- André, como vamos fazer?
- Artur. Por mim eu devolvo o dinheiro, até porque se ele investigar os outros anos não são só 4 milhões.
- Até posso devolver o dinheiro, mas o caso não termina aqui. Eu sempre fui dedicado à carreira dele. Não era para terminar assim, mas eu sei quem é o culpado.
- Os culpados somos nós que não fomos muito honestos.
- Vou-me vingar. Isto não fica assim.
- Por mim eu devolvo a minha parte e saio da vida deles. Não quero passar pelo constrangimento de ter a minha licença caçada.
- Eu dou-te a minha parte e tu fazes o pagamento completo. Não que olhar na cara deles nunca mais.
No dia seguinte, André foi até Rodolffo e entregou o comprovativo de transferência de 4 milhões para a conta da empresa.
Pediu desculpa mais uma vez e seguiu viagem.
Rodolffo conforme prometido retirou a queixa e deu início devolução do dinheiro.
Depois de tudo, Vasco manteve-se no escritório e Rodolffo não fez mais contratações por enquanto.
Juliette ficou satisfeita pelo facto de terem resolvido a questão, mas sabia que as coisas não seriam fáceis para o namorado. A equipa estava reduzida e não tinham quem vendesse o show. Rodolffo quis tomar o assunto a seu cargo, mas estava ciente que não era viável.
Ou cantava ou tratava das relações comerciais.Os conhecimentos de advocacia de Juliette levaram-na a vários contactos.
Outrora havia defendido um relações públicas numa questão trabalhista e resolveu telefonar-lhe e pedir ajuda para Rodolffo.
António, assim se chamava o moço, aceitou conversar com Rodolffo e ficar dois meses com ele. A àrea de trabalho dele era diferente, mas estava aberto a novas experiências.
Como esta semana não haveria show, combinaram encontrar-se no sábado para definir estratégias.
Juliette tinha terminado o seu expediente. Mais cedo tinha combinado jantar na casa de Rodolffo.
Saiu do escritório, entrou na carro e dirigiu-se para casa.
Porque ia voltar a sair não estacionou o carro na garagem.
Em vez disso, estacionou ao lado de casa em plena via pública.Abriu a porta do carro e saiu para de seguida sentir uma mão e um pano húmido, na sua cara, dificultando a respiração.
Tentou debater-se, mas perdeu os sentidos de imediato.
Àquela hora não se via ninguém na rua. A noite já caía e as luzes da cidade já se acenderam.
Juliette não tem noção de quanto tempo se passou até acordar num barracão amarrada e amordaçada.
Olhou em volta e apenas uma luz vinda do exterior entrava pela lateral do barraco. Não havia vestígios de gente. Com esforço conseguiu retirar a mordaça.
Chamou, gritou, mas não veio ninguém. Gritou uma boa parte da noite mas foi em vão.
Pela madrugada ouviu o ranger da porta. Olhou e viu um vulto.
- Como está a princesinha?
- O que queres de mim, Artur?
- Relacha sua vadia. Vou usar-te para recuperar o meu dinheiro e depois trato de ti. Eu sabia que o teu regresso para o Rodolffo ia ser a ruína dele.
- Tu é que foste a ruína dele, seu ladrãozeco.
- Zásss. Artur desferiu uma bofetada no rosto da Ju fazendo um pequeno corte nos lábios.
Com os lábios a sangrar e a face da Ju vermelha, Artur fez um video onde pedia 6 milhões em troca dela.
- Quando eu tiver o dinheiro em minha posse, vou usar este corpinho de todas as maneiras e depois largar-te numa esquina qualquer.
- Tu e o teu namorado vão arrepender-se e nessa altura já estarei longe.
- Deixa-me ir, Artur. Ainda dá tempo. Eu apareço, invento um acidente e ninguém vai ficar sabendo.
- Não, minha cabra. Eu quero ver o teu namoradinho desesperado à tua procura e ainda quero os meus milhões.