Capítulo 4

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Oii meus queridos. Primeiramente não me batam!!
Passados anos estou de volta. Yeeeey!! Vou publicar os capítulos que tenho guardados e depois retomar a escrita novamente.. Tentarei pelo menos.
Desculpem.. boa leitura!
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...atualmente...

Estar novamente no quarto que foi meu refúgio por 18 anos trás-me uma enorme nostalgia e vários flashbacks na memória. O quarto está exatamente igual a como o deixei. A estante com dezenas de romances clichês ao qual era viciada, o notebook antigo pousado na escrivaninha ao lado da janela, as muitas fotos minhas e algumas tiradas por mim coladas na parede do lado da cama, o guarda-roupa com pouquíssimas roupas que cá deixei e a decoração bem no estilo princesinha. Sempre fui muito menininha/inocente até me mostrarem da pior forma que o mundo não é cor de rosa como eu imaginava. O quarto emite recordações felizes mas também outras tão tristes. Suspiro recordando-me de minutos atrás quando reencontrei a minha irmã. Não deixei que a nossa conversa se prolongasse muito mais e usei a típica desculpa que estava cansada da viagem e precisava descansar. Meus pais não me impediram quando me retirei para o meu quarto. Os poucos minutos que estive na sua presença percebi algumas coisas. Primeiro que continua casada com ele, segundo que tiveram um filho, e terceiro que continua desprezível. Rapidamente me pergunto se valeu apena tudo o que ela fez, ou melhor, tudo o que eles dois fizeram. Se eles viveram felizes em cima da infelicidade de outros. Se sentem remorsos ou se sentem que deveriam ter agido de maneira diferente na época. Também, sinceramente, pouco me importa agora depois de tudo. Já está feito e nada pode ser alterado. Não vim pra cá para interferir em nada da vida deles, aliás eu pretendo me cruzar o menos possível com os dois. Quero mais é que continuem com esse teatro ridículo, mas longe de mim. Foram escolhas de ambos então que arquem com as consequências boas ou más dos seus atos. Se realmente existe o Karma então o que é deles está guardado e nada irei fazer para interferir.

Decido descansar um pouco até ao jantar. Não faço a menor ideia se ela ainda está cá e não quero correr o risco de me cruzar com ela novamente. Melhor assim. Deito confortavelmente e tento descansar. Que saudades da minha cama.

Acordo 2 horas depois e vejo que descansei menos do que pretendia. Ainda falta para o jantar. Sei que mamma gosta de jantar mais tarde pois espera que o papà chegue do trabalho. Penso que isso não tenha mudado nestes anos.
Ainda teria algum tempo então decidi ir na cozinha ver se precisam de ajuda com algo. Quando passo pelo corredor vejo que um dos quartos de hóspedes que fica ao lado do quarto que era da minha irmã está entreaberto. A curiosidade falou mais alto e entro. É um quarto de criança muito bem decorado em tons de cor azul marinho e cor creme. Sinceramente não me surpreende quando em alguns quadros está o retrato dos três como uma família feliz. Realmente, visto assim parecem ser uma família feliz, se não conhecesse a história até acreditaria. Não fico ali mais tempo pra não correr o risco de analisar mais do que deveria o quanto ele possa ter mudado fisicamente nestes anos. Não quero isso pois não acrescenta em nada na minha vida, só mataria a minha curiosidade e traria mais recordações do passado, coisa que eu quero evitar.
Desço as escadas distraída e assusto-me ao esbarrar num ser pequeno.

— Ei! Estás bem? -pergunto preocupada segurando-o firme. Eu juro que não o vi.

— Estou sim tia. Obrigada. -congelo com a menção da palavra tia. É aí que a minha ficha cai. Meu Deus esta criança apesar de tudo é meu sobrinho, sangue do meu sangue e não posso deixar que o meu rancor pelos pais passe também para alguém tão inocente.

