Cap. I

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Estávamos em mais uma discussão. 

Ultimamente os nossos momentos juntos eram pautados por discussão atrás de discussão.

Os temas eram sempre coisas banais.  Hoje por exemplo era a roupa que eu havia separado para o evento da noite.

- Muito transparente.  Vê-se tudo.  Mulher minha não sai assim à rua.

- À pois então tu trata de arranjar uma mulher que se vista de freira.   Eu vou sair assim quer tu queiras ou não.

- Tens a certeza?

- Absoluta.  Eu quero, eu gosto, eu vou.  Já lá vai o tempo de macho mandar na mulher.
Não é uma roupa que faz meu carácter.

- Se insistires nessa roupa eu saio por aquela porta e não volto mais.

Juliette já estava farta da conversa e de sempre ter este clima cada vez que iam sair juntos.

Foi em direcção à porta, abriu-a e deu-lhe passagem.
Faça o favor e boa viagem.

- Sério isso, Juliette!  Vais terminar comigo por causa da bobagem de uma roupa?

- Muito sério.  Quando aprenderes a respeitar a vontade de uma mulher, sem julgamentos,  aí pode dizer-se que estás pronto para um relacionamento.   Até lá,  bye bye e não voltes.

Rodolffo nem queria acreditar que estava a ouvir aquilo.  Sempre questionou as roupas dela, mas sempre conseguia fazê-la mudar de opinião.
Nunca foi chutado assim com tanta firmeza.

Saiu de casa dela disposto a não deixar que ninguém estragasse a sua noite.

Chegou a casa e preparou-se para sair.

A festa era de aniversário de um amigo e decorria num dos bares mais badalados da cidade.

Todos os seus amigos estranharam ele ter chegado sózinho, ao contrário da mulherada solteira e algumas casadas que adoraram.

As mais atrevidas viram ali uma oportunidade para dar o bote.

Rodolffo dirigiu-se ao bar e pediu um conhaque.   Precisava de algo forte.

- Ei, Rodolffo! Cadê a Ju?

- Não sei, nem me interessa. - bebeu a bebida de um trago e pegou outra.

Naquele preciso momento, Juliette aparecia na porta, linda e deslumbrante.
Todos os olhares, de homens e mulheres, se voltaram para ela.

Vestia um macacão preto, semi transparente que deixava ver as laterais da calcinha e o soutien.  Nada demais poderíamos dizer, mas para Rodolffo aquilo era demais.

Os stiletos com brilhantes e a carteira compunham o look.  Os cabelos, esses  estavam presos bem lá no alto, como Rodolffo detestava pois amava o cabelo dela solto.

Hoje ela estava decidida a ser ela.  Se não for para causar, nem saio de casa, pensou.

Rodolffo assim que a viu, cerrou os punhos e bebeu todo o líquido do copo.

- Vai com calma Rodolffo.   A noite só está começando.

- Mete-te na tua vida, Pedro.  Serve aí mais uma dose.

Juliette aproximou-se do balcão e ignorando-o completamente pediu um gin tónico.
Pegou no copo e seguiu em direcção a uma das mesas onde estava um grupo de homens e mulheres.

A conversa ali estava muito animada, pois todos gargalhavam

Rodolffo observava de longe incomodado com os olhares constantes dos homens sobre ela.

Ruth acabara de entrar.  Deu uma vista de olhos geral pela sala e logo descobriu Rodolffo sózinho ao balcão.
Aproximou-se e foi logo colocando uma mão sobre a perna dele.

- Sózinho?  Mas que novidade.  A Juliette não veio?

- Veio.  Está além, porquê?

- Ishhh!  Já vi que esta noite não é a tua noite.  Brigaram?

- De vez.  Acabou.

- Ah.  É só mais uma briga.   Já estamos acostumados.

- É sério.   Deste vez não tem volta.  Olha como ela se vestiu para vir.

- É.  Um pouco ousada demais, mas se ela gosta.

- Mas eu não gosto.

- E tu gostas como?  Eu estou bem?

- O decote está ousado, mas ninguém vê a tua bunda assim como a dela.

Ruth era uma das que esperava fisgar o Rodolffo e esta podia ser uma boa ocasião.

- Mas, achas o meu decote muito ousado?

- Um pouco.

- Então vou vestir a jaqueta.

E por ali ficou dando uma de sonsa e alimentando o ego dele.

-

Me conta o restoOnde histórias criam vida. Descubra agora