XIII

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Durante a semana, Hajime continuou aparecendo em minha casa. Seja no café da manhã, almoço, lanche ou janta, ele não me dava sossego. Eu não entendia bem qual era o objetivo dele com isso, mas estava acostumada com o mesmo a todo custo entrar em minha casa. Passei a fechar a janela do meu quarto, mas não adiantou pois ele começou a pular a janela do quarto de hóspedes... Isso quando ele não se aproveitava dos momentos que eu abria a janela da cozinha para sair o ar quente e se jogava de uma vez.

— Que mania ridícula que você tem de pular as minhas janelas.

— Você não abre a porta.

— E você não aperta a campainha como uma pessoa decente — Peguei minhas coisas e coloquei na bolsa.

— Você irá sair?

— Sim — Verifiquei se havia desligado as luzes e caminhei até a porta — Geto me chamou para sair e hoje é meu último dia de férias.

— Entendo — Colocou as mãos no bolso da calça e foi para o lado de fora da minha casa enquanto me analisava fechar de chave — Então irei com você.

— Não — Semicerrei o olho — Não sei quais suas intenções com isso, mas chega.

— Então deixa que eu te levo, posso pegar meu carro e...

— Não mesmo, essa é uma das suas tentativas de ir até o local e depois se auto convidar.

Não dando tempo para ele reagir, peguei o primeiro táxi que apareceu, falei o endereço ao senhorzinho e deixei Hajime parado na calçada me observando distanciar dele. Solto um suspiro me encostando no estofado macio do carro e fecho os olhos. Que sensação estranha, é como se algo estivesse para acontecer.

*Quebra de tempo*

Ao chegar no restaurante, vejo o moreno sentado na mesa à minha espera, iríamos almoçar juntos finalmente. Ultimamente estava difícil arrumar um tempo para mim, o tempo todo havia imprevistos e reuniões marcadas de última hora.

Selamos nossos lábios e procurei ver algo que me agradasse no cardápio. O garçom se aproximou enchendo minha taça de vinho e logo nos dando licença assim que anotou nossos pedidos.

— Como esta a vida sendo paparicada pelo seu vizinho?

— Que linguajar de velho é esse? — Dei uma risada — Eu não sei qual é a dele, o tempo todo insiste em aparecer lá em casa e vai embora quando estou prestes a dormir, me sinto como se estivesse sendo vigiada.

— Ele está fazendo isso? — Suguru riu imaginando a situação e logo depois levando o vinho aos seus lábios — Sabe o motivo?

— Me infernizar? — Experimentei a bebida alcoólica e o gosto doce desceu pela minha garganta — É a única coisa que consigo imaginar.

— Você é mais ingênua do que eu pensei, boneca — Pegou o celular por alguns instantes enquanto eu o observava atentamente — Olha.

Suguru me mostrou a tela do seu celular em uma certa conversa, ao olhar o nome da pessoa, era Hajime. As mensagens eram simples mas vindo dele eu consigo imaginar o tom ameaçador, dizia para o Geto não brincar comigo e muito menos me magoar. Por um segundo prendo minha respiração e encaro os olhos do mais velho.

— Ele não pode estar falando sério.

— Digamos que ele esteja arrependido do que fez e talvez... Só talvez, esteja querendo recuperar a mulher que perdeu.

— Pare com isso — Vejo nossos pedidos chegando e começo a retirar os talheres com delicadeza.

— S/n — O mais alto chamou a minha atenção e me fez olhar em seus olhos, ele tinha um sorriso nos lábios — Você ainda gosta dele?

𝑇𝐻𝑈𝑁𝐷𝐸𝑅 - 𝐻𝑎𝑗𝑖𝑚𝑒 𝒦𝑎𝑠ℎ𝑖𝑚𝑜Onde histórias criam vida. Descubra agora