⸻ 𝐓𝐖𝐎 | frozen.

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MORGANA KIMNova York | 2008

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MORGANA KIM
Nova York | 2008

    OUVI o despertador alarmar que começava mais um dia monótono na minha vida monótona. Era hora de ir pra faculdade, e de passar mais algumas horas naquele lugar que não me trás boas sensações.

    Eu sei que pode parecer mimado da minha parte, sendo que consegui entrar em uma das melhores faculdades do país. Porém, só fiz tudo aquilo para me aproximar mais da minha mãe, já que desde dos meus treze anos, ela se afastou de mim de uma maneira bruta, após me considerar "louca".

    Quando eu tinha essa idade, eu não sei por quê, mas sinto que vi um homem e uma mulher saírem de uma cabine telefônica azul, que estava dentro do meu quintal. Eu sei, é loucura, né? Acho que foi um sonho estranho.

    Naquela época, eu jurava que havia visto de verdade, porém, após idas em psicólogos e psiquiatras, entendi que tudo aquilo não passava de um fruto da minha imaginação. Se bem que... Sempre senti que o que eu havia "sonhado" era muito realista para parecer um simples sonho.

    Desde então, mal converso com minha mãe, e só visito minha antiga casa para visitar minha irmã caçula, Melanie, que nasceu um ano depois da minha suposta "loucura". A única na qual eu realmente posso ter uma certa confiança, é ela. Mesmo sendo apenas uma criança de doze anos.

    Corri em direção ao banheiro para me arrumar o mais rápido possível. Em seguida, vesti roupas leves, já que estava um pouco quente. Peguei apenas um casaco para caso esfriasse pela tarde. Arrumei depressa minha mochila, e finalmente sai do meu quarto. Optei por não tomar café da manhã, já que na faculdade eles servem, e a comida de lá é infinitamente melhor que a minha.

    Andei mais ou menos uns quinze minutos para chegar na faculdade, pois não era tão longe do apartamento no qual eu morava. O local estava infestado de gente, que andava de um lado para o outro. Observei a bandeira dos Estados Unidos estendida em frente a faculdade por alguns segundos, porém logo subi as escadas para adentrar na instituição.

⸻ Pensei que ia faltar hoje. ⸻ senti alguém fechar meus olhos, mas a voz era reconhecível.

⸻ Eddie. ⸻ afirmei, retirando as mãos dele de meus olhos, e as segurando delicadamente ⸻ Hoje acordei levemente inspirada.

Inspirada? E isso por que, do nada? ⸻ questionou, enquanto eu me virava para olhar diretamente nos olhos do loiro.

⸻ Não sei... Quando acordei, não estava tão animada. Mas quando eu estava vindo pra cá, senti uma sensação boa, que algo de bom vai acontecer comigo hoje. ⸻ disse com um sorriso esperançoso no rosto, e ele riu anasalado, sem entender direito.

⸻ Eu ainda não consigo te entender direito. ⸻ ele pôs a mão em meu ombro ⸻ Nem sei se vou, mas acho que é por isso que gosto tanto de você.

    Edward se tornou como um irmão pra mim desde que entrei na faculdade. O conheci por acaso, já que ele cursa computação, e eu curso direito. Mas graças a isso, ganhei um bom amigo.

   Apesar da forma carinhosa que ele me trata, sempre deixamos claro um pro outro que somos apenas bons amigos, e nunca nos envolvemos de maneira amorosa. Para os dois, é melhor assim. Tenho problemas demais para me envolver com alguém nessa altura do campeonato.

⸻ Eu vou pro refeitório antes que o sinal toque. Você vem comigo? ⸻ questionei, apontando para o local no qual eu havia informado que ia.

⸻ Não posso. Vou aproveitar esse tempo pra revisar a matéria antes da prova. ⸻ concordei, acenando com a cabeça.

⸻ Vê se estuda bem, hein? Não quero te ver tirando nota baixa, mocinho! ⸻ falei em um tom autoritário de brincadeira, e ele riu.

⸻ Pode deixar, mamãe. ⸻ zombou, me fazendo rir também.

    Me despedi do Collins, e segui para o refeitório, já pensando nas deliciosas panquecas com calda que eles preparam. Entrei no local, e percebi que não tinha quase ninguém, somente os funcionários. Estranhei um pouco, já que naquele horário, o refeitório estaria lotado, normalmente.

    Peguei uma bandeja e as minhas amadas panquecas, com um copo de café. Decidi me sentar na última cadeira, para aproveitar e comer em paz. Assim que terminei, levei minha bandeja para a lata na qual colocamos os pratos e talheres sujos, e notei algo muito esquisito do lado de fora.

    As escadas pareciam estar cobertas de gelo. Mas não de um gelo fino; gelo espesso, tal qual aqueles que eram utilizados em pistas de hóquei. Obviamente, me assustei, e saí correndo para ver o que havia acontecido. Quando dei conta do que havia ocorrido, dei um grito estridente, sem acreditar no que estava ocorrendo ali ⸻ tudo havia se tornado gelo. As escadas, as portas, as paredes, e até mesmo... As pessoas.

    Voltei para trás com calma, tentando entender o que estava acontecendo ali, porém ao retornar pro refeitório, não sei o que aconteceu mas... Ali também havia se tornado gelo. Meu coração acelerou, e minha respiração começou a falhar. Como aquilo era possível?

    Não... Não, isso só pode ser um sonho. É! Um sonho maluco e logo vou acordar! Eu precisava acordar!

    Corri para a sala de Eddie, e ao abrir a porta, vi os colegas dele e o próprio congelados. Eles eram literalmente estátuas de gelo, e eu não podia crer no que meus olhos viam. Logo, eles se encheram de lágrimas, e me aproximei de meu amigo, tocando em seu rosto gélido, sem poder acreditar que aquele era Edward.

    De repente, ouvi um forte barulho. Um barulho no qual me trouxe uma forte sensação de nostalgia. Cada segundo que passava, ele ficava mais forte, e as batidas do meu coração iam aumentando.

⸻ Não pode ser... Não pode ser verdade! Não pode! ⸻ exclamei em voz alta, pondo as mãos sobre a cabeça, em forma de desespero.

    Fui para a portaria, vendo que do lado de fora, tudo estava normal, com exceção de faculdade, que estava coberta de gelo. Olhei para os altos céus, e vi aquilo que por muitos anos jurei ter visto quando criança, mas que me juraram ser loucura da minha cabeça. Era mesmo real? A caixa azul que tinha visto aos treze anos estava ali, diante de meus olhos, sobrevoando sobre a instituição, e pousando suavemente sobre o gramado congelado. Pus as mãos sobre a boca, ainda sem acreditar em tudo que estava acontecendo.

    Quando finalmente pousou por completo, dei um passo para trás, assustada, ao ver que a porta havia se aberto. E de lá, um homem com roupas esquisitas saiu. Cabelos castanhos, barba rala e um olhar que me fazia lembrar de alguém.

    Ao me ver, ele sorriu, e começou a se aproximar de mim a passos largos, enquanto eu tentava me afastar.

⸻ Sabia que ia te encontrar novamente, Morgana...

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⏰ Última atualização: Jun 21 ⏰

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