Prólogo

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 Prólogo

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Prólogo

2006


"Toda separação é triste. Ela guarda memória

de tempos felizes (ou de tempos que poderiam

ter sido felizes...) e nela mora a saudade."

– Rubem Alves


O gosto amargo do café ainda estava em seus lábios, a forma como as palavras foram jogadas sobre ele ainda pesavam e Keisuke gostaria de não lidar com aquilo, mas ele precisava. Precisava, por ela, sua pequena irmã de seis anos que necessitava que ele fosse um adulto.

Quando era só um adolescente emancipado de 16 anos, ao qual a mãe de ambos morreu num acidente de carro e havia deixado um testamento, com documentos para emancipação de Keisuke e lhe dando a guarda da irmã menor.

Um dia atrás ele era só um adolescente e agora era um fucking adulto perante a lei.

O gosto do café continuava amargo pela segunda vez, mesmo tendo virado meio pote de açúcar nele, não fazia diferença, Keisuke não conseguia tirar aquele gosto dos lábios.

— Cabe a você ser responsável pela educação, saúde e bem-estar de sua irmã menor. — O advogado público lhe reforçou, olhando para a menina ao lado de Keisuke.

Ela se encolhia e apertava mais a pelúcia em formato de gato, presente da falecida mãe deles, enquanto segurava a manga da jaqueta do irmão mais velho.

— Entendi, algo a mais? — A voz de Keisuke soou amarga demais, mais do que ele gostaria que fosse.

— A mãe de vocês deixou dinheiro para ambos e um fundo para faculdade de cada um, como você é emancipado Keisuke-kun, tem acesso já a seu dinheiro, porém Megumi-chan terá que esperar completar 18 anos para poder requerer seu dinheiro. — Completou, arrumando a armação do óculos e suspirando, tinha mais sete reuniões naquele dia e lidar com órfãos era cansativo. — Fora isso acabou, estou me retirando.

— Sabe onde é a porta. — Não era uma pergunta e muito menos algum comentário amigável, era apenas uma resposta curta a tudo que o homem havia lhe dito.

— Muito bem, se cuidem. — Disse sem realmente se importar, saindo do local e deixando os irmãos sozinhos. Pobres crianças, provavelmente acabaria tendo que defender algum deles no tribunal algum dia, claramente seriam criminosos algum dia, crianças nascidas naquele bairro não eram grande coisa.

Nunca foram.

Dentro do pequeno apartamento, Keisuke suspirava pesadamente antes de se virar para a irmã menor, abrindo um sorriso cansado para a mesma, antes de afagar os cabelos pretos da garota. Os olhos escuros e as pressinhas pequenas apareceram quando ela abriu a boca, para dizer finalmente alguma coisa, dês que o advogado tinha aparecido.

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