Cap. V

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Nas semanas seguintes, Juliette organizou uma dinâmica com todos os FC de Rodolffo.

Estava empenhada em que a música dele não caísse no esquecimento nem caísse no ranking das plataformas digitais. Organizaram maratonas e a verdade é que elas não desceram como ainda subiram algumas posições.

A par disso ainda fizeram algumas acções sociais em prol de grupos desfavorecidos. As dinâmicas requeriam tempo e disponibilidade mas no fim todos estavam satisfeitos.

Por todo o lado, no boteco, na praia, no shopping ou num qualquer espaço comercial sempre tocava uma música de Rodolffo.

Enquanto isso no Tibete.

Rodolffo precisava de se encontrar consigo próprio.

Em tempos um artigo sobre os monges tibetanos tinha aguçado o seu interesse. Leu o artigo e ficou curioso sobre a cultura. Estava no auge da carreira, mas não estava feliz. Resolveu deixar o artigo de lado.

Depois de analisar o vídeo da sua péssima actuação naquele bar, de repente a palavra Tibete veio à sua memória.

Sem pensar duas vezes resolveu que era hora de fazer um retiro espiritual.

Há semanas que se encontrava na comunidade tibetana.
Despojado de todos os bens materiais, Rodolffo passava o dia a meditar, ler, ouvir música e ajudar a comunidade.

As calças e camisas sociais foram substituídas por uma vestimenta colorida, os cabelos e barba foram rapados. Os sapatos e ténis deram origem a sandálias e o telemóvel ficou esquecido na mala. Apenas a sua máquina fotográfica ainda tinha alguma utilidade.

As refeições constavam do que a cominidade lhes dava em troca do seu apoio. Muitas vezes limitava-se a um prato de arroz e vegetais.
Rodolffo assim como todos os outros agradeciam por sempre terem uma refeição.

Olhando aquela gente que sorria constantemente, ele pensava o quão fútil é o ser humano que vive dependente de bens materiais. Esta gente só precisa de um tecto e um prato de arroz.

Nesta vontade de se encontrar consigo mesmo Rodolffo já estava na comunidade há 2 meses.

Saudades de casa? Algumas.

Saudades da Ju. Pensou nela todos os dias e todos os dias pedia desculpa. Saudades dos palcos e das fãs. E só. Era só disto que sentia saudades, mas ainda não estava pronto para regressar. Sentia que ainda tinha algum caminho a percorrer até poder dizer;

Agora sim. Agora estou pronto para enfrentar o que vier!

Juliette e as fãs de Rodolffo acordaram com a última música lançada por Rodolffo em primeiro lugar nas plataformas digitais.

Os comentários eram muito positivos e a cada entrevista que Artur dava, sempre enaltecia e agradecia aos FC por nunca terem desistido nem abandonado o seu ídolo.

E só uma má fase da vida dele. É cansaço, esgotamento físico e mental. Ele vai regressar grandão.

Rodolffo tinha estabelecido que seriam três meses longe do burburinho da carreira musical e esse tempo estava a terminar.

Ponderou prolongar a sua estadia, mas resolveu que estava pronto a regressar. Sentia-se bem e especialmente em paz.

Estava com um visual diferente. A antiga obsecção pelo penteado tinha desaparecido. O cabelo começava a nascer de novo assim como a barba.

Aterrou no aeroporto da sua cidade e depois de deixar o edifício, respirou fundo. Talvez por conta do seu novo visual, não foi reconhecido, logo, não foi importunado.

Chamou um uber e foi para casa. Depois de três meses longe, achou estranho chamar casa àquele edifício.

Me conta o restoOnde histórias criam vida. Descubra agora