Viagem por GreenHill

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Então, o homem civilizadamente respondeu: — Não estou com ele, senhor. Apenas meu mestre está interessado em sua captura. Como você foi o último a vê-lo, gostaria de saber se estaria disposto a comparecer em uma reunião com o meu mestre. E caso seja bem-sucedido, ele irá recompensar devidamente.
Senka animado, então o respondeu — Calma aí, meu nobre, de que tipo de recompensa estamos falando?
— Serão 20.000 para o senhor Helv e seu irmão, Kenneth, no caso — disse o homem.
Senka então respondeu rapidamente: — Estou dentro, nem adianta me tirar dessa, por 20.000 moedas de ouro eu faço qualquer coisa.
Knight resmungou com a resposta de seu amigo. Kenneth então disse: — Também não acho uma má ideia levar o bicho-pau e o ferrugem. Ter uma linha de frente não é tão ruim assim.
Helv não gostou muito da ideia, porém aceitou, por mais que aquela oferta fosse muito suspeita. A necessidade de dinheiro falou mais alto que a razão.
— Está decidido. Meu nome é Sir Hector, me encontrem em frente a esse bar amanhã pela manhã às 5:00.
Kenneth logo reclamou — 5:00?! Porra, cara, não vou nem dormir direito.

Algumas horas se passaram e Kenneth estava no quarto com seu irmão, enquanto movia uma carta entre os dedos, deitado em sua cama. Kenneth perguntou ao seu irmão — Olha, agora sabemos que aquele cara realmente tinha algo estranho. Além dele estar com o livro do nosso pai, está sendo procurado por um nobre? Será que ele também está atrás do livro do nosso pai? Será que aquele cara tem algo a ver com aquelas silhuetas encapuzadas?
— Não sei, Kenne. Só sei que quero respostas, nada, além disso — respondeu Helv enquanto lia seu grimório.
— Ah, nem fodendo, 20 mil moedas de ouro, vai me dizer que tu não estás interessado nisso?
— Não — Helv grosseiramente.
— Você é sem graça. Com esse dinheiro, a gente vai poder comer qualquer coisa.
— Tão jovem para ter essa sede por bordéis — disse Helv zoando seu irmão.
— Aí eu não estava falando disso! Se bem que não é uma má ideia...
Os dois riram juntos em um clima tranquilo e amistoso.
— Aquele homem, Hector, ele possui uma mana estranha... você percebeu isso? — perguntou Helv.
— Claro que não. Estava pensando no que fazer com o dinheiro depois que eu espancar aquele velho que está com o nosso livro.

Dado o certo horário, eles caminharam em direção à frente do bar, que de longe conseguiram avistar Senka e Knight de pé conversando animadamente com mochilas de couro nas costas.
— Olha só, parece que chegaram mais cedo igual a gente — disse Senka.
— Teríamos chegado mais cedo se o Kenneth não ficasse mais de 10 minutos no banheiro — comentou Helv com uma voz decepcionada.
— Eu falei que odiava comida picante — disse Kenneth retrucando.
— O ruivinho não deveria estar aqui? — perguntou Knight, porém, no instante em que ele falou, todos viram uma carroça bem mais elegante que o normal, com cavalos-brancos em sua frente e Hector em seu comando. Ele olhou seu relógio e disse: — Estão na hora certa, cavalheiros... podem subir.
Senka pulou rapidamente para a carroça e logo se aconchegou ao lado de um barril que ali havia. Todos sobem e se acomodam da melhor maneira possível, dada a precariedade.
— Não deveria ser uma carroça pelo menos com bancos? — perguntou Kenneth indignado.
— Não imaginei que viriam mais senhores além de vocês dois — se referindo a Helv e Kenneth.
— Tive que providenciar um meio de transporte mais adequado para a situação — disse Hector.
— Pelo menos só estamos com dois animais a bordo — disse Senka gargalhando. Kenneth respondeu com uma cara emburrada e um dedo do meio. A viagem já se passara um dia, e eles estavam no meio de uma estrada de terra em uma floresta com árvores grandes e muitas irregularidades no terreno. Mas a floresta, por mais que bonita, parecia não haver vida, nenhum ser vivo ali residindo. Nem os pássaros cantavam enquanto eles passavam.
— Só para saber, onde estamos, o senhor ruivo - perguntou Kenneth.
— Estamos em GreenHill, senhor — respondeu Hector.
Kenneth se viu entediado de passar a viagem jogando cartas para cima, Helv continuou lendo como sempre, Senka afiava uma de suas facas e Knight sentado de braços cruzados sem dizer uma sequer palavra desde quando chegaram ali.
— Aí, grandão, por que você nunca tira essa armadura? — perguntou Kenneth de forma inocente.
Senka então o respondeu rapidamente: — Ele é feio e cheira mal, por isso ele não tira, ele só tem vergonha — riu de canto de boca ao depreciar o companheiro.
— Vai se foder orelhudo, não devo explicação para magos — replicou Knight com uma voz grossa e irritada.
Senka então, de uma forma bem sorrateira, puxou uma das mãos de Knight que saíam com facilidade. Kenneth se espantou, pois não havia uma mão debaixo da armadura.
Kenneth gritou: — Cadê sua mão?! Você não tem mão? Que porra é essa?!
Knight pegou sua mão de volta e a encaixou no lugar, enquanto Senka ria sem parar.
Helv então respondeu calmante enqunto ainda lia seu livro — Ele é uma alma presa na armadura, idiota.
— E como eu ia saber disso, porra? — indagou Kenneth indignado.
— Simples, na luta contra o Ogro ele não espirrou uma gota de sangue, além de não demonstrar dor nenhuma em receber um ataque forte de cima. No bar, ele não bebeu nem comeu nada, e se você perceber, ele não possui olhos por trás das fendas no elmo da armadura.
— Eu só pensei que ele não estava com fome —Kenneth o respondeu de forma duvidosa.
— Eu estou com fome, sim, fome de dilacerar pessoas que continuam falando sobre mim e ainda por cima usam magia — Knight disse isso com uma voz grossa e firme.
Senka então retrucou na hora — Cai dentro, então, vem na mão, no soco, duelo "honesto".
— Bora? — perguntou Knight.
— Nah, só ano que vem. Hoje eu estou com dor nas juntas e também estou malhando — falou Senka ironicamente.
— Não parece que você malha, bicho pau — disse Kenneth rindo da cara do elfo.
— Cala boca azulado, seu pai devia ser um vento que entrou pela virilha de sua mãe e nasceu você — implicou Senka.
Antes que Kenneth pudesse responder, puxando uma carta do tempo e a energizando com mana, Helv o interveio e disse — Já deu, né? Vocês estão me atrapalhando a ler aqui-.
Então, os outros três interromperam Helv ao dizerem de forma sincronizada — Foda-se?

Contos de ElísiaOnde histórias criam vida. Descubra agora