Capítulo 4 - O caçador

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UM PRÍNCIPE SEMPRE (SEMPRE) ESTÁ EM PERIGO.

Eu passei a noite em vigilância, mas algumas horas antes de amanhecer eu acabei cochilando e acordei com a luz do sol batendo em meu rosto.

Minhas mãos permaneceram agarrando a minha espada, eu esfreguei meus olhos com a roupa e observei os outros lá embaixo, Toy estava acordado, desfazendo a fogueira. Eu desci devagar até o chão, e fui para o lado dele.

- Bom dia princesa - ele me comprimentou.

- Bom dia Sr. Toy - sorri, e olhei para Walter e minha mãe que estão em sono ainda - Posso te perguntar uma coisa? - olhei para o homem ao meu lado.

- sim - ele respondeu ainda olhando para onde a fogueira estava.

- Você sabe muito mais magia do que pensamos não é? - eu tentei não parecer acusadora, mas estou curiosa desde que o vi acender a fogueira com os dedos.

- Sim, é verdade. Mas raramente uso porque é proibida. Mas é necessário que passemos de geração a geração para que nossos conhecimentos não sejam esquecidos. - ele pegou a sua mochila do chão, onde já havia guardado seu saco de dormir.

- o senhor está fazendo um feitiço agora não está? - eu perguntei e ele se assustou, olhando em meus olhos.

- Como sabe? - ele perguntou.

- Sinto o cheiro... - fui eu quem desviei o olhar para a terra. - Olga tinha um cheiro parecido.

Eu lembro, o quarto dela cheirava a magia. Então desde o castelo ela já estudava isso, mas com certeza não sabia muitas coisas porque se não teria usado contra nós quando tinha a chance.

- Estou fazendo um feitiço de proteção. Muito mais pesado e difícil do que acender uma fogueira - ele se afastou de mim, indo olhar os cavalos.

Então eu resolvi acordar minha mãe e meu irmão.

- Vamos levantar? Temos um longo caminho ainda. - chacoalhei o garoto.

- aí - ele afastou a minha mão e se levantou, mamãe deu um beijo nele, eles estavam dormindo juntos.

- Bom dia - ela olhou para mim, e mesmo passando por tanta coisas ruins ela ainda sorri.

Eu perdi um padrasto, Walter, o seu pai mas a mamãe... ela perdeu o amor da vida dela e essa dor deve ser horrível.

Imagina perder o filho. Eu não posso deixar que isso aconteça, devo proteger Walter com tudo de mim.

- Bom dia, vamos lá? - eu joguei maçãs para os dois.

- estou cansado de comer maçãs - ele bocejou com ela na mão.

- Sério? Comemos torta de maçã todas as manhãs porque nosso reino é rico em árvores de maçãs - eu me levantei e andei até o cavalo, dei uma cenoura para ele e subi.

Walter subiu com a nossa mãe, enquanto comia maçã. Sr. Toy também já está no cavalo, esperando o comando.

- Sabe a direção que estamos? - perguntei para ele.

- Sei sim - ele começou a calvagar e fomos atrás dele.

Passamos por mais densas florestas até que chegamos perto de um rio, e decidimos parar para pegar mais água para viagem.

- Água doce - Walter bebia direito do rio. - É boa.

Eu coloquei água em algumas garrafas que trouxe, e parei para observar Walter que pegava seu livro de príncipe para ler. E mesmo passando por isso ele ainda quer se tornar um rei bom.

Estava tido tranquilo até uma flecha parar em uma árvore perto de Walter.

Droga eu baixei a guarda!

Eu me levantei da beira do rio o olhei em volta, minha mãe correu até Walter que guardou o livro no mesmo estante com o susto.

- de onde veio? - perguntei ao Sr.Toy.

- Não sei, de bem perto. - ele respondeu.

Flechas contras espadas, eu não pensei nisso. Eu deveria ter trazido um escudo. Mas eu contava com os soldados, que estaríamos aqui com eles e eles tinham um escudo.

