3 - Alinhamento milenar

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Oiê

SIM! É a música do Jão. Sim, eu gosto de algumas e estou tentando conhecer o trabalho dele.

Lide com isso. Hahahahah

Não, o capítulo não é baseado na música, eu só fiquei com o nome na cabeça e achei que combinou. No fim uso a música para alguma coisa também, achei que ornou.

Indiferente de você gostar ou não de Jão, eu espero que goste desse capítulo.

Bora ler?

*****

- Roxo!

- Amarelo! - Respondeu sorrindo. - Minha vez: bebida favorita?

- Suco de amora. - Revirou os olhos em prazer e perdeu o momento em que Ramiro não se controlou e fixou os olhos nos lábios rosados sendo mordidos.

Ramiro havia desistido. 

Ninguém podia dizer que ele não tentou ficar longe de Kelvin. Depois da conversa com seus amigos, decidiu que se afastaria em um só golpe, como arrancar um band-aid.

Não funcionou.

Não só havia fracassado na tentativa, como se surpreendeu com as reações físicas que teve. Em uma semana teve mais crises de enxaqueca do que em toda sua vida; três dias após o afastamento, caiu de cama com picos febris de fundo desconhecido. 

Desconhecido para quem o cuidava, pois para ele o motivo tinha olhos mel e cabelos ruivos.

Mesmo diante dos óbvios sinais recebidos, Ramiro seguiu firme em seu propósito: esquecer aquele garoto.

Evitava falar sobre ele, não passava perto do hospital, mal falava com os próprios amigos, que agora eram amigos dele também, almoçava sozinho, trabalhava mudo, não comparecia aos jantares que era convidado, nem a uma simples saída após o expediente.

Nada.

Ramiro deixou de viver no momento em que Kelvin foi tirado de sua vida.

Eu o tirei da minha vida.

Foi no domingo, um dia antes da alta do rapaz, que Diego invadiu seu apartamento e lhe jogou algumas verdades com o dedo apontado em sua cara.

Flashback on

- Não posso acreditar no que eu tô vendo. - Diego entrou no quarto, onde seu amigo estava atirado na cama, tremendo de frio.

- Oi, Diego. - Respondeu baixo, mas cheio de cinismo. - Também senti sua falta, meu amigo.

Diego apenas ignorou a fala e correu os olhos pelo lugar. Ramiro era um homem chato de tão organizado e aquele quarto estava qualquer coisa, menos metodicamente arrumado como sempre foi.

Roupas jogadas pelo chão, a janela fechada deixando apenas uma brecha para a luz entrar com muito custo, cartelas de remédio jogadas sobre a mesa de cabeceira, uma jarra de vidro com um resto de água no fundo e um copo virado logo ao lado, a água molhou tanto a madeira quanto o chão.

Aquilo definitivamente estava muito errado.

- Levanta daí, Neves! - Puxou a coberta que protegia o homem. - E não adianta negar, porque juro que vou jogar um balde de água gelada em você, sem me importar com sua cama caríssima.

Já havia visto o homem daquele jeito, quando perdera a irmã. Na época não soube como ajudar de forma eficiente, mas hoje as coisas eram diferentes. Não deixaria o amigo, que considerava como um irmão, cair naquele buraco de desilusão novamente.

Cantareira (kelmiro)Onde histórias criam vida. Descubra agora