Capítulo 3 - Fuja!

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UM PRINCIPE DEVE ENTENDER QUE UM REI PRECISA ABRIR MÃO DE ALGUMAS COISAS VALIOSAS PARA VENCER A GUERRA.

Não demorou muito para que Walter caísse no sono, e muito menos para que o castelo estivesse perto de ser invadido.

Toy desceu as escadas as pressas junto com Otis, fazendo o menino acordar. E eu e minha mãe sabíamos que coisa boa não era.

- Vossa Majestade e altezas - Toy recuperava a respiração.

- O que houve? - perguntei curiosa, com o coração batendo forte, esperando o pior.

- o castelo vai ser invadido - Otis que me respondeu, Toy o fuzilou com os olhos.

Foi pior do que eu esperava.

- Ela está com eles?‐ perguntei me levantando da cama.

- Ninguém a viu. - Otis afirmou.

- Mãe, precisamos ir embora daqui! Ela conhece esse lugar, não estamos seguros, ela já morou aqui! Se ela nos encontrar vai matar todos nós. - toquei em seus ombros.

- O que foi? - Walter começou a acordar por causa do barulho.

- E para onde iríamos? - Agora, minha mãe que sempre está calma e confiante, parece assustada. Sem saber o que fazer.

- Na torre do Norte vocês estarão seguras - Toy deu a ideia.

- Doll está bem? - minha mãe perguntou.

- Da última vez sim... ela está aqui dentro do castelo, protegendo as entradas. - Otis a respondeu.

- Vamos logo então, precisamos sair daqui, e quando estivermos seguros faremos um novo plano. - Eu soltei os ombros de minha mãe e olhei para Walter.

- Não podemos deixar o castelo, um rei nunca deve abandonar o seu povo - ele parecia bravo.

- Não terá rei se não fugirmos - o respondi ríspida.

- Vocês podem ir, eu vou ficar aqui pra ajudar os feridos e mandar notícias - Otis falou chamando nossa atenção.

- Está tudo bem pra você? De verdade? - a rainha perguntou preocupada.

- eu ficarei bem - ele respondeu sorrindo, mas parecia estar com medo.

Duvido que algum de nós não esteja com medo, o reinado que conhecemos até hoje pode acabar de vez por causa do egoísmo de uma mulher.

- Espero que fiquem a salvos - eu lancei um "você também" para Otis e ele subiu.

- Tomem - Toy entregou dois espelhos, um para mim e outro para a minha mãe.

- o que é isso? - observei o espelho que nunca vi antes.

- São encantados, para caso seja necessário, entreguei um para Otis também. Vamos? - ele apontou para o corredor.

- O quanto antes melhor - eu guardei o espelho na cintura e peguei minha mochila, onde está muitas coisas úteis para a nossa sobrevivência lá fora.

Eles foram na frente e eu fiquei atrás para proteger-los. Pegamos uma das tochas da parede e andamos pelo túnel que dará em um lugar bem distante do castelo.

Depois de andar por alguns minutos, observarmos uma escada que dá para cima. Toy abriu a tapa e observamos a luz entrar, eu fechei os olhos por causa da claridade.

- O vestido passa? - arquiei as sombracelhas para Toy.

- Tem que passar - Ele olhou para a minha mãe, que também olhava para o seu vestido.

- Vai passar - ela amassou o vestido o máximo que pode e nós ajudamos a manter até ela estar lá em cima. - Passou - ela se equilibrou quando chegou lá em cima - Venha Walter - ela ergueu os braços para o seu filho, que começou a subir as escadas.

Minha perna não parava quieta, eu estava ansiosa, principalmente para sair daqui mas também por Doll, ela está lá, lutando a favor do nosso reino junto com os outros soldados. E ela ama tanto o reino que poderia dar a sua vida...

E se ela morrer mesmo?

Estaríamos completamente perdidos.

Olga não pode ser rainha.

Ela seria uma rainha má, muito má.

- Blake? - minha mãe chamou, eu fui a última a ficar para subir. Eu subi as escadas e quando saí fechei a tampa.

Avistamos três cavalos da nossa guarda real.

- Se os guardas fossem conosco, chamaríamos mais atenção? - olhei para Toy.

- na verdade era pra ter pelo menos dois aqui, não sei porque não estão aqui - ele parecia preocupado.

- desse jeito o senhor me assusta- eu ri mas eu estava com medo. - é melhor a gente não baixar a guarda - eu tirei a espada da minha cintura.

Subimos nos cavalos, Walter subiu junto com minha mãe, e começamos a calvagar para o lado oposto do castelo.

E durante o caminho, o sumiço dos guardas me martelou na cabeça. Eles teriam voltado para ajudar na guerra? Sendo que foram designados a nós escoltar... isso é péssimo, não podemos nos proteger sozinhos, precisávamos de soldados experientes.

Eu nunca estive em uma guerra. Treinei por muitos anos mas nunca cheguei a matar alguém, e não sei se eu conseguiria fazer isso. E eu sei, que se fomos atacados eu precisarei fazer.

- Está escurecendo - Walter falou, provavelmente por estar com medo.

- Vamos parar quando anoitecer, arranjar um local bom para dormirmos. - Toy tentou tranquilizar-lo.

- Será que tem animais por aqui? - O garoto sussurrou, como se estivesse pensando.

- Não se preocupe, eu tenho uma espada - eu ri e ele riu comigo, e escutar sua risada me deixou mais tranquila.

Nós paramos em baixo de uma grande árvore, eu peguei os sacos de dormir e coloquei no chão. Minha mãe tirou a parte mais pesada do vestido e o usou para se cobrir.

Toy fez um fogueira usando... mágica, bom apenas para acende-la.

- Uau - Walter ficou impressionado, é a primeira vez que ele vê uma magia assim de perto. O garoto juntou as mãos perto da fogueira, porque o frio da noite já está nos tomando.

- enquanto vocês dormem eu ficarei de vigia em cima dessa árvore - eu olhei para ela, analisando como vou subir.

- Você precisa dormir também - Mamãe falou, porque é isso que uma mãe faz, se preocupa.

- Eu sei, mas se eu estiver lá em cima, posso ver melhor quem estiver se aproximando. Quando estiver de manhãzinha, eu acordo vocês e continuamos a nossa caminhada. Não podemos ficar parados por muito tempo. - Ninguém me impediu, eu subi na árvore até me camuflar entre os galhos e me sentei ali mesmo.

- Ela parece um macaquinho subindo assim - Walter riu.

- Eu ainda posso escutar vocês - eu falei alto e ouvi novamente a risada do garoto.

- quem disse que era pra você não escutar? - o atrevido me respondeu.

- se eu jogar uma maçã daqui de cima será que pode acidentalmente cair na cabeça de alguém? - dessa vez ele não riu, mas eu sorri.

Eu coloquei a minha espada em cima do tronco, e comei a comer a maçã que trouxe. Observando o vasto território onde estamos. Há muitas árvores e enormes. O único som que escuto é o da fogueira, há completo silêncio e um medo percorrendo as minhas espinhas.

Sabendo que a vida da minha mãe e do meu irmão estão nas minhas mãos, porque eu fui designada a proteger eles. Mas... quem irá me proteger? Se eu precisar? Eu também então precisarei proteger a mim mesmo.

Porque Walter deve subir ao trono algum dia. E pra isso, temos que impedir Olga. A mulher que tentou envenenar a minha família, ela não é minha tia. Porque um laço de família é feito com amor não com inveja e egoísmo.

Apesar do medo, eu não deixarei que mão algum seja feito a minha família.

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