O hematoma no rosto da minha mãe ainda estava bem visível, mesmo tendo passado 04 dias da nossa última briga em família. Mamãe precisou de um tempo para que ela conseguisse finalmente absorver o que realmente lhe foi mostrado pelo meu pai, no dia seguinte a minha única ida até a casa de show Jardim de Alá.
Entrei na copa/cozinha e ela já estava sentada à mesa...
_ Bom dia, mãe. Falei sem esperar qualquer resposta, uma vez que ela decidira não falar mais comigo - pelo menos enquanto não passasse sua... Decepção? Raiva?... Que provavelmente ainda sentia de mim. Acho que me ver dançando enquanto tirava toda a roupa do corpo diante de homens e mulheres ávidos por carne nova, e finalmente constatar que seu único filho ficou nu, ao final do espetáculo, de algum modo a fez ficar abalada moralmente falando.
_ Bom dia, meu amor. Foi sua resposta surpreendente. Sentei e a olhei. Ela estava com os olhos marejados e me fez um carinho no lado do meu rosto mais machucado e ainda coberto de hematomas.
_ Você me desculpou... Mãe?
_ E você fez algo de errado, meu amor? Foi a resposta que tive dela. Segurei sua mão - que ainda deslizava pelo meu rosto e a beijei automaticamente.
_ Faz tempo que sei que sou... É... Eu... Acho que ela notou o meu desespero em formular uma simples palavra e arrematou sem qualquer dúvida...
_ Gay? Isso eu já sabia, meu amor. E faz tempo. Tá certo que você nunca demonstrou nada tão abertamente. Nunca deixou tão claro sua " pendência " pra esse lado da vida. Mas a gente começa a ver umas coisinhas aqui, outras ali e vai se calando enquanto juntamos essas peças, até por temer que elas logo, logo se mostrem uma verdade que jamais iríamos imaginar em viver. As fofocas no Bairro começam a te fazer ficar louco da vida, porque tudo que dizem é tão pejorativo... Tendencioso, e o que esse bando de desgraçados esquecem é que eles estão falando das pessoas que mais amamos na vida. Eles, e quando digo, eles... Eu me incluía... Só conseguem ver o lado sexual da coisa toda. Todos só falam em...Promiscuidade... Prostituição. A coisa é tão louca, Fred, que esquecemos dos nomes, do carinho, da ajuda, do se doar... Você, meu amor, é o menino mais incrível que eu tive o prazer e privilégio de conhecer na vida. Eu é quem preciso ser perdoada por você, por não ter te protegido, nem de mim mesma. E daí que você dance lá naquele clube e que ganhe sua grana enquanto os outros te desejam? Acho que aquelas imagens me deixaram apavorada, porque eu jamais poderia imaginar que um dia, nossa vida em família, te levasse por esse caminho. Falhei, meu amor. Na verdade eu e o desgraçado do seu pai falhamos feio nesse quesito. Eu tô tão envergonhada, Fred... Que minha vontade agora é de abraçar você, e não deixar você sair nunca mais de perto de mim. Eu quero voltar a te proteger, meu amor. Eu quero... Eu só quero dizer que... Você nunca vai estar sozinho, e nem que eu tenha que dormir em cima de um monte de tempero, passar o dia na beira do fogo, levantar de madrugada e ter apenas alguns minutos de sono... Você nunca mais vai precisar passar por isso de novo. Dito tudo isso, ela me agarrou e a ouvi gritar durante seu choro. Eu nada pude fazer, ou dizer... Nada a deixava melhor e a palavra DESCULPA... Foi ouvida por vezes intermináveis. Finalmente mamãe se controlou e disse ainda agarrada a mim:
_ Promete uma coisa pra mim, amor?
_ Mesmo sem saber do que se trata... Prometo, D. Abigail.
_ Nunca mais esconda nada de mim, Fred. Eu sou sua mãe, sua amiga, sua parceira, sua confidente e... Sua patroa.
_ KKKKKKKKKKKKKKKKKKK.... Gargalhar foi o que fizemos em seguida. Separei dela e olhando em seus olhos, enquanto limpava o caminhos das lágrimas desenhados pelo borrão da pintura em seu belo rosto, disse:
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Do Subúrbio... À Zona Sul
RomansaRomange Gay + 21 anos Romance Gay + 21 Oi, eu sou o Fred. É só Fred mesmo, ok... Mudanças... Essa é a palavra chave para qualquer um de nós. E por quê? Acho que porque estamos sempre nos reinventando no dia a dia. Então, eu...