The darkness between You and Me

Extra: Nothing Between Us

Jaekyung olhou mais uma vez a janela, arqueando a sobrancelha. Enfim, a época de chuvas havia acabado, inclinou o corpo, encarando a janela ampla. A visão do jardim trazia certa paz, encarando as flores bem cuidadas em diversas cores e a brisa batendo contra as pétalas em movimentos leves. Erguendo o olhar, fazia algum tempo que não percebia o céu tão sem nuvens. No passado, perderia dias assim em meio de treinos, jamais estaria fora de qualquer treino. Ao se afastar, as íris escuras acompanharam o corredor, os passos calmos da enfermeira junto de Dan.

Por um momento, o Kim ainda a olhava e escutava atentamente a enfermeira antes de levar a atenção para Jaekyung, os lábios rosados se curvando a um sorriso adorável e o brilho no olhar. Sem dúvidas, melhorava o dia ver a imagem de Dan sem curativos e conseguindo sorrir tão verdadeiramente, as íris escuras admirando aquele sorriso. O lutador ponderou se seria melhor passarem a tarde ali, fazia tempo desde que conseguiram alguma folga. Sorriu sem perceber com Dan indo para perto de si, mostrando a sacola.

Há alguns anos a leveza no olhar era uma ideia distante e inimaginável. Os dedos delicados afundaram na sacola, mostrando os cachecóis feitos pela avó, erguendo o rosto ao abrir mais o sorriso.

— Da última vez, ela ficou preocupada, então fez cachecóis para nós... Olhe, são tão bonitos, não acha? — De fato eram bonitos, ambos em uma tonalidade azul clara, Jaekyung manteve um sorriso discreto. Eram boas notícias que a avó de Dan estivesse bem o bastante para fazer aqueles cachecóis e o ar fresco da cidade a fazia bem, e com o tempo, tudo se alinhava naturalmente. No último ano, decisões foram tomadas e após muita conversa, uma opção surgiu. Comprar uma casa em um lugar mais calmo e com ar fresco soava uma melhor alternativa para o bem do tratamento da avó de Dan, especialmente que tratamentos assim eram pesados e estar em um lugar menos estressante era uma prioridade.

A casa mais simples, mas exatamente o lugar onde ela poderia relaxar e ter uma cuidadora que avisaria caso visse alguma alteração.

— Podemos vir no próximo mês, certo? Ela disse que a estação estará mais agradável.

— Claro, o que quiser. — Jaekyung pegou a sacola, sabia que cachecóis queriam dizer que ela esperava que viessem apenas no inverno. O lutador ergueu o olhar sentindo o abraço de Dan, um sorriso calmo surgia aos lábios, fechando os olhos ao trazê-lo para mais perto. Não deveria ser fácil ver a avó fora de Seoul, mas ainda recordava do brilho no olhar quando o Kim olhou as casas e aquela era uma em que sempre foi o sonho dela, tão reconfortante. Paredes brancas e o jardim repleto de flores com o cercado adorável.

Os dias ali pareciam mais agradáveis e mesmo quando caminhavam para fora, acenando para a cuidadora enquanto Jaekyung voltava a olhar a sacola. Recordava dos primeiros dias, da avó de Dan segurando sua mão e dizendo que era grata pelo neto estar feliz. Aquilo aquecia o coração, saber que a felicidade era algo adornando a vida que tinham com esforço, dia após dia o lutador observava o sorriso constante de Dan, mesmo que vez ou outra os pesadelos voltassem. Aquele nome era evitado, não havia sido fácil lidar com meses e anos quando a chuva trazendo a mesma sensação enjoativa, como se Dan ainda temesse aquele som ou as gotas de chuva sob a pele.

As noites passavam lentamente, o corpo menor se acomodando aos braços do lutador, repetindo que tudo tinha sido apenas um pesadelo. Superar vinha de formas diferentes, até que o som da chuva fosse apenas um eco.

Os olhares e beijos afastavam qualquer pensamento, o toque debaixo das roupas, deslizando pela maciez da pele, olhares e os sons dos gemidos ecoando, lentamente, saboreando cada segundo, cada parte. Até que a chuva não importasse e pudesse sentir o sorriso de Dan contra os beijos, os sussurros, a carícia ao rosto da mesma forma delicada como se toda vez que se deitassem fosse uma nova primeira vez. Tudo era novo para Jaekyung que nunca estivera em um relacionamento onde nada se desgastava, todo dia sendo um recomeço. As manhãs admirando o brilho adorável das íris castanhas e a voz suave quando tomavam café da manhã juntos, os dedos delicados ajudando com as roupas para a ida ao trabalho.