jogo de mitomagia

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——————ANNABETH——————
Cap. 11 Pov Annabeth

Depois de deixar Percy na enfermeira, vou para o meu dormitório tomar um banho e digerir tudo o que aconteceu (além de tirar a saliva do Percy que ficou no meu cabelo).

Me banho com água morna, talvez fique gripada por ter ficado todo o caminho na chuva e no vento gelado, mas tudo bem.

Após um bom tempo pensando e enfiando a cara no travesseiro para gritar o mais alto que conseguir, xingando tudo quanto é coisa, pessoa ou deus grego dessa mitologia estúpida (sim, incluindo minha mãe), acabo por basear minhas emoções em três principais: tristeza, raiva e uma certa animação.

Estou triste porque agora a ficha está caindo, que minha vida é praticamente uma mentira. Não sei o que é verdade nem em quem posso confiar, o que está me fazendo mentir sem controle para qualquer um, inclusive para minha melhor amiga.

Estou com raiva porque minha vida está mudando drasticamente em muito pouco tempo, porque sinto que estou me afastando de Piper por não contar a ela o que está acontecendo e não sei se ela já sabe. Também estou irritada por Percy ter simplesmente pulado no meio dos telquines e podia ter morrido, provavelmente me levando junto. Mas me deixa especialmente furiosa por todas as coisas estarem saindo do controle e eu não posso (nem consigo) fazer absolutamente nada para impedir. Isso me deixa louca.

Mas ao mesmo tempo, isso tudo é muito... empolgante. Realmente não sei explicar a adrenalina e satisfação de quando matei aquele telquine na biblioteca. Me pareceu tão natural. A peça que faltava do quebra-cabeça se encaixou, pelo menos por um segundo. E, por mais que várias portas estejam se fechando, outras estão abrindo, com novas oportunidades e conhecimentos.

Enfim, uma confusão.

...

Matei aula o resto do dia? Matei, mas tive bons motivos.

Depois da mini crise existencial no quarto, fui procurar o diretor Quíron, para explicar o que aconteceu (e tirar algumas dúvidas).

Mas antes de ir, me lembrei de uma lição importante: levar minha adaga para todos os lugares independente da situação. Não queria mostrar para todo mundo que eu estudava com uma arma do lado, então coloquei a faca no comprimento do meu braço, do pulso ao cotovelo na parte interna amarrada em algumas tiras que eu costurei, de forma que conseguisse colocar e tirar com facilidade e depois cobri com o moletom azul da escola. Eu não era costureira, mas Atena também é a deusa do artesanato, então resolvi explorar esse possível talento. Problema resolvido.

Ando pelos corredores e vejo que ainda está chovendo lá fora. Que estranho.

Chego na porta e dou três batidas na madeira escura e entalhada.

— Sim? — a voz rouca do diretor pergunta de dentro da sala.

Abro um pouco a porta e o vejo sentado em sua cadeira de rodas na mesa retangular com outra pessoa a sua frente, que percebo ser a Rachel. Ela também havia tomado banho e agora vestia um macacão estilo jardineiro, aparentemente customizado por ela mesma com tintas coloridas.

— Ah, posso voltar depois...

— Não, não. Pode entrar, estava querendo falar com você — ele me chama e entro relutante.

Sento-me na cadeira e enquanto espero ele iniciar a conversa, observo o local: nas paredes brancas, alguns quadros velhos estão pendurados, retratando antigos heróis gregos. No chão não há nenhum tapete, provavelmente pela cadeira de rodas que o diretor usa.

Em algumas prateleiras, troféus antigos enfeitam as paredes. Não consegui identificar nenhum, mas pareciam ser de jogos com outras escolas.

— Bem, srta.Chase, imagino que veio aqui pelo acidente na biblioteca — eu assinto.

🦉"Rivalidade Divina"🌊 AU percabeth Onde histórias criam vida. Descubra agora