INTERESSE

♤ CHAPTER FIVE ♤

Nos momentos que antecederam o atual impasse...

A sensação de frustração dominava cada fibra do meu ser. Era evidente que Lívia estava fazendo de tudo para me evitar, e isso estava começando a me irritar profundamente.

Ali estava eu, de pé na margem da pista de dança, observando uma cena que me fazia ferver por dentro. Lívia estava enredada em uma dança desconfortavelmente íntima com um dos amigos de Pepe. A cada movimento, a mão dele parecia deslizar com mais ousadia em direção a um território proibido, e cada músculo do meu corpo se tencionava na luta para manter a compostura e não transformar a festa em uma cena de luta livre. Bastou um olhar para o rosto de Lívia para ver seu desconforto, seu desejo palpável de escapar daquele abraço indesejado.

Era um fato incontestável: Lívia era minha esposa.

A ironia da situação não escapava a mim — casado com a garota dos olhos estrelados, um apelido cuja origem me escapava, mas que de alguma forma fazia todo o sentido. Ela era como a própria noite estrelada: misteriosa, bela e inatingível. E agora, ali estava ela, sendo importunada bem diante dos meus olhos, e eu me sentia impotente, preso às convenções sociais que me impediam de agir.

A palavra "esposa" ainda soava estranha aos meus ouvidos. Era engraçado pensar como, num impulso de pura loucura e sob o efeito do álcool, havíamos decidido nos casar. Confesso que, apesar de minha usual tolerância ao álcool, naquela noite especial, talvez tenhamos exagerado um pouco. Mas naquele momento, parecia a melhor ideia do mundo.

O cenário do nosso casamento não poderia ser mais surreal. Nossas testemunhas? Solène, fantasiada como uma das Panteras, exibindo uma elegância letal, e Leon, assumindo a persona do 007, com um charme que rivalizava com o do próprio James Bond. Era uma mistura bizarra e maravilhosamente inusitada, uma combinação de fantasias que nunca imaginei serem parte do meu casamento.

Refletindo sobre tudo isso, enquanto observava Lívia na pista de dança, não pude deixar de sentir uma mistura de preocupação, irritação e, acima de tudo, um amor inesperado que parecia ter se enraizado em mim tão profundamente quanto as estrelas no céu noturno. A situação era complicada, mas uma coisa era certa: eu precisava encontrar uma maneira de me reconectar com minha esposa estrelada, mesmo que isso significasse navegar pelas águas turbulentas de um casamento iniciado sob os auspícios mais peculiares e embriagados que se possa imaginar.

Naquela noite inusitada, Lívia, surpreendendo a todos e a si mesma, havia escolhido se vestir de Noiva Cadáver, uma escolha tão audaciosa quanto encantadora, enquanto eu, numa reviravolta do destino, encontrava-me trajado como Michael Jackson. A decisão, impulsionada pela insistência quase teimosa de Camille, havia sido aceita, acho que um tanto relutantemente por nós dois.

Perdido em um turbilhão de pensamentos, um em particular se destacava com insistência: eu havia me casado. A realização me atingiu como um raio. Casado. Eu, um homem até então livre, encontrava-me subitamente amarrado ao compromisso mais sério de todos. Um compromisso que mudaria minha vida de formas que eu ainda não conseguia inteiramente compreender.