IV

354 60 38
                                    

No dia seguinte lá estou eu me arrumando para o encontro com o meu vizinho. Combinamos de ir ao parque de diversões e com isso tive que pedir folga no meu trabalho, iria compensar depois.

Ontem o Kashimo apareceu no trabalho bem na hora da dançarina mascarada e novamente tentou falar com ela, solto um suspiro pesado tendo o pressentimento de que tem algo de errado nessa história. Ele foi sozinho, os outros dois não colocaram os pés lá e pelo que eu entendi, Hajime nem ao menos apareceu no bar para dar um 'oi' para mim.

Joguei a jaqueta de couro em meu ombro e peguei meu celular junto com as chaves de casa. Não precisava levar maquiagem pois somente um gloss e rímel era adequado para um passeio como esse. Fui até a porta de entrada e lá estava ele prestes a tocar a campainha, me olhou de cima a baixo e abriu um sorriso.

— Vamos ?

— Claro — Retribui o sorriso e fomos até o seu carro.

Pelo que eu tinha visto alguns dias atrás, Kashimo tinha uma moto e um carro, ambos estacionados em sua garagem, mas pelo jeito no dia a dia ele opta pelo veículo de duas rodas. Abriu a porta para mim e eu agradeci entrando, coloquei o cinto de segurança e o mesmo logo sentou-se ao meu lado já dando partida com o carro.

Colocou uma música na rádio e ficou batucando no volante com o ritmo, era 24k do Bruno Mars. Logo o mesmo começou a cantar junto e balançava a cabeça enquanto lançava alguns olhares para mim, dei uma risada com suas palhaçadas e resolvi cantar junto com ele.

— Gosta do Bruninho? — Me questionou

— Sim — Cantei o refrão para ele — Conheço quase todas as músicas dele

— Deixa eu adivinhar, sua música favorita deve ser Just The Way You Are.

— Isso é quase uma ofensa apesar da música ser muito boa — Soltamos uma risada juntos — Mas não, minha favorita é Gorilla.

— Que porra de música é essa? — Pegou o celular procurando no Spotify.

— Pensei que conhecesse — Ele negou e colocou para tocar através do celular e desligou o rádio do carro.

Ficamos em silêncio ouvindo a música, em alguns momentos eu prendia a respiração por lembrar do clipe e me questionar se ele talvez não estivesse me testando e já soubesse que eu sou a mascarada. Quando a música termina, ele permanece calado por alguns segundos antes de dizer algo.

— Essa música é muito boa — Olhou novamente para o nome da canção e sorriu — Talvez eu falasse com a dançarina para ela acrescentar essa no espetáculo.

— Ah... Não pode — Desviei meu olhar do dele e ele tombou a cabeça para o lado. Era desconfortante saber que ele estava interessado mais pela mascarada do que em mim, mesmo nós sendo a mesma pessoa — As músicas definidas permanecessem como fixas por três meses.

— Mas eu já posso indicar para a próxima troca — Deu de ombro antes de desligar o motor e eu notar que havíamos chego — Vem, vamos comprar os ingressos.

Saímos do carro e fomos até a bilheteria em que tinha uma pequena fila, Hajime comprou dois ingressos e fomos caminhando para conhecer o local. Tinha vários brinquedos interessantes, escolhemos primeiro a roda gigante onde tinha uma quantidade considerável de pessoas, o rapaz que estava com seus fios de cabelo solto revirou os olhos mas foi comigo sem reclamar.

Depois de uns dez minutos esperando, logo a nossa vez chegou e o moço nos passou as orientações. Eu me sentia uma criança de tão animada, era meu brinquedo favorito e meu sorriso era enorme. O rapaz de cabelo ciano olhava para as pessoas abaixo de nós virando formiguinhas.

𝑇𝐻𝑈𝑁𝐷𝐸𝑅 - 𝐻𝑎𝑗𝑖𝑚𝑒 𝒦𝑎𝑠ℎ𝑖𝑚𝑜Onde histórias criam vida. Descubra agora