— Tudo bem príncipe eu também não te vi mas tem mais cuidado na próxima. As escadas são perigosas e subir com essa velocidade poderá te fazer cair e depois terás um grande doidói. -sorrio e o pego no colo dirigindo-me para a sala e sentando-me no sofá espaçoso.

— Eu estou acostumado. Mamma não gosta que eu corra lá em casa mas aqui nos vovós eles deixam. Por favor não conta para ela sim? -faz beicinho. É a coisa mais fofa que já vi, e a maneira como fala me deixa surpresa pois para pouca idade ele sabe falar muito bem.

— Oh então será um segredo só nosso. Estás por aqui sozinho? Onde está a vovó? E já agora como te posso chamar? -pergunto com curiosidade.

— Vovó está a descansar. Eu sempre fico com a babá Alda. Ah e eu chamo-me Mattia Gonzaga Lancellotti. Sabias que o meu papá tem um nome muito parecido? Ele é Matteo e eu Mattia. -deu um sorriso orgulhoso. — Meu papá diz que eu serei grande como ele. Eu quero ser igual ao meu papá. -fala todo entusiasmado e com um brilho no olhar. Recordo-me das vezes que ele me dizia que sonhava um dia em ser pai, e mesmo que não admita nunca em voz alta, eu fico orgulhosa em saber que ele aparente representar muito bem esse papel.

— Muito bem Mattia, eu gostei do teu nome. Eu sou a Arianna mas se preferires podes-me chamar de Ari para ser mais fácil. -acaricio os cabelos dele. Ele realmente é um doce e muito inteligente, como é óbvio não herdou isso dos pais. (Risos)

— Tia Ari posso fazer uma pergunta? -pergunta todo acanhado. Oh é tão fofo.

— Claro. Todas que quiseres meu bem. -incentivo

— A vovó disse que és minha tia mas nunca te vi antes. Porquê? -faz uma carinha de curiosidade que achei a coisa mais fofinha alguma vez vista.

— É que a tia morava bem longe e não podia vir aqui mas agora eu vim pra cá e vou ficar por muuuito tempo. -aperto o seu nariz de leve. Ele solta a risada mais gostosa, o que me deixa boba. Então ser tia é isto? Que sentimento quentinho mas ao mesmo tempo estranho.

— Eu gostei de ti. Quero que fiques por muito tempo e que brinquemos juntos. -inesperadamente ele me abraça com força e assim fica no meu colo.

— Posso te contar um segredo? -sussurro no seu ouvido. Ele balança a cabeça em concordância.
— Eu também gostei muito de ti. -confesso e o oiço repetir a mesma risada de mais cedo. Parece que até me dou bem com crianças.

Ficamos a brincar por alguns minutos ou, devo dizer horas? Não sei ao certo porque perdi a noção do tempo enquanto estava na sua companhia. Depois de acabarmos de brincar ao cavalinho o meu pai chega e nos vê deitados no chão ofegantes de tanto rirmos.

— Ora ora o que temos aqui? Vejo que já se conheceram e que se deram lindamente. Já jantaram? -meu pai pareceu realmente feliz ao ver a nossa interação de tia e sobrinho.

— Íamos agora mesmo lavar as mãos para jantar, não é Matt? Meio que perdemos a noção do tempo enquanto brincávamos. -falo mordendo a bochechinha gordinha do pequeno em seguida.

— Sim tia Ari. -fala afastando-se e dando pulinhos de alegria.

— Vão lá enquanto eu procuro a tua mãe. Em algum canto desta casa ela deve estar. -suspira cansado virando-nos as costas sem nos dar tempo de lhe dizer onde mamma estava.

Rimos e saímos logo em seguida até ao banheiro mais próximo. Ao retornar-mos ouvimos a porta da frente bater. Vejo Matt correr parecendo o flash em versão miniatura em direção à pessoa que acabou de chegar. Fico curiosa de quem seja e vou logo atrás do mesmo. Quando me dou conta de quem é paro bruscamente. Cheguei horas atrás e os reencontros não acabam. Reviro os olhos e bufo. Só quero que este dia acabe.

Amore mioOnde histórias criam vida. Descubra agora