Capítulo 5

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— Tioooo. -Mattia abraça-o com toda a força.

Continuo parada mas agora também embasbacada e talvez um pouco hipnotizada mas isso fica entre nós caros leitores. Nossaa ele mudou tanto. Lorenzo está quase irreconhecível. Vejo através da roupa que traz vestida os seus músculos bem marcados, as tatuagens visíveis espalhadas pelos braços e pescoço, piercing na sobrancelha e no canto do lábio, o cabelo um pouco grande apenas na parte de cima, bem diferente do que costumava usar na época e para não falar do estilo mais espojado e de cores escuras. Completamente diferente do Lorenzo que vi pela última vez. Para ser mais exata ele está um grande gostoso. Bota gostoso nisso.

— Então pirralho? Vim te buscar. -que voz meu Deus, que voz. Senti minha cueca encharcar. Para já com esses pensamentos Arianna Bittencourt Gonzaga.

— Mas já? Eu ia agora jantar com a tia Ari. -fala tristonho e um biquinho se forma em seguida.

— Tia Ari? -franze as sobrancelhas e só então ele me nota.
— Arianna?? És mesmo tu? A pirralha intrometida? -ok esqueçam o que disse anteriormente. Continua um irritante. Estragou tudo.

— Lorenzo, vejo que continuas o mesmo irritante de sempre. -sorrio de canto e cruzo os braços.

— Uma gostosa mas foi só abrir essa boquinha e puff estragou tudo. -Olha-me este idiota. Quem ele pensa que é? Já vai ve... pera o que? Gostosa? Ele também me acha gostosa?

— Hm poderia dizer exatamente o mesmo sobre ti. -falei baixo mas ele ouviu pois dirigiu-me um sorriso sacana.

— O tio já conhecia a tia Ari!? -só então nos demos conta que temos uma criança no nosso meio.

— Já pirralho. A tua tia era assim quase do teu tamanho quando a vi pela última vez. -fala com cara mais lavada do mundo. Filho da puta ainda goza com a minha altura. Que ódio. Bufo e vejo ele fazer uma falsa cara de desentendido.

— Oh Lorenzo por aqui? -fomos interrompidos pelos meus pais.

— Oh desculpem-me não ter avisado antes mas como estavam todos ocupados decidi vir eu mesmo buscar este pequenote antes que fique muito tarde. -juro que não entendo, como ele consegue ser tão cínico e mudar assim frente às outras pessoas? Ridículo dissimulado.

— Sem problemas meu querido. Já jantou? Íamos agora mesmo jantar. Por favor faça-nos companhia. -oferece minha mãe. Rejeita. Rejeita. Rejeita. Pff. Rejeita. Please.

— Claro. Seria um prazer. -agradece e ainda tem a lata de me olhar de canto e sorrir. Arrombado. Delinquente. Gostoso. Lindo. Quê? Eu estou a ficar louca. É culpa deste idiota.

Jantamos todos num clima de paz. Paz podre. Na minha cabeça só passava mil maneiras de acertar a minha faça na testa daquele idiota irritante.
No final despedimo-nos pois o pequeno já dormia nos braços do tio e como quem não quer nada virei-me sorrateiramente tentando fugir pro meu quarto. Como nem tudo é fácil nesta vida, o jumento pede frente aos meus pais que eu o ajude a carregar as coisas do Matt para o carro. Eu mereço? Deus diz-me só se eu mereço!? Não pude recusar é claro. Os meus pais iriam achar estranho se eu recusasse então dei meia volta e coloquei o meu melhor sorriso amarelo e o segui a contragosto.

— O que pretendes com isto? Se foi amor à primeira vista aviso já que sou difícil e com esse feitio não me vais conquistar. -falo empinando o nariz só para o irritar.

— Quê? Ei não é porque te achei gostosinha que te podes achar a última bolacha do pacote. O teu feitio é bem pior acredita. O que eu quero falar só leva 5 minutos. É algo sério. -diz seriamente enquanto coloca o pequeno na cadeirinha e as suas coisas ao lado.

— Sou toda ouvidos. -cruzo os braços e espero que ele fale. Vejo-o fechar as portas e encostar-se no carro mas sem antes verificar se o pequeno está confortável e a dormir.

— O que tu pretendes fazer? -encaro-o confusa.

— Não entendi onde queres chegar. Vai direto ao ponto. -digo séria. Sinto que não vou gostar da conversa.

