bom, só tranca o portão quando sair - Aurora virou pro lado na esperança de voltar a dormir, sem sucesso.

- NOSSA VOCÊ NEM VAI ME IMPEDIR?

- Amiga, primeira vez em dois anos que eu te vejo acordada a essa hora e fora da cama com algum motivo, você está de féfias, não quero te ver presa na depressão, se você acha que é o melhor pra você, eu também acho, então agora me deixa dormir antes que eu te mate.

- Te amo - abraçou Aurora antes de ir para o seu quarto.

Pegou uma mochila, colocou biquinis, algumas blusas e shorts, tomou um banho, se vestiu e ssiu de casa.

Um ônibus que a deixasse no Jabaquara e uma passagem para a cidade de Praia Grande, e lá estava Luana indo para a cidade onde cresceu.

No caminho, observou cada detalhe da paisagem repleta de árvores que a tempos ela não via, seu coração gelou quando ela pode ver a cidade lá no fim da serra, tirou uma foto e postou.

- São só dois dias, Luana.

- Oi? Falou comigo? - a moça sentada ao seu lado a olhou.

- Não moça, desculpa, só pensei alto.

Ela riu e voltou a olhar a paisagem.

Ao desembarcar Luana já poderia sentir a diferença no ar, só aquela cidade mesmo para ter um forte cheiro de maresia misturado com cheiro de gasolina e um toque de calor escaldante.

Pediu um uber e esperou que ele chegasse e a levasse para a casa de sua mãe.

Não esperava que sua mãe não estaria lá, se sentou na calçada e esperou por longas horas até que ela chegasse.

- Oi filha - sua mãe veio com algumas sacolas - Porque não me avisou que vinha? Eu tinha ficado em casa.

- Relaxa, mãe, nem lembrei de avisar que estava vindo - levantou e ajudou com as sacolas - foi uma surpresa até pra mim.

- Ah sim, filha, fui comprar umas roupas pra mim - Luana sorriu, não sabia muito o que dizer - Senta ai, quer beber alguma coisa?

- Água.

- Então vai pegar, esqueceu que você morava aqui? - Luana riu e foi para a cozinha, sua mãe foi atrás - como você tá, filha?

- Bem - mentiu.

- Nossa, o que aconteceu? Alguma coisa com seu trabalho?

- Não, eu to realmente bem - mentiu de novo - meus alunos dão maravilhosos, o trabalho está bem também - finalmente uma verdade.

- E o que te trouxe aqui, então? Um milagre?

- Não sei, acho que preciso de mar.

Sua mãe começou a contar historias em cima de histórias sobre seus vizinhos, e sobre como eatava sua vida, Luana ouviu tudo sem abrir a boca, respondia com risadas forçadas.

Não queria falar muito sobre a sua vida, nada estava bem e Marta não queria saber realmente do que se passava na mente de Luana, e ela sabia que na primeira frase de não wstou bem, Marta a atingiria com 90 mil motivos do porquê ela continuaria mal.

E sua mãe não fazia ideia da metade das coidas que Luana vinha enfrentando e que muitas delas, a própria mãe provocava.

Era definitivo, ela não queria estar perto dela novamente.

Entrou no quarto que era dela, lugar onde virou um conjunto das bagunças que a sua mãe tentava esconder.

Colocou o biquini e saiu.

- Vai pra praia? - concordou - Sozinha? - concordou outra vez.

- Tchau, até mais tarde.

Pegou a moto de sua irmã que estava na garagem, mesmo que ela já não morasse mais ali, e foi para a praia.

Pegou um guarda-sol e pediu uma caipirinha, se sentou colocando sua Juliet no rosto e acendeu o baseado que estava bolado dentro de sua bolsa.

Postou uma foto com os pés na areia e se deixou relaxar e curtir o barulho do mar, misturado com conversas aleatórias nas barracas ao redor.

- Luana? - ela se perguntou como alguém tinha a encontrado, a localização era apenas para mostrar que estava na praia, olhou para trás.

- ITALOOOO - Luana pulou, era seu melhor amigo desde o ensino médio, o abraçou.

- Caralho, tu tá a maior gata - apertou os lábios - feliz em te ver, você nunca mais deu noticias.

- São Paulo é de verdade uma correria, amigo - ela sorriu, realmente era uma correria, e ela esqueceu de manter contato com os amigos que ela tinha deixado na cidade - senta ai, pede alguma coisa pra você, vamos curtir uma praia comigo - disse com empolgação - se puder...

- Claro que eu posso - Italo abriu um sorriso enorme - eu tava correndo aqui na praia, te vi de longe.

- Graças a Deus , eu tava brisando aqui sozinha.

Conversaram bastante, Luana contou tudo que a atormentava e Italo fez o mesmo, ali estava a pessoa com quem ela tinha intimidade o bastante para dizer absolutamente tudo.

Se lembrou de como era bom estar com seus amigos, de como a vida era mais do que aquelas quatro paredes do seu quarto, de como tudo podia ser melhor se ela quisesse, deu tanta risada que esqueceu até mesmo de como a vida podia ser triste, quando estava ao lado de pessoas que amava, mesmo amanda Aurora do fundo de sua alma, como a irmã que era pra ela, a vida era muito melhor.

- Ae minha parceira, baile hoje? Vai geral.

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desculpem a demora, um capitulo leve pra vcs, só pra preparar vcs prlara o próximo que vai encher corações <<<<333

Vista do alto da favela - Mc Don Juan.Onde histórias criam vida. Descubra agora