Breawakay (Ft. One Direction/Louis Tomlinson)

33°- Relembrando

- Quem é Gennevive? - Kira perguntou na maior inocência possível. Louis agradeceu por já estar deitado, porque sabia que se não estivesse, provavelmente teria caído no chão.

- Gennevive? - ele perguntou, nervoso.

- Sim. Você falava o nome dela enquanto tinha o pesadelo. - Kira sentiu que não foi muito legal ter perguntado aquilo, Louis não pareceu confortável diante a situação - Olha, me desculpe, Louis, isso não é da minha conta...

- Não, Kira. Tudo bem... É que já faz um bom tempo desde que Gennevive... - ele parou de falar, engolindo em seco e deixando a frase no ar. Com certeza não estava confortável.

- Não precisa falar nada se não quiser.

- Não, eu... Bem... Depois desse pesadelo, era até melhor eu desabafar com alguém. - Louis disse, não tendo exatamente certeza se era bom mesmo tocar naquela ferida - É uma longa, longa história.

Kira se levantou dos braços do noivo e foi para o outro lado da cama, acendendo a pequena lamparina em cima do criado mudo. Ela encarou o rosto sombrio de Louis e se sentou de frente a ele, agarrando um travesseiro e abraçando-o contra seu peito.

- Tempo é o que não nos falta. - a garota falou. A voz saiu tão rouca que foi difícil compreender o que ela dissera.

Louis via que seus olhos castanhos estavam preenchidos pela curiosidade, embora estivessem com um ar cansado. Ele se ajeitou na cama, respirando fundo e olhando para a noiva. Às vezes, conversar com alguém sobre isso poderia ser realmente melhor... E algum dia, Kira descobriria mesmo.

- Gennevive... - ele começou - Foi minha primeira noiva.

O rosto de Kira passou de curioso para surpreso. Era visível o quanto confusa estava... Claro, quem imaginaria que Louis já fora comprometido um dia, antes de tê-la conhecido.

- Primeira noiva?

- Sim. - Louis passou o olhar para as próprias mãos - E não foi um casamento arranjado, assim como o nosso... Era um casamento real, com duas pessoas que se amavam. - Kira pareceu mais surpresa ainda. Louis, o mesmo cara que quando conhecera era repugnante, mesquinho, já tinha amado alguém. - Eu era muito novo quando nos conhecemos, deveria ter uns 14 anos. Ela tinha se mudado para a casa ao lado e quando a vi pela primeira vez... Foi como se mais nada importasse. Acabamos nos tornando amigos, assim como nossos pais. Por mais que nunca mencionávamos, sabíamos que nossos pais já tinham bolado um futuro para nós dois, era evidente. - Louis fez uma pausa. Um pequeno sorriso se abriu em seu rosto, como se estivesse lembrando de algo significativo - Três anos se passaram e, quando Gennevive completou 16, como desconfiávamos, nos tornamos noivos. Nosso relacionamento, se é que podemos chamar disso, se intensificou desde então... Estávamos felizes, e qualquer um que nos visse, conseguia ver aquilo. - o garoto virou os olhos azuis para os de Kira. Eles não pareciam tristes como ela imaginou que estariam, pareciam até que felizes. Talvez por relembrar lembranças boas . - Foi uma época muito boa.

- E o que aconteceu? - Kira precisou perguntar, afinal, agora, ele estava noivo dela e não da maravilhosa Gennevive, o amor da sua vida.

- Fui para uma viagem com meu pai, uma semana antes do casamento. Ficamos três dias fora e quando voltamos, recebi a notícia de que Gennevive esta doente, com pneumonia... Também... - Louis disse com pesar na voz, soltando um riso irônico logo em seguida - No dia seguinte... Ela... Gennevive... Ela... - Tomlinson desviou o olhar novamente, encarando as mãos inquietas, brincando com os próprios dedos - Faleceu.

Kira sentiu um embrulho no estomago. Talvez não tenha sido uma boa ideia perguntar sobre a misteriosa Gennevive.

- Oh, Louis... Eu sinto muito, eu não queria...

- Não tem problema, Kira. - ele disse com a voz mais baixa - Eu só não consigo entender porque estou passando por isso de novo!

- Eu não vou morrer. - ela disse, com total segurança.

- É isso que o médico disse para mim em relação a Gennevive... Foi isso o que ela disse para mim e, bem, olha onde estou agora.

Kira não sabia o que entender em relação àquela resposta. Não sabia se a intenção era magoa-la, dizendo que não tinha mais a amada, e estava casando obrigatoriamente com uma mulher qualquer. Ou ele apenas quis dizer que Gennevive morreu de qualquer jeito. E ela esperava que a segunda opção fosse a correta.

- Ela está em um lugar melhor.

- É o que todos dizem.

Louis não gostava de se lembrar daquilo, mas algo disse que ele precisava confiar em Kira. E um dos primeiros passos para atingir a confiança é contar segredos. Geralmente se começa pelos pequenos, mas Louis acabou começando com um bem grande.

O clima acabou ficando um pouco tenso. Kira não encontrou os motivos para isso, mas era o que acontecia e Louis também parecia bem desconfortável. Ele se levantou da cama em um impulso, ficando de pé.

- Eu realmente não sei o que dizer. - Kira falou, colocando a franja para trás da orelha.

- Não precisa dizer nada - ele olhou para a noiva - Não mesmo. - ele lançou um sorriso acolhedor para ela - Boa noite, Kira. Descanse, você está precisando. - e dito isso, Louis saiu do quarto.

Quando a porta se fechou, Kira sentiu um turbilhão de sentimentos invadindo seu coração. Sentia tristeza, felicidade, até mesmo medo, mas acima de tudo, sentia raiva. Raiva de si mesma por fazer aquela pergunta. Quem é Gennevive?, por que tinha que perguntar? De alguma maneira ela se sentiu culpada. Culpada por Louis estar se casando com ela, culpada por ter ocupado o lugar que deveria ser da sua amada.

Mas ele te beijou, não beijou? Claro que beijou, mas não quer dizer que ele esteja completamente apaixonado por mim... Como estava por ela, pensou a garota, jogando o corpo para trás, se acomodando na cama. Ou será que ele está? Apaixonado, por mim.

E ela? Estava apaixonada por Louis Tomlinson?

...

- Vamos fazer amanhã, Pai! - Philip massageou as têmporas.

- Você tem certeza de que era ela? - Jack perguntou pela milionésima vez.

- Tenho.

- Mesmo?

- Absoluta.

- Então é uma questão de tempo até que William saiba de tudo...

- Então vamos finalmente parar de brincar com o dinheiro e finalmente tomar a empresa? - Philip suspirou meio aliviado.

- Vamos. - Jack tinha o olhar perdido na janela a sua frente - Peça para o Mark fazer o documento e avise George e Bob que eles faram o que eu mandei quarta á tarde.

- Quarta? - o filho pareceu decepcionado - E se já souberem até lá?

- Deve ter um motivo para não terem vindo até nós nesse dia que tiveram, certo? - o homem se virou para o filho, pegando a taça de vidro em cima da mesa de madeira maciça - Fique tranquilo, filho. Eu tenho um plano.