— Voltaste depois de anos desaparecida e completamente mudada. Que estás gostosinha eu já te disse mas isto tudo para quê? Pensas te vingar do meu irmão e da tua irmã? -pergunta. Eu não acredito que ouvi isto. Não sei se me ofendo por ele pensar algo assim de mim ou finjo que não ouvi direito.

— Primeiro de tudo obrigada, eu sei bem o quão gostosa estou. Segundo eu jamais voltaria por sede de vingança. O que aconteceu no passado fica no passado. Eles sabiam perfeitamente o que estavam a fazer e que consequências teriam depois. Só quero viver a minha vida em paz e se possível longe deles os dois. Ah e outra, porque pensas logo de caras algo assim de mim? Que eu saiba passamos pelo mesmo, motivos suficientes também terias tu para te vingares deles mas, pelo que vejo, estão a dar-se lindamente visto que até o filho deles vens buscar porque, supostamente, os pombinhos estão ocupados. Ah me poupe. -acusei também.

— Eu não tenho nada contra o pirralho. Ele é uma criança inocente no meio disto tudo. Sabes muito bem que o meu irmão não sabe por completo do meu antigo envolvimento com ela. Ele pensa que a pessoa que mais magoou na história toda foste tu. Se dizes que vens em paz eu acredito. Mas estou curioso quanto a algo. -em certas partes ele tem toda a razão mas ele está a tentar desculpar o irmão assim? O irmão poderia não saber totalmente da intensidade do relacionamento que ele e a Francesca tinham mas ainda assim sabia que eles tinham algo. Foi traidor talarico sim.

— Como eu também não tenho nada contra o menino. Acima de tudo é meu sobrinho e gostei muito de o conhecer. Não vou interferir na família feliz e perfeita que ambos criaram. Podes me perguntar o que quiseres desde que não seja uma pergunta irritante como tu. -tento, no final, amenizar o clima pesado que se estava a instalar.

— Primeiro, eu não sou irritante e sim tu pirralha e segundo, sendo sincera tu ainda o amas? -ora aí está uma pergunta corajosa. Eu já o esqueci? O amor que sentia deu lugar só ao ódio? Também já passou tanto tempo. Nem com ele eu sonho mais. Isso deve ser um sinal, não? Sei que meu coração continua em pedacinhos e não sei se um dia voltará a ser inteiro.

— E tu ainda a amas? -quer fugir a uma pergunta? Faça outra por cima.

— Não estamos aqui a falar de mim. Eu convivo com eles os dois desde então. Eles construíram a família deles dentro da casa que cresci e debaixo do meu nariz. Achas que não fui obrigado a esquecê-la? Quero saber sobre os teus sentimentos pois irás vê-lo uma hora ou outra. -ele parece ser tão destemido e corajoso. Eu nunca fui nem um terço, por isso que eu fui embora.

— Engraçado né somos bem diferentes? Eu fugi do problema e tu encaraste-o de cabeça erguida. Quanto ao amá-lo ou não, já passou muito tempo. O tempo cura tudo. Não é o que dizem? Esclarecido agora? -já me começa a irritar este assunto. Já se passaram 7 anos. Certeza que não sinto mais nada. Talvez só mágoa e rancor.

— Ok desisto, como queiras. Qualquer coisa estarei por cá. Só nós dois sabemos pelo que sofremos e se eu puder te ajudar a enfrentares tudo isto de cabeça erguida eu irei fazê-lo. Não deixarei que nenhum deles te machuque mais uma vez, não mais. -ok isto é estranho. Pela primeira vez na vida ele está a ser simpático comigo. Seria muito melhor se ele tivesse sido sempre assim.

— Obrigada. Digo o mesmo para ti. É melhor ires antes que o Matt acorde. A gente se vê. Boa noite. -despeço-me o mais rápido possível e volto para o meu quarto.

Este dia foi de LOU-COS. Digo se aparecesse mais alguém do meu passado hoje eu ia surtar de vez. Esta conversa com o Lorenzo deixou-me esgotada. Falar de sentimentos é algo que tenho evitado desde aquele fatídico dia. Eu não sou burra, deu para perceber que ele ainda sente algo pela minha irmã mas que aprendeu a conviver com esse sentimento e a guardá-lo a sete chaves dentro dele. Está bastante magoado assim como eu. Somos apenas dois idiotas que foram quebrados pelas pessoas que amavam. Farei de tudo para que ele e eu apaguemos de vez os momentos passados com aqueles dois. Se calhar é esse o meu propósito de vida, ajudar alguém que passou pelo mesmo que eu. E assim adormeci com a promessa de que jamais deixarei que o passado interfira com o meu futuro.

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⏰ Última atualização: Feb 16, 2024 ⏰

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