Capítulo Vinte e Quatro

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° Capítulo 24 °

Essa sou eu
Caçada
Não é isso que você quer?

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Existem pessoas que sempre vão se importar mais com outras do que consigo, sempre vão achar que os problemas dos outros são maiores que os seus, que seu sofrimento é pouco comparado ao do resto do mundo, e essas pessoas normalmente são as mais fortes e as que mais sofrem.


Não é ele, Liliane! Você precisa parar. Nós estamos bens, estamos seguras, eu juro para você, nunca mais deixarei ninguém tocar em você. Nunca mais alguém tocará em nós. Me ouça! Eu não consigo.

- Para! Por favor para! Eu juro que nunca mais nos aproximamos de você, ninguém vai saber disso, só para! - Ele suplicava com sua voz baixa e trêmula, estava ajoelhado no chão enquanto seu melhor amigo estava em baixo de mim com seu rosto banhado em sangue e com minhas mãos envolta de seu pescoço a quase um minuto, estava quase sufocando, mas eu não conseguia soltar, por mais que eu tentasse simplesmente não dava, pois em minha mente estava com as mãos na garganta do homem que me violentou, estava aproveitando a oportunidade de mata-lo novamente.

- Lilian! Lily, chega. Solta ele, amor, vem comigo... Por favor! - Não a ouvi se aproximar, sua voz me fez amolecer o aperto no pescoço de Chris que finalmente pode respirar um pouco, mas ainda com dificuldade.

Suas mãos encostaram em meu corpo com cuidado porque antes mesmo de sentir o contato se aproximando eu já passei a tremer. Deixei ela me tirar daquele lugar, o que ela fez com extrema facilidade evitando qualquer grupo de pessoas, depois perdi a noção de onde estávamos exatamente, não sei por quanto tempo caminhei ao seu lado e nem sequer sei o exato momento em que saímos da escola, mas ali estávamos nós, sentadas frente a frente em um penhasco em completo silêncio. Os olhos de Rosalie estavam inteiramente pretos de fome, seu olhar transmitia sua perturbação.

- Como suportou ficar tão perto de sangue sem se descontrolar? Você não caça a algum tempo...- Não penso muito antes de perguntar, afinal nem sequer conseguia pensar, estar dentro da minha própria mente era insuportável para mim, ela havia se tornado totalmente inabitável.

- Se eu não tivesse intervido você teria o matado? - Sua resposta tinha semelhança com uma pergunta, uma pergunta que realmente não estava interessada a responder.

- Provavelmente sim. - Sussurro me sentindo asfixiada, sem ar. Talvez eu não merecesse estar respirando. - Agora já sabe o motivo pelo qual fui expulsa da minha antiga escola. - Sorrio sem sentimento abaixando a minha cabeça para não ver seu provável desapontamento.

- Foi difícil. Uma nativa em uma escola cheia de brancos? Claramente seria um inferno, então nas duas primeiras vezes foram apenas alguns afastamentos e punições simples, afinal a diretora gostava da minha presença e da minha... Responsabilidade em certas coisas, porém tudo tem um limite, que meu sangue maldito me fez ultrapassar. Eu até poderia usar como justificativa o fato de que não tive uma semana sequer na tribo para aprender a me controlar, mas eu tive quem me ensinasse e ele ensinou muito bem, no entanto ainda sim não foi o suficiente. Simplesmente eu não consigo, não quando toca nesse assunto, não quando realmente me sinto... Ameaçada. - Rose me ouvia atentamente enquanto falava, não ousou dizer nada, apenas me incentivava a continuar com seu olhar.

- Minha mãe morreu em um acidente de carro quando eu tinha apenas 9 anos, ela e meu p... Ela e Billy estavam dentro do carro. Estavam voltando da cidade a noite quando um animal entrou na frente, bem típico, eles capotaram e caíram na floresta, minha mãe não resistiu enquanto meu pai sofreu uma fratura que o deixou paralítico, isso destruiu minha família. Minha mãe era a base da família Black, ela fazia tudo funcionar, ela que mantia tudo no lugar, quando ela morreu uma parte de todos nós foi junto, no caso do pai parece que tudo de bom nele foi junto com ela. Minhas irmãs não suportariam ficar presa naquela casa, tinham um enorme futuro pela frente para abandonar tudo para cuidar de duas crianças e um inválido, então depois de duas semanas do enterro a carta da faculdade chegou e não houve discussão que as fizeram ficar, consequentemente restou apenas eu e Jacob, uma criança de 6 anos. - Engulo o seco lembrando de todas as humilhações que me permiti passar naqueles 6 anos que passei dentro daquela maldita casa.

Alma Quente E Pele Fria - Rosalie HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora