Capítulo 14.

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- Um McNifico e Um Cheddar McMelt, batata grande e bebida vai ser uma Coca e um Guaraná, por favor - Matheus disse depois de cumprimentar a atendente - acertei? - perguntou a Luana, que apenas revirou os olhos ainda com os braços cruzados.

Loja gelada. Pensou.

- No Débito - ele respondeu para a atendente e Luana observava a situação, foram se sentar em uma mesa ao lado de fora, já que mesmo com a chuva ainda estava calor na cidade.

- Você não respondeu se acertei.

- Vou mudar meu lanche preferido a partir de hoje.

- Só depois de comer, né?

- Não tenho culpa se essa espelunca tem um Cheddar tão maravilhoso - Luana revirou os olhos em imaginar o sabor, o que fez Matheus rir.

Ela sorriu por ver a risada sincera dele.

Pensou que algo nele podia sim ser verdadeiro.

- O pedido saiu - Luana disse já se levantando.

- Calma, eu pego - disse apoiando sua mão sob a dela, que apenas se sentou de volta e esperou que ele voltasse.

- Obrigada - Matheus apenas sorriu com os olhos e se sentou.

Matheus começou pelas batatas, Luana abriu seu lanche e as colocou dentro dele, logo depois dando uma mordida.

- Você não perde essa mania né?

- Não julga se você nunca provou - Matheus deu de ombros e pegou seu lanche, repetindo os mesmos passos de Luana.

- Você tem razão, assim é muito mais prático e gostoso - Matheus observava as camadas do lanche.

- Eu sempre tenho - prosseguiram em silêncio, cada um com seu lanche, sua batata e seu refrigerante.

Após terminarem, Matheus passou a olhar fixamente para Luana, que mesmo sem saber o porquê, retribuia o olhar.

Luana se sentiu feliz, em meses, ela poderia sentir esse sentimento que arrepia a pele, mesmo que ela soubesse que aquilo não parecia real, de fato era e isso a consumia.

E mais nada passava em sua mente além dessa felicidade e do olhar de Matheus que não saia dos seus.

Ficaram assim por longos 10 minutos, até que Matheus quebrou o silêncio.

- Sonhei com esse momento, estou feliz e você?

- Sim.

- Que bom - se apoiou na mesa - Será que agora podemos finalmente voltar a ser amigos?

Luana pensou um pouco antes de responder, sabia que tudo que se tratava dela e Matheus era pura incerteza, mas estava feliz com o momento e percebeu que ele também estava, não queria apagar o sorriso do rosto dele.

- Podemos sim...

E a partir dali, Matheus se entusiasmou, segurou a mão de Luana como se nunca mais fosse soltar.

Luana, pelo contrário, estava apenas aproveitando o momento e deixou que ele fizesse aquilo que o faria bem.

- E como está sua vida? - Perguntou ela, observando a maneira como seu dedo polegar acariciava o peito de sua mão.

- Mesma coisa de sempre, esse trampo é uma correria infinita... nada de novo. Só o fato de que eu quase fui preso - ele riu.

- Preso? - perguntou, sem muito espanto.

- Sim, eu só estava no lugar errado, na hora errada, essa cidade é uma merda gigantesca - ele riu e bebericou seu refrigerante.

- Você está namorando? - Luana soltou a mão de Matheus da sua e esperou a resposta.

- Eu... não vou mentir pra você - ele engoliu seco - eu estou sim.

- Entendi - foi a vez de Luana dar um gole em sua coca cola - que bom que somos apenas amigos, espero que seja assim.

Ficaram alguns segundos em silêncio.

- E você? Me conta de você.

Não hesitou em dizer a ele sobre sua vida, nem a ouvir um pouco sobre a dele, queria que aquilo durasse para sempre, que eles nunca mais saissem por aquela porta de um Mc Donald's em frente a um hospital de prédio antigo e construções da década de 40, que eles nunca mais se afastassem, que a realidade dele não fosse mais real, e que nem a dela fosse. Ela queria esquecer da namorada dele, do quarto bagunçado dela que parecia os seus sentimentos em sua cabeça.

Pois ela sabia que os sentimentos não vinham do coração, que o amor ou o ódio eram apenas sensações que enchiam as veias com a mais pura adrenalina até que todo seu corpo não soubesse como corresponder a toda essa substância.

Matheus já não causava nada disso a ela.

E esse era apenas o começo da história.

...

Alguns dias depois, já na capital novamente, Luana recebeu uma mensagem de Matheus.

Matheus:
"Não consigo parar de pensar naquele dia"

Luana:
"o dia do Mc?"

Matheus:
"Exatamente"
"Acho que nunca fui tão feliz em apenas uma noite"
"Eu senti tanto a sua falta"

Luana:
"Que bom"
"Olha"

Matheus:
"Você é linda, Luana, uma pessoa incrível e até hoje eu me culpo por ter magoado você"

Luana:
"Matheus, eu não posso..."

Matheus:
"O que?"

Luana:
"Eu não quero passar por isso outra vez, eu não quero fazer isso de novo, eu não quero me magoar com você mais uma vez"
"Eu não ia suportar"
"Isso me fez muito mal"

Matheus:
"Você poderia ter dito isso na minha cara"

Luana:
"Eu só não estava pensando como estou agora"

Matheus:
"Lu, só te peço mais uma chance, deixa eu provar meu amor por você"

Luana:
"Amor?"

Matheus:
"Sim, você é minha amiga e eu te amo, não vou te magoar de novo, quero ser melhor do que eu fui..."

Luana:
"Matheus, isso são palavras..."
"Para eu acreditar em você outra vez, será necessário muito mais do que essas frases de impacto"
"Não sou mais criança e você também não é"

Luana bloqueou seu celular e o jogou no sofá, bufando pois mesmo que as suas palavras tenham sido aquelas, e mesmo depois de tudo, ela nunca deixou de imaginar as mãos de imaginar as mãos grossas de Matheus tocando seu corpo, sua bica rosada beijando seu pescoço e aqueles olhos castanhos que só ele tinha a olhando com desejo.

E aquilo a enlouqueceu durante toda a semana, se sentia uma vadia qualquer por pensar assim.

Ouviu seu celular notificar mais uma mensagem, o ignorou. Se levantou e foi direto para o banheiro tomar um banho gelado, estava disposta a tirar as ideias de sua mente.

Vista do alto da favela - Mc Don Juan.Onde histórias criam vida. Descubra agora