Lúcifer poderia facilmente ser confundido com um cachorro sem dono, seguindo Alastor para todos os lados. Mesmo mantendo sua postura impecável, não sabia o que fazer, apenas observando o outro organizar a papelada dos hóspedes e das atividades do dia.
O loiro achava que aquele lugar era uma brincadeira, então ficou surpreso pela grande organização do espaço (e de Alastor). Acabou observando tanto o avermelhado que pensou como ele ficava sexy escrevendo e carimbando os papéis.
– Pode parar de me olhar fixamente? Tá me assustando com a sua feiura.– o Demônio do rádio reclamou, nem olhando para Lúcifer, que corava fortemente – pensamentos impuros, baixinho?
– Planejando como te matar no meio da noite– o mais baixo resmungou – estou entediado, cadê a promessa de diversão?
– Não temos atividades no momento, só uma reunião noturna sobre medos. Vai catar alguma coisa pra fazer, que não me atrapalhe.
O loiro resmungou mais uma vez, começando a mexer nas orelhas de Alastor. Achava aquele detalhe meio fofo, elas eram muito macias. Mas o rabo de servo ganhava de tudo, pois às vezes balançava. O Demônio do rádio era, na verdade, bem adorável.
– Eu falei, que não me atrapalhe! – o avermelhado ameaçou, agarrando Lúcifer com um de seus tentáculos e jogando no sofá.
– Aí seu merda! Insensível! Desgraçado!
– Também te amo, amor! – Alastor respondeu, observando que Veggie os encarava de longe – para de cena! – sussurrou, com um sorriso medonho.
– E você para de ser palhaço, já que sua vida é uma piada! – o mais baixo escondeu seu tom avermelhado com a cartola.
– Hahaha como eu queria te matar agora!
Lúcifer só revirou os olhos, tentando não ligar para o “te amo” dito tão naturalmente. Ele só falou isso para Charlie, e uma vez para Lilith, como era tão fácil para Alastor?
– Televisão, que bom! – o loiro se esticou, já pegando o controle.
– Não ligue isso. – O avermelhado avisou
– Como se eu fosse te obedecer.
O rei dos demônios tomou uma de suas piores decisões ao realizar o ato de ligar aquele aparelho.
Logo de cara, entrou o noticiário, “Os V's” eram praticamente os donos da tecnologia do Inferno, então Vox era o apresentador. Ele tinha um feitio perturbador, Lúcifer não conseguia levá-lo a sério, gargalhando ao ouvir Alastor xingar aquele Demônio tecnológico.
– Nifty, pode me trazer um suco de maçã? – o loiro pediu, muito intrigado no programa, tentando descobrir porque o mais alto odiava.
– Claro! – a pequena saiu da sala, rindo, e voltou extremamente rápido.
Lúcifer agradeceu, assustado com a pequena faxineira, que sorria com seus dentes afiados. O tal programa começou, e o loiro já começava a repensar toda sua vida. Uma foto sua segurando a mão de Alastor reluzia na tela, e Vox gargalhava ao citar seus nomes.
“Pelo que parece, o famoso Demônio do Rádio nos escondeu um grandioso relacionamento, parece que até os ultrapassados podem ser rápidos nesse quesito.” Vox deu uma piscadela, trocando a foto para uma solo de Alastor “Esse verme horrendo conseguiu conquistar um coração, e não tem como adivinhar a metodologia que usou para chamar a atenção de ninguém mais, ninguém menos, que…” Um foto do loiro reluziu na tela, sentado em seu trono “Lúcifer Morningstar! Nosso rei inútil, que não consegue nem impedir os extermínios!”
Lúcifer se sentou, tenso, apertando tanto o copo que este se quebrou em suas mãos. Ele não se importou com a dor dos cortes, apenas a raiva o dominava, deixando seus olhos vermelhos e agressivos. O loiro não era alguém que se descontrolava tão facilmente, mas aquilo era demais para si.
– Desliga essa merda… – o avermelhado tentou se aproximar, mas foi empurrado pelo poder do mais baixo.
– Cala a boca! – ordenou, voltando a ouvir o programa.
