Ela consegue sentir o fogo em sua pele, o vermelho ardente em seus lábios.
Oh céus, eles dizem que ela fez uma coisa ruim.
Foda-se foi tão bom.
Ela merecia, o sofrimento nunca poderia ser eterno.
Aviso de gatilho: Linguagem imprópria, sonhos chulos, menções a álcool e demais coisas ilícitas.
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A neve estava gradualmente perdendo seu domínio sobre a cidade e o estado. No entanto, o frio ainda persistia, uma presença constante que, de certa forma, oferecia um conforto peculiar em certos momentos. Era sábado de manhã quando Berserk emergiu do casulo de seus pensamentos.
Durante os últimos dois dias, ela tinha sido cativa de suas próprias reflexões, imersa nas sombras da traição e na ardência da irritação que a consumia. Agora, seu foco estava na busca por uma ressurreição pessoal, um renascimento de si mesma em meio à dor que ainda a assombrava. Embora o luto já tivesse percorrido seu caminho, não havia mais espaço para negação. No entanto, as feridas permaneciam frescas, uma cicatriz emocional que continuava a doer.
A situação era complexa, confusa até. Berserk tinha suportado tanto tempo o peso do término, e o fato de ter sido traída apenas agravava ainda mais o seu tormento mental. Seu processo de cura estava em curso, mas estava longe de ser concluído. Ela evitava o convívio social, mantendo-se distante do grupo na universidade, buscando apenas as reuniões onde Bell não estava presente. No entanto, mesmo em seu isolamento autoimposto, ela se viu sendo arrastada de volta para o centro das interações, como se fosse uma peça intrínseca ao quebra-cabeça. Essa realidade a deixava mais furiosa do que antes, alimentando a fogueira de sua indignação interna.
Blossom mantinha-se distante, evitando qualquer conversa que pudesse desencadear os receios profundos que a assombravam. Porém enventualmente, a líder chamaria Berserk para conversar, ela sabia que trazer à tona a preocupação sobre a possibilidade de Berserk sucumbir ao caos e destruir Townsville era como acender uma fogueira em um campo de gasolina. A líder das Meninas Superpoderosas estava sobrecarregada, afundada até o pescoço nos problemas que assolavam a cidade e os trabalhos universitários, especialmente os desdobramentos sinistros relacionados a Ace e seus crimes. Enquanto isso, as incursões noturnas de Brick e Berserk não tinham produzido resultados significativos até então, ao contrário das bem-sucedidas empreitadas de Buttercup e Brute. Essa pequena luz no fim do túnel trazia um alívio momentâneo, um sopro de esperança em meio à escuridão que envolvia a cidade.
Mesmo com as respostas escassas nas patrulhas, havia uma aura de confiança entre os membros da equipe, uma certeza silenciosa de que, de alguma forma, tudo se resolveria. Brick havia adotado uma postura incomum nas últimas noites, abstendo-se de provocar Berserk como de costume. O silêncio entre eles era quase reconfortante, uma trégua tácita que permitia a ambos concentrarem-se em suas tarefas sem desperdiçar energia em discussões fúteis. Berserk não precisava mais suportar o peso da voz insolente de Brick ecoando em sua mente, e isso, de certa forma, a intrigava. Significava que apesar das coisas que ele e Blossom faziam para atacar um ao outro, eles ainda respeitavam alguns limites. E esse era: Não deixar que Berserk queimasse Townsville.
