Luana não tinha apenas os seus dias de glória, apesar de toda sua luta, ela não estava totalmente recuperada do trauma.
Foram séries de acontecimentos, mas ainda sim o que mais a perturba em sair de sua cidade nem sempre é o incêndio.
Sentados na calçada, Matheus a pergunta o porquê dela estar com blusas de frio no calor que fazia.
- Não to bem.
- Por que?
- Por que você virou um merda igual esses cara?
- Para de voltar as coisas pra mim, já te disse que eu não tenho nada pra te contar, eu mudei pra cá e minha vida é essa que você tá vendo - Matheus dizia isso com um sorriso no rosto, Luana reparava muito nos seus detalhes, mas era uma pessoa convincente.
- Olha, eu só não acho que queira ficar ouvindo eu falar esse tipo de coisa.
- Se você não me disser, você não vai saber.
- Tá, mas se você disser isso para algum dos seus amigos, eu vou te matar 1 Matheus apenas revirou os olhos - Lembra do Augusto?
- Aquele que era da minha sala?
- Esse mesmo, bom, a gente meio que tem um lance faz uns 3 anos.
- E é só isso?
- Bom... Não era nada demais, a gente se encontrava, ficava e depois ele ia embora, mas depois não era só isso, a gente passava horas deitados conversando sobre nós, eu sentia que era amor, que ele gostava de mim, que ele era a primeira pessoa a realmente gostar de mim... mas parecia que ele tinha vergonha da minha pessoa.
- E por que ele teria vergonha de você?
- Não sei, era o que me parecia - deu de ombros.
- Continua - Matheus acendeu o baseado, dando uma longa puxada.
- Af, já cansei dessa história - Luana pegou o baseado das mãos de Matheus e ele apenas arregalou os olhos a vendo fumar.
- Você é folgada pra caralho, tua sorte é que eu gosto de você - ele tomou uma pedra do meio fio e a atirou no meio da rua - mas agora que você começou, você vai terminar.
- Ai Matheus, caralho... - ele sorriu - depois que a casa onde eu morava pegou fogo, eu passei pouco mais de um mês na casa da minha mãe antes de vir embora, o Augusto foi lá pelo menos duas vezes na semana, mas na última vez que ele apareceu, eu o contei que estava de mudança e ele surtou...
*Flashback*
- Mas por que você tá falando que vai embora? assim, sem mais nem menos?
- Augusto, você viu o que aconteceu com a minha casa? eu quero mudar de vida logo, já que eu fui obrigada...
- Mas você pode recomeçar aqui, poxa.
- Eu não tenho mais estruturas para aguentar esse lugar, Augusto, eu não tenho mais nada, eu não tenho nada que me prenda aqui.
- Você tem eu!
- Desde quando? - Luana sentiu seu olho encher de lágrimas - olha para nós dois, estamos nus enquanto discutimos, acabamos de nos amar nessa cama, mas é só nessa cama, o que te faz me prender aqui além disso?
- Eu gosto de você, eu amo você...
- Mas isso não é o suficiente! - ela apontou o dedo na cara do garoto - o amor não te exclui, o amor não te usa, ele não te esconde, não tem vergonha de você...
- Eu não sinto vergonha de você, Luana, caralho...
- Então por que você finge que não me conhece quando tá na rua? Quando você anda com outras garotas além de mim? Por que estamos 3 anos fazendo essa mesma merda de sempre? POR QUE?
- Eu não sei! PORRA, eu não sei! - Augusto procurou suas roupas no chão e as juntou em cima da cama, colocando peça por peça - eu não vou insistir pra você ficar, você deve viver o caralho da sua vida do jeito que você quiser...
- Não era você o motivo de eu continuar aqui?
- Eu não sou, você me disse que não sou...
- Augusto... você...você sabe que é só você me pedir, você sabe.
- Fica? - Augusto a puxou pela cintura a mantendo perto dela.
- Não assim... pede...
- Eu não vou fazer isso, Lu, não posso.
- Não pode ou não quer?
- Não... só não - ele colocou seu boné na cabeça e abriu a porta do quarto.
Luana saiu feito um furacão, abriu o portão com uma raiva absurda de Augusto, e esperou que ele pegasse sua bicicleta para sair.
- Você vai voltar para se despedir?
- Quando vai?
- No início da semana que vem.
- Eu volto...
*Flashback*
- E ele não voltou, depois disso enviei um texto para ele no ônibus ainda, implorando para que ele tivesse consideração pelo meu amor, e o quanto eu o amava, mas que estar vivendo aquilo estava me machucando... E agora eu estou aqui, contando a história para uma pessoa que eu odeio.
- Ainda nessa de odiar?
- Faz parte - ela deu risada dando um tapa no ombro de Matheus.
- Pelo menos você já está rindo - ele sorriu - você fez o certo, Lu, se algo não cabe a você, ou não é o suficiente pra você, o melhor é a distância.
Luana permitiu que sua cabeça descansasse sobre o ombro de Matheus, o fazendo sorrir e ela também. E permaneceram assim por mais alguns minutos.
- Sei de uma coisa que vai melhorar seu dia, espera ai um pouco - ele levantou e foi correndo para virar a esquina, em minutos voltou com uma moto que parecia ter acabado de sair da concessionária.
- Hahaha, onde vai me levar?
- Sobe ai, prometo que vai ser da hora.
- E o capacete?
- Sobe logo, minha filha, sobe!
Luana obedeceu e logo Matheus deu partida, subindo a favela onde eles moravam, até chegar no fim de um beco.
- Vem, agora é só subir essa escada.
No ultimo degrau, Luana já não se lembrava mais nem como era respirar, mas a sua recompensa estava logo a frente, uma vista linda, luzes por todos os lados, dava para ver pelo menos mais da metade de São Paulo dali.
- Foda! - comentou.
- Demais! Agora esse lugar é seu, sempre que se sentir mal, te dou toda a permissão de vir para cá e fazer o que quiser, só não esquece nunca de apreciar a vista e lembrar muito bem de mim!
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Vista do alto da favela - Mc Don Juan.
FanficLuana é uma menina simples, se esforçando desde muito nova, sua vida sempre foi trabalhar, estudar e se dedicar a sua paixão pelo movimento Hip Hop. Após um incêndio atingir sua casa no Litoral de São Paulo, Luana decide mudar para a capital na espe...