♤ CHAPTER SEVEN ♤

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Lá estava eu, novamente, encarando o mesmo pedido de arranjos florais pela terceira vez, sem conseguir avançar uma linha sequer

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Lá estava eu, novamente, encarando o mesmo pedido de arranjos florais pela terceira vez, sem conseguir avançar uma linha sequer. O desespero era tanto que me peguei massageando as têmporas, na sã esperança de estimular alguma produtividade. Um olhar para o relógio confirmou o que eu já sabia: eram 11h45 e eu ainda tinha três horas inteiras de trabalho pela frente. Este dia parecia mais longo que um inverno nórdico.

Não me entenda mal; eu não detestava meu trabalho. Ver meus amigos se debatendo na busca por emprego enquanto eu iniciava minha jornada profissional com um salário anual decente me fez perceber que eu estava em uma posição privilegiada. Não era exatamente a fortuna dos sonhos, mas era mais que suficiente para cobrir minhas despesas.

Então, como uma lembrança de que meu dia ainda poderia piorar, minha colega Amelie apareceu no meu cubículo com uma urgência que eu sabia ser prenúncio de mais trabalho.

— Lívia, você terminou de ler o pedido? — ela perguntou, com aquela mistura de esperança e desespero.

— Ainda não, mas até o final da semana... — respondi, sem muita convicção. A verdade é que eu mal tinha conseguido começar.

— Entendo que você seja a neta da dona, mas esse pedido não pode esperar. A noiva espera esses arranjos para hoje. Você pode ficar até mais tarde para terminar? — Amelie, sempre direta, não deixava margem para desculpas.

A tarefa parecia impossível; mais de duzentos arranjos para serem montados e eu, tentando não deixar minha abuela na mão, concordei relutantemente.

— Okay, serão entregues sem falta — prometi, sabendo que teria que fazer mágica para cumprir esse prazo.

Assim, lá estava eu, trabalhando até meia-noite e meia, em arranjos que, sinceramente, a maioria das pessoas nem notaria no dia do casamento. Meu trabalho era essencial, sim, mas em grande parte invisível. Todos diziam que era um bom trabalho, mas eu começava a questionar se realmente valia a pena.

Cada dia mais, sentia que minha vida estava passando por mim, e com o fim do meu relacionamento com Benjamin, não havia mais distrações. Me peguei pensando na ironia de casar com um estranho como uma "grande distração". Quem diria que minha vida tomaria um rumo tão... interessante?

Enquanto dirigia para casa, refleti sobre a ideia de mudar de carreira e me tornar uma maquiadora. A ideia era atraente, mas os riscos eram altos. Trabalhar por conta própria significava abrir mão de benefícios e estabilidade. E agora, com o casamento surpresa com Josh precisando ser anulado, eu mal conseguia me dar ao luxo de sonhar com mudanças drásticas.

Minha vida estava em um limbo, entre o que era seguro e o que poderia ser. A questão do casamento com Josh adicionava uma camada extra de complicação que eu não estava preparada para lidar. Parecia que cada decisão que eu fazia só me deixava mais presa nesse meio termo, nesta existência tão mundana que eu tanto queria evitar.

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