Convenção Direta

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- Então conseguiu alguma coisa, menino prodígio? - perguntou Senka enquanto se deliciava com o pão fresco em suas mãos e as guloseimas na bandeja ao lado.
- Bom, Sylas disse para eu tentar falar com eles e é isso que eu vou fazer - Helv usava os talheres meticulosamente, enquanto Kenneth ao seu lado dispensava o uso desses e comia com as mãos sobre a mesa, que era julgado por seu irmão por se comparar a um animal selvagem em seu habitat natural.
Deny, que apenas se refrescava com uma cerveja pela manhã, disse: - Esse lugar é grande demais, como conseguem ter tanta gente e tanta comida?
Deny olhava ao redor mais uma vez admirando a quantidade de soldados e os banquetes infindáveis pelas mesas retangulares.
- A cozinha daqui é maravilhosa. E também para alimentar um exército precisam de espaço - disse Kenneth de boca cheia o que rendeu uma cotovelada de seu irmão no braço, que fez cara feia ao sentir a dor.
- E Knight está aonde exatamente? - perguntou Deny olhando ao redor e então virou o líquido de seu copo por inteiro.
- Ele não saiu do quarto eu acho - disse Helv se levantando da mesa, pronto para partir - Ele provavelmente não veio para cá, porque tem magos demais reunidos em um único lugar. Eu vou resolver o problema da reunião e falo com vocês.
Kenneth ainda entretido na sua comida, só parou para gesticular um joinha, mas rapidamente voltou de onde havia parado.
Senka apenas continuava olhando inexpressivo para comida, perdido em pensamentos. Deny, por outro lado, estava distraído com a quantidade de homens e mulheres atraentes que entravam e saíam naquele lugar.

Helv se dirigia a sala de Arthur enquanto lia seu grimório e ao chegar em frente aquela porta grande e marcante, respirou fundo fechando brevemente os olhos e então bateu à porta. Uma voz grossa e alegre o respondeu, dizendo para entrar. Porém, ao adentrar o cômodo, um rosto estranho o recepcionou, o qual estava acomodado e fumando calmamente na cadeira em frente a Arthur. Essa figura desconhecida trajava roupas simples e casuais da realeza e seus cabelos loiros brilhantes, que batiam em seus ombros, contrastavam com seu semelhante rígido.
- Olá, Helv. Deixe-me lhe apresentar um dos meus comandantes, Hendric Wallgrand. O líder e treinador dos sentinelas, responsável pela segurança e administração da cidade.
O sorriso de Arthur era tão brilhante que disfarçava o fato de Hendric estar olhando para Helv com desprezo nítido, o qual estava em silêncio esperando Helv ter algum tipo de reação. Porém, tudo aquilo só o deixava desconfortável e o que ocasionou um silêncio constrangedor, que por sorte foi quebrado pela infinita animação de Arthur.
- Vocês jovens são muito energéticos. Então, senhor Helv, em que posso ajudá-lo?
Ele tossiu um pouco e ajeitou suas vestes antes de dizer: - Quero que meu grupo e eu participemos da próxima reunião.
Hendric retirou o cigarro de sua boca e o respondeu com um olhar sério e tom de voz cortante - Nem pensar, moleque.
Helv direcionou seu olhar ao desconhecido e parou por um instante diante daquela injustiça.
- Nos temos esse direito. Eu tenho as duas coisas que impedem a Ruína de ganhar essa guerra e elas não estão na posse de vocês. Portanto, eu pretendo colaborar, mas quero estar na reunião.
Hendric se levantou subitamente e foi em direção a Helv, que com um trago, soltou toda a fumaça em seu rosto antes de dizer - Quem você acha que é, para chegar aqui exigindo algo? Acha que tudo não passa de uma brincadeira?
Helv controlou cada célula de seu corpo para manter a compostura e não o socar naquele momento.
- Não, senhor. Por não achar isso, por ver o quanto vocês prezam pela justiça, que não acho injusto minha proposta. Querendo ou não, sou um aliado valioso devido aos meus recursos.
- Isso não é problema, não tenho nenhum escrúpulo em ter que tomar esse bichinho de você.
- Chega - disse Arthur pela primeira vez com um semblante sério -Vocês podem participar, mas não atrapalhem.
- O quê?! - disse Hendric, virando a cabeça rapidamente na direção de Arthur - Você está mesmo querendo colocar crianças no meio disso?
- Deixe isso de lado, Hendric. Além disso, o garoto tem bons argumentos. Apenas os deixe ouvir.
- Você está arriscando vazar nossas informações para crianças que não conhecemos. Sua relação com a Ruína ainda é um completo mistério - falou Hendric calmamente, expondo racionalmente seus motivos para não os querer na reunião.
- Sylas confia neles, então eu também confio. Você confia em mim, não é?
Hendric exalava raiva, porém controlou o seu temperamento e abaixou a cabeça em um aceno respeitoso.
- Você já sabe a resposta.
Rapidamente um sorriso se abria novamente no rosto de Arthur, que se levantou da mesa em euforia.
- Podem participar, garoto.
Helv manteve sua felicidade sob controle e apenas agradecia antes de sair da sala trocando olhares afiados com Hendric.

Contos de ElísiaOnde histórias criam vida. Descubra agora