We Win Together

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Charles P.O.V.

--- Tem mesmo certeza de que quer me esperar aqui, querido? Eu posso demorar --- pergunto para Erik ao entrarmos na clínica.

O sábado finalmente tinha chego. Depois de dias aturando o meu ex-namorado no mesmo ambiente que eu (coisa que jamais deveria ter acontecido) e a tão esperada ida dele, a paz voltara para a minha vida até a noite anterior, quando eu começara a ficar ansioso para o que poderia acontecer no dia de hoje. Um dos motivos para estar usando o soro: estava agitado demais para ficar confinado na cadeira de rodas.

Eu tinha muitos motivos para acreditar que finalmente me veria livre das sessões de terapia: minha superação da Depressão Profunda em dois anos, a dedicação e o foco que comecei a ter quando me dei conta de que a morte não era a melhor opção (e, santo Deus, como eu ainda lembro bem do tamanho da vontade que eu tinha de morrer), que além de poder me ver livre daquela sensação terrível na qual a depressão me colocava as Crises poderiam também ter um fim, o fim daqueles pensamentos que sempre me diziam que eu era um fardo na vida dos meus irmãos, dos meus amigos e de Erik (pensamentos esses que foram certamente um dos maiores livramentos da minha vida), conseguir finalmente fazer e sentir coisas que não conseguia desde o início da minha depressão e principalmente depois da primeira vez em que me mutilei meus pulsos e tentei me matar e a medida que eu repetia ambos os atos durante aqueles anos.

Aqueles anos... Aqueles sete anos... Os piores dentre os oito anos inteiros em que a depressão ainda dominava meus pensamentos, sentimentos e atos, total (por sete anos) e parcialmente (por um ano) até diminuir para o que eu sinto que está agora: quase nada.

Me lembro de todos os dias desde a minha última tentativa de suicídio na floresta de casa. Mas lembro principalmente dos pensamentos que eu tinha: alguns ainda eram sobre formas de cometer suicídio, porque mesmo que a minha vida estivesse começando lentamente a voltar a paz que havia sido tirada de mim há muito tempo, eu não conseguia me separar da vontade de morrer. Foram sessões, remédios e conversas tanto com a doutora Harkness quanto com Erik (além de outas coisas a mais) que foram fazendo efeito e fazendo com que a vontade de viver acabasse renascendo em mim. A alegria que tomara conta de mim quando percebi esse detalhe foi tanta que até me surpreendi com aquele sentimento, parecia que era a primeira vez que eu o sentia naquele tamanho quase assustador.

Eu pensava sobre o assunto sempre, até porque eu jamais conseguiria esquecer graças as memórias dolorosas que eu tinha muito bem gravadas em minha mente. As vezes acabava pensando demais nisso e tinha vontade de chorar, percebendo o quão necessitado de ajuda eu estava naquela época, mas sempre negando isso. Minha visão de mundo era completamente obscurecida por causa da depressão, tudo era preto, morto, quase sem alegria. Agora era cinza, um cinza bem claro, quase branco, como era muitos anos antes. Só que o branco é uma cor que jamais irá definir minha mente de novo, assim como os meus pulsos jamais serão sem relevos como antigamente.

Mas agora eu estava com a esperança de falar com mais convicção do que já falava de que tudo era passado.

E eu estava vivo e bem. Isso era o mais importante de tudo.

--- Posso ficar aqui o dia todo --- o meu marido respondeu.

Sorri com a resposta dele. Erik era perfeito em tudo.

Nos sentamos em um sofá da sala de espera do local.

--- Sabe por que vamos para a capital? --- Erik perguntou.

Red Roses - A One-Shot BookOnde histórias criam vida. Descubra agora