Sr. Toy sussurrou algumas palavras e uma fumaça dourada começou a surgir, ela andou até uma árvore perto do rio. E de lá um homem desceu na árvore, batendo na fumaça dourada para afastar-la.

Eu me aproximei do homem com a espada, e ele levantou as duas mãos, ele parece ser mais velho que minha mãe, porém mais novo que meu padrasto.

- Quem é você e porque tentou matar ele? - eu falei com a minha voz mais autoritária que tenho, tentando fazer medo.

Ele suspirou, e pensou bastante antes de falar algo. Ele colocou a besta e as flechas dele no chão, levantou as mãos, enquanto minha espada não saia de seu pescoço.

- Eu sou um caçador, eu fui enviado pela nova Rainha Olga. - ele observava a rainha Alice.

- Rainha? Ela já é considerada rainha? - eu perguntei com as sombracelhas franzidas.

- Já. Ela está no castelo, o castelo dela, o rei também - ele cuspiu no chão.

Eu olhei para os outros com olhos tristes, isso quer dizer que perdemos. E quer dizer que o reino agora está contra nós. O Reino dela...

- E porque ela te enviou? - olhei novamente para ele, que parece estar contribuindo para o interrogatório e não tenta assassinar Walter de novo.

- Para matar o príncipe. - ele apontou para Walter - Mas eu não sabia que ele ainda era uma criança - ele olhou para baixo, apesar da cara de Durão ele não parece ser tão mal, porém não posso baixar a guarda.

- Você não conhece o príncipe? - questionei.

- Eu vivo na floresta, sobrevivo através da caça, não recebemos notícias da capital. - ele apertou os lábios.

- E parece que sobrevive também sendo assassino de aluguel - minha mãe lançou as palavras como flechas que o atingiram.

- Não é muito bom contrariar uma bruxa. - ele respondeu a altura.

De fato é verdade, uma bruxa tem o poder de tirar a vida de alguém, se Olga quisesse tirar a vida dele, ela o faria. Sem dó. É normal alguém querer preservar a sua vida.

- E porque ela te procurou? De tanto outros caçadores... estou curiosa - continuava a encostar minha espada na garganta dele.

- Nem todo caçador faria um trabalho desses, e também porque eu sou o melhor atirador. - Ele sorriu confiante.

- Hm e agora me diz... - afundei mas a espada - por que eu deveria te deixar vivo? - eu falei de modo sério, mas rezando para que ele realmente tivesse motivo pois eu não quero tirar a vida de alguém.

- Eu posso levar vocês a um lugar seguro. Eu posso ser o guarda costas de vocês. Já que você garotinha, não conseguiu nem notar a minha presença - ele se referiu a mim.

Eu pensei alguns minutos. Ter ele do nosso lado seria muito bom, muito mesmo. Mas não sei se devo confiar nele.

- Você arriscaria a sua vida? A bruxa não vai gostar da sua traição - perguntei.

- Eu vou morrer de qualquer jeito - ele afastou a espada, e eu a abaixei.

- Sr.Toy, tem algum feitiço para saber se ele é confiável? - perguntei sem tirar os meus olhos do caçador.

- Tenho algo - ele sussurrou algumas palavras, então o caçador brilou em uma luz verde. - Ele pode ser um cara que fez muitas coisas ruins, mas ele tem um coração honesto. Podemos confiar nele.

Eu olhei para o Sr. Toy porque essa magia foi incrível, como ele conseguiu essa informação? Leitura de mentes?

A magia é realmente algo assustador, e se usada pro mal é terrível e por isso é banida.

Agora estamos indo contra a lei para proteger a nós mesmos.

- Espero que faça um bom trabalho - ergui minha mão para o caçador e ele a apertou.

Agora temos um bom guarda costas ao nosso lado, agora me sinto mais segura.

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