Cidade Canibal

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Lúcifer acordou lentamente, piscando para se acostumar com a luminosidade do quarto. Mais uma vez se viu sozinho na cama, pois Alastor sempre conseguia acordar cedo, mesmo nos dias mais estressantes. “Estou tendo uma rotina com aquele merda?” o loiro pensou, se odiando por saber tanto do avermelhado.

Nem fazia tanto tempo que repartia um quarto com o maior e já notava os detalhes, como a forma que o lado da cama do Demônio parecia sempre organizada, e como ele ria ao saber que o famoso rei do Inferno dormia até meio dia. “Isso é alguma maldição, só pode!” Lúcifer cobriu seu rosto com o cobertor, querendo fazer birra por sentir falta do calor do outro na cama.

– Bom dia, princesa.

O menor se sobressaltou ao ouvir aquela voz microfonada ao seu lado, não acreditando que não notara a presença de Alastor em sua frente. Ele estava sentado na beira da cama, com o maldito sorriso satisfeito.

– MAS QUE PORRA ALASTOR! – Lúcifer gritou, jogando seu travesseiro no demônio.

– Vou mandar retirar essas merdas se você continuar jogando.

– Fique feliz por ser um travesseiro, não uma faca.

E aquela risada soou pelo cômodo, arrepiando o loiro por inteiro.

– Venha almoçar, temos negócios a resolver.

– Não fala como se fosse a porra de uma secretária, seu velho safado.

– A donzela acordou irritada?

Mais um travesseiro acertou em cheio o rosto de Alastor, fazendo Lúcifer comemorar com seu triunfo. Mas dessa vez, o Demônio do rádio não deixou por isso, jogando de volta com uma força desnecessária. Gritando xingamentos, o loiro ficou de pé na cama, agarrando o travesseiro de qualquer jeito para bater no avermelhado. Assim, os dois ficaram trocando farpas e se acertando com tal objeto macio, rindo e debochando sempre que conseguiam acertar.

Mas a gravidade nunca foi muito fã do anjo caído, fazendo o mesmo se desequilibrar ao se preparar para devolver um golpe em Alastor. Lúcifer mal teve tempo de retomar sua pose, esperando cair drasticamente no chão, porém, tal ato não chegou a acontecer. Sentiu apenas mãos agarrarem suas costas com prontidão, levando assim o loiro pro chão junto com o avermelhado.

Foi simplesmente a cena mais constrangedora da pós morte do menor, pois se encontrava caído em cima do maldito Demônio do Rádio. E quando ergueu seu rosto para ver o que aconteceu, desejou ter sido assassinado pelos anjos, já que seu rosto estava a poucos centímetros de Alastor, e seus corpos estavam grudados de uma forma nunca antes realizada.

Lúcifer sentiu seu rosto queimar de vergonha, seu corpo era mais ativo sexualmente do que queria, e se amaldiçoou ao sentir um maldito formigamento no estômago. Entretanto, afastou seus pensamentos ao lembrar daquilo que Alastor o confessou em seu primeiro encontro. A falta de interesse nessas práticas, vindas do avermelhado, apagaram a ideia da mente do loiro, que tentou se levantar envergonhado.

– Que engraçado né, esse lance gravitacional – o menor riu, desconfortável.

– Lúcifer você…

A porta foi aberta por Veggie, sem nenhum aviso prévio aos dois. Quando viu o casal daquele jeito, no chão, a garota imaginou o pior, tentando empurrar Charlie pra longe.

– Se vistam, seus nojentos! – a platinada berrou, lembrando a dupla que Lúcifer estava sem a camiseta.

– Não acredito! – era possível ouvir isso gritos da loira por trás da porta, deixando ambos ainda mais desconfortáveis.

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