𝘀𝗲𝘃𝗲𝗻𝘁𝗲𝗲𝗻

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— 𝗦𝗲𝗺𝗽𝗿𝗲. — 𝗔𝗻𝗻𝘆 𝗱𝗶𝘇

Sinto um quentinho no coração ao ouvir isso, especialmente vindo da Alane. Ela conhecia Giovanna havia mais tempo do que os outros. Ela morou com a família dela durante o primeiro ano do programa de intercâmbio. Giovanna foi a primeira pessoa que conheceu quando chegou em San Lourenço, e ela lhe mostrou a cidade. A mãe dela esperava que isso pudesse ajudá-la a melhorar seu inglês.

No dia seguinte ao funeral, ela passou na minha casa para me dar sopa e chá, mesmo que eu tenha ignorado todas as mensagens dela.

Davi e Anny se mudaram para cá há alguns meses. É o primeiro ano deles no estado. Nós temos outros alunos estrangeiros.

Davi me passa outro Kit Kat e se inclina para perto de mim.

— Se precisar de qualquer coisa, é só avisar — ele sussurra. —Pode contar com a gente.

Não sei o que mais dizer a eles, a não ser:

— Obrigada.

Cutuco minha salada com o garfo enquanto continuamos a comer em silêncio. Bem mais tarde, meio que do nada, digo a todos na mesa.

— Acho que a Giovanna ia ficar feliz de saber o que vocês disseram dela. — Tenho certeza de que é verdade. E pretendo contar a ela mais tarde.

Depois que as aulas acabam, corro até meu armário para pegar minhas coisas. Estou tentando não encontrar com ninguém. Só quero ir para casa e ligar para a Giovanna assim que chegar ao meu quarto. É o que nós combinamos. Enquanto estou ali parada, sinto uma presença atrás de mim. Alguém cutuca meu ombro.

— Vanessa?

Eu me viro e encontro. É a Beatriz, melhor amiga da Giovanna, um pouco perto demais. Ela está vestindo seu casaco esportivo azul da escola e a mochila pende de um ombro só.

— Você voltou mesmo...

— Precisa de alguma coisa?

— Queria dar oi.

— Ah. Oi - digo depressa. Eu me viro para o armário e pego outro livro, na esperança de que ela se toque.

Beatriz não sai do lugar.

— Como você tem estado?

— Bem.

— Ah... — Ela espera que eu diga mais, mas não falo nada.

Talvez estivesse esperando uma resposta diferente.

Não estou a fim de ter essa conversa agora. Especialmente com ela. Mas ela continua falando.

— Que semana foi essa, né?

— Pois é.

— Tem certeza de que está bem? — Beatriz pergunta de novo.

— Eu disse que estou bem.

Não quis ser grossa de propósito. Mas Beatriz e eu nunca fomos boas amigas, apesar do relacionamento dela com Giovanna. Sempre existiu uma tensão entre a gente que nunca entendi completamente.

Sempre pareceu que nós duas competíamos pela atenção de Giovanna.

Já houve um tempo em que eu quis conhecer Beatriz. Sempre que estávamos juntos com Gio, lembro que tentava puxar assunto com ela, mas ela nunca me dava papo ou então fingia não ouvir.

Ela chamava Giovanna para ir a algum lugar e dizia que não tinha espaço no carro dela ou um ingresso extra para mim. Então, foi mal se não estou no clima para bater papo.

Especialmente agora que Giovanna não está mais aqui. Não preciso ser amigável. Não devo nada a ela.
Além disso, Beatriz era uma das pessoas que estavam na fogueira aquela noite. Talvez seja disso que ela queira falar. Não estou atrás de confrontos agora. Eu fecho meu armário.

— Tenho que ir.

— Mas eu esperava que a gente pudesse conversar ou algo assim — ela diz, um tanto quanto tensa.

— Não estou com tempo agora. Desculpa. — Vou embora sem dizer mais nada.

— Espera... Só um segundinho?

Continuo andando.

— Por favor — grita atrás de mim. Sua voz tem um tom cortante e ferido que me atinge e me faz parar.

— Por favor... — ela diz de novo, de um jeito quase desesperado desta vez.

— Não tenho mais ninguém com quem falar.

Eu me viro devagar. Ficamos ali parados, olhando uma para a outra enquanto as outras pessoas passam direto por nós. Agora que estou olhando para ela, consigo ver a dor em seu rosto. Ela também perdeu Giovanna.

Só que não tem a mesma ligação que eu tenho com Gio. Dou um passo na direção dela, encurtando a distância entre nós, e sussurro.

— Tem a ver com a Giovanna?

Beatriz faz que sim.

— Ninguém mais entende — ela diz e se inclina para perto de mim. — Por que isso tinha que acontecer com ela, sabe?

Eu toco o ombro dela e sinto como está tensa. É como se estivesse guardando alguma coisa. Nenhum de nós diz mais nada porque não precisamos. Pela primeira vez, é como se nos entendessemos.

— Eu sei... — digo.

— Estou bem feliz que você voltou — Beatriz fala. — Foi estranho não ter você por perto também. —

Então, de repente, ela me envolve com os braços e me abraça apertado. Sinto na bochecha a maciez do couro do casaco dela. Costumo me esquivar desse tipo de afeto, mas, para esta ocasião, eu permito.

Nós duas perdemos alguém que amamos. Depois de um tempo, Beatriz se afasta e endireita a mochila. — Tudo bem se eu te mandar uma mensagem qualquer hora? Só pra conversar?

— Claro que sim.

Beatriz sorri.

— Obrigado. Vejo você amanhã.

Eu a vejo desaparecer no corredor. É quase como se tivéssemos acabado de nos conhecer. É cedo demais para dizer se Beatriz e eu podemos ser amigas depois de tudo isso, mas pelo menos, no mínimo talvez as coisas sejam diferentes.

 É cedo demais para dizer se Beatriz e eu podemos ser amigas depois de tudo isso, mas pelo menos, no mínimo talvez as coisas sejam diferentes

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Voltei voltei ! obrigado por quem está lendo ❤️

Cap revisado! ❤️

Gente Anny é apelido para a Deniziane tabom amores

bjos bjos 💋💋💋

remember the stars, 𝗴𝗶𝗻𝗲𝘀𝘀𝗮.Onde histórias criam vida. Descubra agora