― PROCURANDO POR ALGUÉM especial, querida?
Helena se assustou ao ouvir a voz de barítono de seu pai atrás de si.
― Não, papai, não procuro por ninguém ― respondeu ela, com a mão no peito.
― Perdoe-me, eu não quis assustá-la.
― Eu não vi o senhor se aproximando. Estava... distraída.
Theodoro estendeu o braço para a filha e a conduziu até a pista de dança. Quando eles começaram a rodopiar, ele perguntou:
― Confesso que estou curioso... O que foi capaz de distrair minha filha?
― Nada, papai.
― Tem certeza, Helena?
Ela deu um suspiro resignado. Não tinha segredos com seu pai.
― Alguma vez o senhor teve um sonho tão real a ponto de fazê-lo pensar que não fosse, não sei, talvez um simples... devaneio?
― Não que eu saiba, meu bem. Por quê?
Helena ruborizou.
― Não precisa me contar todos os detalhes, se não quiser.
― Foi tão real, papai. Era como se não estivesse sonhando.
Theodoro sorriu.
― Senhor, ele chegou ― avisou o mordomo, interrompendo a dança.
― Obrigado, Umberto.
― Quem chegou, papai? ― perguntou Helena, sentindo uma certa inquietação dentro de si.
― O filho mais velho do senhor Valdez ― respondeu Theodoro. ― Ele chegou de Coimbra há quinze dias. Estava estudando Direito na universidade de lá.
― Ah, não, papai ― ela gemeu ―, mais um pretendente?
― Não, querida. Já entendi que quem tem que escolher é você. Ele é só mais um advogado que está interessado em trabalhar no escritório.
Ela assentiu.
― Ah! Aqui está ele! ― falou Theodoro. ― Helena, querida, quero lhe apresentar Daniel Valdez. Daniel, esta é minha filha, Helena.
Ela não podia acreditar no que seus olhos viam! Era ele, o seu cavalheiro! Bem na sua frente. Vivo!
Daniel usava um fraque negro como a noite; uma gravata preta estava amarrada no colarinho de sua camisa branca; uma rosa-vermelha estava presa à lapela e, ao contrário dos outros cavalheiros presentes, ele não usava luvas.
― É um prazer conhecê-la, senhorita Rodrigues ― disse Daniel, pegando sua mão e beijando o interior de seu pulso, tal como em seu sonho.
― O prazer é todo meu, senhor Valdez. ― Ela sorriu.
― Daniel. Por favor, me chame de Daniel.
― Como quiser, Daniel.
Ele sorriu torto.
Theodoro estranhou os olhares que ambos trocavam, já que davam a impressão de já se conhecerem.
― A senhorita...?
― Helena. Por favor, me chame de Helena ― falou ela, ruborizando.
― Me daria à honra de uma dança, Helena?
― Adoraria! ― Ela sorriu radiante.
Daniel estendeu o braço para ela e a guiou para o centro da pista de dança. Assim que ele a tomou nos braços depois de um rodopio, Helena perguntou:
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amores através do Tempo (coletânea de contos românticos)
Short StoryPLÁGIO É CRIME! Obra registrada na Câmara Brasileira do Livro