Já era de madrugada, eles estavam muito distante do acampamento, não se ouvia mais barulho de homens, somente o som da natureza, estava escuro, muito escuro, já fazia algumas horas que estavam próximo a um riacho, fizeram um fogueira, Jacob não conseguia esconder o medo que sentia, escutava sons por todos os lados, mas não pensava nos cinzentos, ele sabia do perigo que era estar sozinho no meio da floresta à noite, junto com os animais, e qualquer outro tipo de vida que são extremamente perigosos, "cobras... elas são noturnas" pensava ele, escutava sons na mata, para onde olhava um escuridão, e ele estava no centro da única fonte de luz, qualquer coisa poderia vê-los, mas eles não veriam ninguém. Elizabeth por sua vez, não sentia medo, seu olhar estava vazio, olhava para a fogueira e não se mexia, ela não estava sentindo medo por mais perigoso que fosse estar ali, ela estava em choque pela morte do pai, viu seu pai morrer na sua frente, ser atingindo por uma bala no meio do peito, pelas costas... Eles não conversavam, pelo pior que fosse, Jacob sabia que não deveria, ela estava de luto, sem perceber Jacob adormeceu, já fazia horas que lutava contra o sono.
Quando acordou no susto, o dia já estava claro, ouvia-se os sons dos pássaros, a fogueira estava apagada, Elizabeth havia sumido.
— Elizabeth! — gritou ele — Elizabeth!
Nada. Ele se levantou olhou ao redor, havia uma grande rocha riacho acima, então ele se deu conta que estava em declive, coisa que não pode perceber durante a noite anterior.
— Elizabeth! — gritou ele mais uma vez, e dessa vez mais alto.
Antes que pudesse gritar novamente, ele ouve:
— Jacob!
— Elizabeth.
Ela surgiu por cima da rocha, olhando em volta.
— Onde você estava? — Perguntou ele.
— A questão é, onde nós estamos? — eles olharam ao redor, então ela continuou — precisamos seguir em frente, não podemos passar outra noite na mata, já demos sorte uma vez.
Eles começaram a andar riacho acima seguindo a margem, ficaram um bom tempo em silêncio, então Jacob não resistiu.
— Eu sinto muito — disse ele — eu...
— Não precisa — cortou ela — por favor, fique em silêncio.
Os dois continuaram a andar e andar, já estavam exaustos, e não chegavam a lugar nenhum, eles olhavam para cima e não era possível o ver o sol, as copas das árvores não permitiam, dificultando a localizarem o norte. Eles andavam cada vez mais, já era por volta do meio-dia, ficaram andando a manhã toda, já estavam com fome, paravam e se hidratavam no riacho, mas a fome começou a falar mais alto, não encontravam animais, e mesmo se encontrassem com apenas uma espada seria impossível caçar, passou pela cabeça de Elizabeth criar um arco, mas isso lhe daria trabalho e tempo, não queriam correr o risco de passar mais uma noite na floresta. Então de repente algo inesperado, acharam um filhote de caititu morto, "comida" ambos pensaram, Jacob sem pensar andou depressa na direção do animal morto, então Elizabeth percebeu, por que um animal que parecia recentemente morto estaria ali?
— Jacob, espere!
Não houve tempo, quando ele se abaixou para pegar, suas pernas foram para cima em segundos, era uma armadilha, Jacob estava pendurado com apenas uma perna para cima com uma corda, sua espada caiu no chão, Elizabeth sacou a sua, estava de prontidão, olhando ao redor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ratonken
FantasyEm 1500 os portugueses chegaram ao Brasil, ancoraram no litoral norte do país, acreditaram-se descobridores de novas terras mas estavam enganados, estima-se que cerca de cinco milhões de índios habitavam o litoral da região, os índios apesar da simp...