Cap. X

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Foram dois dias maravilhosos que passei com Rodolffo no chalé.

Regressámos depois do almoço.  Hoje mais tarde ele já viajava para mais uma maratona de shows.   Não sei quando o verei mas não querendo dar palpite na sua vida, falei enquanto regressávamos.

- Amor!  Não achas que estás a exagerar na quantidade de shows?
Tem fins de semana com dobradinha e tudo!

- É.  Eu sei que é exagerado, mas preciso respeitar os contratos suspensos.
Vou pedir ao Artur para maneirar.  Já vi até pessoal da equipa a reclamar porque não está com a família faz tempo.

- Cuidado para não teres um esgotamento.  Fora que a gente vai ficar um tempão sem se ver.

- É verdade.  Eu vou dar um jeito.

Deixou-me em casa e despedimo-nos com um beijo demorado.

Deixei Juliette já sofrendo com saudade e fui para casa arrumar a mala para a viagem. Pelo menos 15 dias iria estar fora, então a mala era grandona.

Durante o trajecto fui trocando ideias com Artur até que toquei no assunto que queria.

- Artur,  quantos shows faltam para terminar os contratos pendentes?

- Dois ou três.  Depois é o normal.

- Depois de termos regularizado isso eu quero apenas fazer 4 shows por semana.

- O quê? 4 shows?  Mas, Rodolffo,  a procura pelo teu show está no auge.  Não podemos simplesmente desperdiçar esta oportunidade.

- Não me interessa. Trabalho é bom mas não é tudo.  Voltei com a Ju e também já ouvi parte da equipe reclamar da falta da família.

- É sempre a Juliette.   Cada vez que ela aparece, a tua vida dá dois passos atrás.

- Os problemas que eu tive, foram exclusivamente por minha culpa.  Qual é a implicância que tens com ela?

- Nenhuma.  Só acho besteira não aproveitares esta onda para fazer dinheiro.

- Dinheiro não é tudo.   Eu preciso estar com ela de vez em quando.

- Arranjamos uma folga a cada quinze dias, eu prometo,!

- Não,  4 shows no máximo e não há nada que altere isso.  De vez em quando até posso incluir um ou dois a mais  mas isso não pode ser regra.

- Ainda acho bobagem, mas tu é que sabes.

Notei que Artur não tinha ficado muito satisfeito,  mas era uma de isso minha.

Não  falámos mais sobre o assunto e continuámos a nossa digressão.

Hoje eu estava sózinho no camarim.  Artur alegou ter um problema familiar e  não me acompanhou.

O contratante que por sinal era amigo de longa data veio até mim dar-me um abraço e parabenizar-me.  O recinto estava lotado e prometia ser um bom espectáculo.

- Amigo, Rodolffo.   Vai ser top.  Aliás, antes de ires embora eu quero já pedir-te que reserves na tua agenda uma vaga para o evento do próximo ano.

- Está reservado.  E digo mais,  nem vou aumentar preço.   Vou manter os 400 mil deste ano.

- Como assim,  400 mil?  Este ano eu paguei 480 mil.

- Não,   foi 400 mil.  Eu vi o contrato.

- Foi 480 mil, Rodolffo.  Mostro-te o contrato depois do show.

Eh tinha a certeza que tinha visto 400 mil no contrato e não disse mais nada.

Fiz o show um pouco tenso e no final  lá estava o contrato com a verba de 480 mil, bem visível.

- Costa!  Vou pedir-te um favor.   Não digas a ninguém sobre esta nossa conversa.  Vou investigar e depois contacto.  Não contes nem ao Artur por favor.

- O que achas que aconteceu?

- Não quero nem pensar.  Obrigado.

No meu escritório trabalhavam  várias pessoas incluindo a equipe de advogados.

Na manhã seguinte, liguei para Cristina, uma das secretárias e muito fã.

- Bom dia Cristina.

- Bom dia Rodolffo.   Agora meu dia melhorou.

- Preciso de um favor teu.

- Diga, gato.

- Preciso de uma cópia do contrato de todos os shows deste ano.  Não precisa o contrato todo, apenas o nome do contratante e o valor do show.  E que isto seja segredo nosso.

Podes fazer isso e mandares entregar na minha casa?

- Vou fazer, mas é capaz de demorar um pouco. 

- Não faz mal.  Só volto dentro de 10 dias.

- Ok.  Assim dá tempo suficiente.

Desliguei o telefone e tentei pensar em coisas boas.

Liguei para a Ju e ficámos à conversa por longo período.

Me conta o restoOnde histórias criam vida. Descubra agora