Cap. XIV

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Rodolffo olhou em volta e a única coisa que viu foram os sapatos de Juliette.

Correu para o exterior e gritou o nome dela mais alto que pode.

Olhava o chão e procurava os vestígios de sangue que pudessem dar-lhe alguma indicação.

Os vários polícias seguiram e dispersaram-se na mata. 

Artur foi enviado para o hospital numa ambulância.

Rodolffo chegou onde a quantidade de sangue era maior.  Era o local onde Ju estivera a descansar.

Numa àrvore,  uma marca de mão.  Seguiu por ali, chamando o seu nome constantemente.

Juliette ouvia o seu nome ao longe.  Já sem forças , não entendia se era verdadeiro ou fruto da sua imaginação.   Sentou-se no chão e caiu sobre um amontoado de galhos secos.

Os olhos teimavam em fechar-se, mas ela sabia que tinha que continuar.  Vencida pelo cansaço deixou-se ficar.
As dores nos pés e mãos eram insuportáveis.

Rodolffo corria a cada pingo de sangue que descobria, seguido por dois policiais.

- ACHEI!!!

Juliette estava no chão sem reacção.

Rodolffo tomou-lhe o pulso e segurou-a no colo, dando-lhe tapinhas no rosto.

- Acorda, amor.  Sou eu.  Estás salva daquele monstro.  Acorda.

Aos poucos ela foi retomando a consciência e Rodolffo pegou nela ao colo,  regressando à estrada onde uma ambulância os esperava.

Prestados os primeiros socorros, seguiram para o hospital onde tiveram a notícia de que Artur chegou sem vida.

Juliette acordou, olhou em volta e percebeu onde estava. Olhou para o lado e Rodolffo segurava a sua mão adormecido com a cabeça junto ao seu braço.   Ela moveu a mão e ele acordou.

- Amor!  Estás bem?

- Tenho dores.

Rodolffo chamou a enfermeira que adicionou antibiótico ao soro.

- Já  vão passar as dores, disse a enfermeira.  Tome essa àgua que está aí na mesinha.

Rodolffo alcançou o copo e ajudou-a a beber.

A enfermeira saiu e Rodolffo fez festinhas no rosto dela.

- Desculpa.

- Tu não tiveste culpa.  Aquele tarado queria magoar-te e usou-me.  Espero que seja preso.

- Ele morreu, Ju.  Perdeu muito sangue.

- E agora?  Vou presa.

- Claro que não.   Agiste para te defenderes.

- Como me encontraram?

- Depois eu conto.  Agora só precisas de descansar.

- E tu?  Há quanto tempo estás aqui?

- Eu descanso enquanto tu descansas.  Fica boa, amor.

Dei-lhe um beijo nos lábios e ela voltou a adormecer.

O fim de semana chegou e com ele os shows.
Eu não estava confortável para viajar e deixar Juliette sózinha.

Estava na minha casa desde que saira do hospital e estava com licença do trabalho dela.

- Eu não quero ir viajar e tu aqui.

- É o teu trabalho, amor.   Eu fico bem.  Só preciso sarar melhor os pulsos e tornozelos.   De resto estou bem.

- Mesmo assim.  Como é que eu posso dar tudo ao meu público se não estou bem?
Toda a gente viu as notícias que correram sobre o assunto.  Nas entrevistas vão perguntar, as pessoas vão falar.

- E tu vais responder como sempre sem fugir do assunto.
Gravamos um vídeo sobre o assunto e depois não respondemos a mais perguntas, queres?

- Achas bem?

- Acho que é a melhor solução.

Ainda assim.  Custa-me ir e deixar-te.

- E se eu te acompanhar?

- Sério?  Tinhas coragem de ir?

- Está decidido.  Eu acompanho-te nos próximos shows.  Não vou trabalhar, mesmo!

- Obrigado, amor.  Amo-te muito.

Demos um beijo apaixonado e fomos arrumar as malas.

Nessa noite senti que ele conseguiu dormir sem sobressaltos.   Desde o ocorrido que vinha tendo pesadelos.

Acordei com Rodolffo abraçado a mim.  Tentei sair do abraço e ele apertou-me mais.  Chamei-o baixinho,  mas ele estremeceu.

- Dormiste bem?

- Hoje dormi, mas agora estava a sonhar que te tiravam de mim.

- Ninguém me vai tirar de ti.

- Eu sei. Não vou deixar.

Continuámos ali abraçados um ao outro apenas curtindo o momento enquanto o dever chamava porque faltava poucas horas para viajar.

Me conta o restoOnde histórias criam vida. Descubra agora