Capítulo 6

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                             Alice Grace
                                            ☾

Neste exato momento, estou sentada na última cadeira da fileira, com a cabeça apoiada na mesa. O barulho ao redor se mistura com meus próprios pensamentos, cada vez mais caóticos. Não aguento mais esse inferno. Preciso urgentemente continuar com o plano da expulsão.

A porta se abre. O som dos passos ecoa pela sala, obrigando-me a erguer a cabeça. E então, lá está ele.

O perfume.

Aquele cheiro invade meus sentidos como uma lembrança não convidada, apertando meu peito com uma força inexplicável. Meu estômago revira. Por que esse perfume me entristece tanto?

Meus olhos buscam a origem, e é impossível ignorar quem está ali. James. Ele se aproxima lentamente, a expressão no rosto uma mistura de confusão e algo que não consigo identificar. Quando nossos olhares se cruzam, o ar parece pesar, denso. Ele me encara como se procurasse algo em mim, mas não digo nada.

Eu apenas desvio os olhos, tentando esconder o tremor em minhas mãos.

[...]

No intervalo, comi apressada, quase engasgando, enquanto Lauren me olhava com as sobrancelhas erguidas.

— O que deu em você? — ela perguntou, mas não esperei para responder. Saí correndo antes que ela insistisse.

Segui diretamente para o meu quarto, onde peguei tudo o que precisava. Com um sorrisinho travesso nos lábios, caminhei até a área da natação.

— Hora de começar o trabalho — murmurei para mim mesma, enquanto abria os frascos de corante vermelho.

Comecei despejando o líquido na piscina, assistindo à água cristalina se transformar em uma cena digna de um crime.

— Parece que eu matei alguém. Credo. — Acabei rindo da minha própria fala.

Com a piscina agora parecendo um mar de menstruação, completei o serviço despejando um saco inteiro de bolinhas de gude. Elas mergulharam na água tingida, desaparecendo no fundo como pequenos cristais.

Olhei em volta me assegurando das câmeras de segurança estarem focadas na minha bagunça.

— Que o azarado que tiver que arrumar isso me perdoe. — Sorri novamente, satisfeita com minha obra-prima.

Estava terminando de arrumar tudo para vazar, satisfeita com o caos que tinha deixado para trás, quando senti meu pé escorregar em uma bolinha de gude solta no chão. O grito escapou antes que eu pudesse pensar, e, num instante, meu corpo encontrou a piscina.

O desespero tomou conta. Me debati, tentando subir, mas meus movimentos descoordenados apenas me puxavam para baixo. O coração martelava no peito, e o pensamento que passou pela minha mente foi tão ridículo quanto trágico.

17 anos nas costas e ainda não saber nadar? É assim que acaba?

Era irônico, quase cômico. Estou colhendo exatamente o que plantei. Um plano perfeito, estragado por uma única bolinha de gude.

Minha visão começou a embaçar, e por um momento, fiquei até ansiosa para saber a aparência do Diabo. Sempre imaginei que seria algo grandioso, assustador.

Mas, sinceramente? Eu já o conheço. Vejo ele todo dia no espelho.

E daí?

Com o último resquício de ar escapando dos meus pulmões, pensei: Adeus.

A consciência estava indo embora, a escuridão me envolvendo, eu claramente já estava enxergando a luz quando senti mãos firmes me puxarem para cima. Meu corpo foi erguido da água, e o choque do ar frio na pele molhada me fez estremecer.

Hate (me) YouOnde histórias criam vida. Descubra agora