Então é Sim

3 1 0
                                    


 O Toyota Prius prata cruzou os portões da escola  sob o olhar admirado de uma dúzia de garotos. Bruno, sentado no banco traseiro, estava visivelmente orgulhoso, mas Lucy sentia-se embaraçada. O carro contrastava demais com os que se encontravam no estacionamento reservado a pais e professores.

 Quando Debora desceu do veículo, o burburinho cessou. Sua figura alta e esguia intimidou os meninos, que se aproximavam silenciosamente, para examinar o carrão de perto. Bruno desceu também, e foi cercado por eles.

- É o carro da sua mãe? - Lucy ouviu alguém perguntar e sentiu um arrepio na espinha.

 Bruno olhou na direção da mãe, como se pedisse autorização para mentir.  Ela nada disse. Os rituais de status dos homens erar incompreensíveis, mas não estava disposta a expor o filho no primeiro dia de aula, dizendo que Debora era apenas sua tia.

 Uma mulher miúda, de gestos elegantes, as recebeu. Era a sra. Vera Martins, a diretora da escola.

- Ah, sra. Souto-Maior e... sra. Souto -Maior, entrem. Fico feliz por ver ambas. è muito importante que a família se interessem pela educação do filho. 

Lucy sentiu que corava violentamente.

- Ah, eu...

- Na verdade não sou uma das mães do Bruninho. - Debora interrompeu. - A outra mãe dele se chamava Leda, minha prima que faleceu a pouco.

Oh entendo. Sinto muito.

- Não se preocupe.

 A sra. Vera caminhou até a mesa, atrás da qual sentou-se. Havia muitos quadros e colagens na s paredes. Obras das crianças. Lucy gostou daquilo. Era reconfortante saber que a diretora gostava do que fazia.

- Acho que desejam saber em qual classe Bruno vai estudar. - A diretora sorriu, simpática. - Decidi colocá-lo na classe da Srta. Kelly e avaliar seu desempenho. Nosso sistema de educação foge um pouco dos padrões convencionais - observou, dirigindo-se a Lucy. - Mas pelos resultados dos testes, acho que ele não terá dificuldade em se adaptar a uma turma  mais adiantada.

- Ótimo. - Lucy sorriu. Sabia que o filho era muito inteligente para a idade.

 A srta. Kelly virá em minuto para levar Bruno para a sala de aula. Nesse meio tempo, se não se importam, podemos conversar sobre alguns detalhes. - abriu uma gaveta e retirou um formulário. - Preciso de informações básicas como o nome do médico, telefone de parentes próximos. Também preciso saber se existe alguma pessoa com a qual possamos entrar em contato caso não consiga encontrar a senhora.

 Depois de responder às perguntas iniciais, Lucy hesitou, olhando com relutância para Debora. Obviamente, era a pessoa mais indicada.

- Acho que se não me encontrar, pode entrar em contato com a minha... com a prima da minha esposa. Com Debora.

- Claro. - A Sra. Vera sorriu, satisfeita, anotando o nome dela. - Qual seu endereço por favor?

- O mesmo da mãe do menino. - Ela respondeu, despreocupada.

 O sorriso da mulher desapareceu, mas ela não fez nenhum comentário. Lucy olhou com desaprovação para Debora, que apenas ergueu os ombros. Afinal, não dissera nenhuma mentira.

  A professora de Bruno apareceu em seguida. Lucy sentiu que podia deixar o filho aos cuidados dela. 

- Venha comigo, Bruno. Que acha de conhecer os outros meninos da sua classe? -  a moça sugeriu carinhosamente, depois de apresentada a Lucy e Debora. - Diga até logo para suas mã... - cortou a frase , lançando-lhes um olhar de desculpas.

A PropostaOnde histórias criam vida. Descubra agora