“Achávamos que Lúcifer era um homem honesto, comprometido com sua esposa Lilith… mas Ops, ela o deixou a sete anos! Com certeza viria um substituto por puro tensão acumulado e tendo uma filha tao decepcionante” Vox continuava, sem noção dos limites “É isso aí, caros telespectadores, Alastor colocou o rei do Inferno na coleir-”
A televisão desligou, com Alastor segurando o controle repugnado. O coração dele estava acelerado pelo ódio, mas não podia deixar Lúcifer fazer nada no momento, ele mesmo conversaria com Vox. Mesmo assim, o loiro se levantou e marchou em sua direção, puxando seu colarinho.
– Por que você desligou, Alastor! – disse o menor, com a voz alterada – Eu vou matar aquele cubo ambulante.
– Você está muito descontrolado para isso. – O avermelhado tentou segurar os ombros de Lúcifer, mas sua mão foi afastada com força.
– Ele falou da Charlie! – grunhiu – Eu com certeza vou matá-lo, ninguém fala da Charlie!
– Que babado tá rolando aqui? Dr de casal? – Angel entrou na sala, se animando ao ver o caos.
– Agora não Angel!– os dois gritaram juntos, voltando a se encararem com ódio
– Se você não arrumar essa merda, nós terminamos. – o loiro disse, saindo da sala batendo seus pés – Vou falar com minha filha.
– Eu vou conversar com Vox, você dá um jeito de se acalmar! – Alastor responder, detestando o jeito que o outro reagiu – Husk, eu ordeno que mantenha Lúcifer a salvo no hotel, eu já volto.
O Demônio do rádio bateu seu cajado no chão, se envolvendo em sombras e aparecendo fora do hotel, caminhando para seu destino com um sorriso de puro ódio no rosto. Os demônios a seu redor se afastaram, com medo de serem suas vítimas. Mas apenas ouvir o que falavam de Lúcifer, fez largar seu trabalho, torcendo para que não causasse transtornos.
Caminhou tranquilamente, como se fosse dono das ruas e sabendo que ninguém poderia para-lo. Logo avistou aquele prédio azul, que tanto odiava, e adentrou direto para o elevador. Sentia a presença de Vox em cada mísero telemóvel, o que fazia odia-lo ainda mais.
Assim que o elevador parou, próximo a cobertura, uma voz irritante soou.
– Alastor! Quanto tempo! Sete anos desde sua fuga medíocre? – o Demônio tecnológico ria, em puro deboche.
O avermelhado entrou naquela sala com sua raiva completamente reprimida, não sabia se poderia acabar com Vox em seu próprio ambiente de trabalho, mesmo que fosse fácil. Pretendia primeiro falar, pelo bem estar de Lúcifer e seu falso relacionamento com ele.
Vox poderia ter sido um de seus casos passageiros, entretanto, nunca se importou com os sentimentos dele. Eram apenas ficantes, saiam para fumar juntos no telhado, bebiam e iam a cassinos, nada demais para Alastor. Mas acabou que se tornou motivo de ódio em ambos, da forma que tudo terminou.
Quando o Demônio do rádio se recusou a 7fazer sexo e entregar sua virgindade para o azulado, as brigas começaram. Assim veio a troca de farpas e a completa divisão dos dois canais comunicativos do Inferno.
– Não trouxe sua cadelinha? – Vox questionou, se aproximando desafiador
– Milagre você não estar trancando com a sua puta particular, pode parar de se esconder Valentino. – retrucou.
Uma fumaça vermelha apareceu por todo o lugar, e aquele Demônio mariposa apareceu, caminhando majestosamente.
– Não se incomode, Alastor, só vim lembrar meu parceiro para não reciclar um lixo como você. – E tão rápido quanto apareceu, o mais alto sumiu.
As orelhas de Alastor se abaixaram de incômodo ao ter os olhos de Vox sobre si novamente, sentia todo o rancor voltando. Era hora de encarar aquela caixa cheia de fios e acabar com sua conexão de vez.
– Vamos conversar, seu maldito.
Os olhos de Alastor ficaram negros como a noite, e uma áurea verde os envolvia. Vox tentou manter sua postura, mas sentia seu corpo tremer só pela presença.
– O que você quer em troca de deixar Lúcifer em paz?
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FanficAlastor tem uma proposta de acordo para Lúcifer, e juntos terão que lidar com as consequências. Ódio pode mesmo tornar-se um sentimento tão oposto quanto o amor?