💚 - NEGOTIATING A BABY
14/03/2023
@LITTLELLARADepois de rodar um pouco por São Paulo, parei perto de um parque.
Com a loira ainda do meu lado, estacionei o carro num cantinho e abaixei o vidro, deixei ela pegar um pouco da brisa das árvores. Ela ainda aparecia assustada com o que tinha escutado na casa da, até então, amiga.
Engoli em seco ao perceber que mesmo depois de tanto tempo seus olhos ainda transbordam a dor que seu coração sente.
Ela me olhou e aí que as lágrimas caíram mesmo, fiz a única coisa que podia fazer que era lhe oferecer um ombro amigo, mesmo que não fosse nem colega da garota.
— Sinto muito, Louise! — Sussurrei e afaguei os seus cabelos.
— Eu só quero ter a chance de poder ser mãe sem ser julgada pelos outros, Raphael! Que humilhação que eu passei por uma pessoa que eu achava ser minha melhor amiga. — Ela falou e se afastou de mim, me encarando nos olhos. Limpei seu rosto e fiz ela me olhar.
— Não liga para o que a Bruna disse, tá ok? Você vai conseguir ser a mãe do bebê que você quer, você pode ser o que você quiser, só basta lutar por isso. Você quer aquele bebê? Então luta por ele! Chorar e absorver as palavras maldosas da Bruna não vai adiantar de nada. — Falei olhando pra' ela e tentando fazê-la entender o que quero dizer.
— Não posso absorver as palavras maldosas da Bruna, muito menos ser amiga da pessoa que não confia e apoia os meus sonhos. — Falou e eu concordei com a cabeça. — O que eu e tenho que fazer é me afastar da Bruna.
— Calma, não foi isso o que eu quis dizer.
— Olha, Raphael...
— Rapha, me chama de Rapha! — Pedi e ela concordou.
— Isso é o que eu quero. Me afastar da Bruna vai ser melhor pra' mim e para o meu filho, que ainda não é meu, mas vai ser. — Falou e eu sorri com sua determinação.
— É assim que se fala, Louise!
— Me chama de Lou. — Ela disse e eu concordei. — Agora desce do carro.
— Que?
— Desce do carro e troca de lugar comigo. Vou te levar num lugar. — Falou me encarando e com o pouco de sanidade que me restou, eu neguei.
— O que? Ta maluca?
— Você nem me conhece e tá apoiando meu sonho muito mais do que a pessoa que eu considerava da minha família. Vou te levar num lugar e vai ser a melhor tarde da sua vida. — Falou e eu encarei o painel do carro, depois a rua e voltei a olhar pra' ela. Respirei fundo e desci do carro, escutei ela dar um grito animado e pular do banco do passageiro para o banco do motorista.
— Vale lembrar, eu não confio em você ainda. Então, não tente me matar e não tente nada contra minha vida. — Falei entrando e ela me olhou, os olhos sugestivos e um sorriso divertido no rosto.
Ela ligou o carro e começou a dirigir, pegamos um atalho e voltamos para a Lapa. Enquanto ela dirigia, eu comecei a puxar um assunto que envolvesse o que eu queria saber, minha curiosidade estava matando.
Olhei pra ela enquanto paramos no semáforo e comecei a falar.
— Sonha em ser mãe faz muito tempo? — Perguntei e ela me olhou, antes de voltar a dirigir.
— Sonho em ser mãe desde criança. Quando cresci, lá por volta dos meus 14 anos, eu realmente comecei a idealizar e entender que esse era o meu sonho de vida. Infelizmente nunca consegui engravidar, já fui casada por 7 anos e nunca consegui. — Falou e deu a seta, fazendo a curva. — Nós nos separamos porque ele queria um filho e eu não consegui dar isso a ele.
— Que idiota, você ainda fala com ele? — Me ouvi perguntar e me repreendi por isso. — Não precisa responder se não quiser.
— Não tenho contato mas soube que ele casou outra vez, tem um casal de filhos e os nomes das crianças são os mesmos que a gente escolhia quando pensávamos em criar uma família. — Falou e eu balancei minha cabeça em negação.
— Otário!
— Sempre fiz exames e segui a risca, mas naquele dia que você me conheceu e me viu chorar lá na casa da Bruna, foi o dia em que eu recebi um diagnóstico da ginecologista. Sou estéril, não posso gerar uma criança. — Falou e eu escutei sua voz falhar. Ela suspirou e eu me amaldiçoei por ter entrado no assunto. — Desde os 14 anos eu venho aqui, cuido das crianças e sou voluntária.
Ela estacionou o carro dentro de um quintal, percebi a faixada com a placa chamada Abrigo Refúgio Serena.
Descemos do carro e começamos a andar pra' dentro do lugar.
— Faz uns dias que ele chegou aqui, ele tem um pouquinho mais de uma semana de vida e ele é muito lindo. A mãe dele morreu no parto e ele é fruto de um estupro. — Ela foi me explicando enquanto acenava para algumas pessoas que passavam pelo corredor.
Chegamos numa porta feita de madeira. Percebi que aqui era uma espécie de imóvel antigo.
Ela sorriu e abraçou a senhora de idade que estava saindo pela porta e as duas me olharam.
— Quem é o moço bonitão? — A senhora disse e eu sorri sem graça pra' ela. Não é querendo me gabar mas os mais velhos gostavam bem de mim.
— É um prazer, meu nome é Raphael. — Sorri na direção da senhora e estendi a mão. Ela aceitou de bom grado o cumprimento e eu deixei um beijo rápido em sua mão.
— Gal, Raphael é meu... — a loira me olhou e depois olhou para a mais velha. — Raphael é um bom amigo. Trouxe ele para conhecer o Davi.
— Bom, Davi está amuadinho hoje, Lou! A Joy tá lá dentro tentando dar a mamadeira e fazer ele dormir mas não está conseguindo. — A tal Gal falou e Louise fez uma carinha preocupada.
— Eu vou lá tentar ajudar, Rapha vem comigo, né? — Lou me perguntou e eu concordei rapidamente com a cabeça.
— Foi um prazer te conhecer, Raphael! Espero te ver mais vezes aqui no Abrigo. — Gal disse sorrindo e andando pelo corredor. Acenei com a cabeça e Louise abriu a porta.
De longe senti toda a Áurea da mulher mudar.
O próximo é o Rapha com o Davi e é a coisa mais fofa do mundo todo, vocês vão amar. Se a meta bater hoje, eu posto um ainda hoje ou amanhã de manhã.
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NEGOTIATING A BABY
Raphael Veiga
Posted in March 1, 2024.
@littlellara
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NEGOTIATING A BABY • RAPHAEL VEIGA
FanfictionVocê tem o sonho de ser mãe? E se esse sonho fosse impossível para você depois de descobrir ser estéril? E quando você encontra um cara que sonha em ser pai mas a namorada dele não quer ter um filho? E se esse cara for o companheiro da sua melhor am...