Foram dois dias maravilhosos que passei com Rodolffo no chalé.
Regressámos depois do almoço. Hoje mais tarde ele já viajava para mais uma maratona de shows. Não sei quando o verei mas não querendo dar palpite na sua vida, falei enquanto regressávamos.
- Amor! Não achas que estás a exagerar na quantidade de shows?
Tem fins de semana com dobradinha e tudo!- É. Eu sei que é exagerado, mas preciso respeitar os contratos suspensos.
Vou pedir ao Artur para maneirar. Já vi até pessoal da equipa a reclamar porque não está com a família faz tempo.- Cuidado para não teres um esgotamento. Fora que a gente vai ficar um tempão sem se ver.
- É verdade. Eu vou dar um jeito.
Deixou-me em casa e despedimo-nos com um beijo demorado.
Deixei Juliette já sofrendo com saudade e fui para casa arrumar a mala para a viagem. Pelo menos 15 dias iria estar fora, então a mala era grandona.
Durante o trajecto fui trocando ideias com Artur até que toquei no assunto que queria.
- Artur, quantos shows faltam para terminar os contratos pendentes?
- Dois ou três. Depois é o normal.
- Depois de termos regularizado isso eu quero apenas fazer 4 shows por semana.
- O quê? 4 shows? Mas, Rodolffo, a procura pelo teu show está no auge. Não podemos simplesmente desperdiçar esta oportunidade.
- Não me interessa. Trabalho é bom mas não é tudo. Voltei com a Ju e também já ouvi parte da equipe reclamar da falta da família.
- É sempre a Juliette. Cada vez que ela aparece, a tua vida dá dois passos atrás.
- Os problemas que eu tive, foram exclusivamente por minha culpa. Qual é a implicância que tens com ela?
- Nenhuma. Só acho besteira não aproveitares esta onda para fazer dinheiro.
- Dinheiro não é tudo. Eu preciso estar com ela de vez em quando.
- Arranjamos uma folga a cada quinze dias, eu prometo,!
- Não, 4 shows no máximo e não há nada que altere isso. De vez em quando até posso incluir um ou dois a mais mas isso não pode ser regra.
- Ainda acho bobagem, mas tu é que sabes.
Notei que Artur não tinha ficado muito satisfeito, mas era uma de isso minha.
Não falámos mais sobre o assunto e continuámos a nossa digressão.
Hoje eu estava sózinho no camarim. Artur alegou ter um problema familiar e não me acompanhou.
O contratante que por sinal era amigo de longa data veio até mim dar-me um abraço e parabenizar-me. O recinto estava lotado e prometia ser um bom espectáculo.
- Amigo, Rodolffo. Vai ser top. Aliás, antes de ires embora eu quero já pedir-te que reserves na tua agenda uma vaga para o evento do próximo ano.
- Está reservado. E digo mais, nem vou aumentar preço. Vou manter os 400 mil deste ano.
- Como assim, 400 mil? Este ano eu paguei 480 mil.
- Não, foi 400 mil. Eu vi o contrato.
- Foi 480 mil, Rodolffo. Mostro-te o contrato depois do show.
Eh tinha a certeza que tinha visto 400 mil no contrato e não disse mais nada.
Fiz o show um pouco tenso e no final lá estava o contrato com a verba de 480 mil, bem visível.
- Costa! Vou pedir-te um favor. Não digas a ninguém sobre esta nossa conversa. Vou investigar e depois contacto. Não contes nem ao Artur por favor.
- O que achas que aconteceu?
- Não quero nem pensar. Obrigado.
No meu escritório trabalhavam várias pessoas incluindo a equipe de advogados.
Na manhã seguinte, liguei para Cristina, uma das secretárias e muito fã.
- Bom dia Cristina.
- Bom dia Rodolffo. Agora meu dia melhorou.
- Preciso de um favor teu.
- Diga, gato.
- Preciso de uma cópia do contrato de todos os shows deste ano. Não precisa o contrato todo, apenas o nome do contratante e o valor do show. E que isto seja segredo nosso.
Podes fazer isso e mandares entregar na minha casa?
- Vou fazer, mas é capaz de demorar um pouco.
- Não faz mal. Só volto dentro de 10 dias.
- Ok. Assim dá tempo suficiente.
Desliguei o telefone e tentei pensar em coisas boas.
Liguei para a Ju e ficámos à conversa por longo período.