Fascinação

Capítulo 29

Não houve dúvida; seu pai deixou claro que é claro que Hermione poderia ficar o tempo que precisasse, enquanto explicava os fatos iniciais da situação enquanto tomava uma xícara de chá e sanduíches frios de salada de frango na pequena mesa de jantar. Uma ameaça relacionada ao seu trabalho. Nada grave, ela disse, mas era melhor não ficar sozinho em casa.

"Então você e Ron," ele começou antes mesmo que ela explicasse essa parte. "Tenho a sensação de que há algo acontecendo lá." Os olhos dele - do mesmo castanho que os dela - eram gentis quando ele se recostou na cadeira com a caneca de chá nas duas mãos, os sanduíches prontos. "Faz um tempo que você não o traz para uma visita. E eu sinto que você simplesmente iria ficar com ele e a equipe no exterior, se tudo estivesse bem. O que está acontecendo, Hermione?"

Foi um pouco mortificante contar ao pai que ela e Ron estavam se separando. Que depois do Natal tudo acabou oficialmente. Que eles eram um escândalo intermitente em toda a imprensa bruxa – ele ouviu, confuso. Sempre foi difícil para seus pais entenderem o fato de que Hermione era uma pessoa de interesse no mundo bruxo; que toda uma parcela da sociedade que eles não conheciam a considerava uma espécie de celebridade. Para crédito do pai dela, ele não disse 'eu avisei', nem nada parecido. Ele olhou para ela, e ela percebeu quantos anos ele parecia ter naquele momento – ainda saudável e vigoroso, mas enrugado e grisalho. Muito mais do que Molly, ou mesmo McGonagall. Os trouxas simplesmente não envelheceram da mesma maneira; a magia parecia dar às bruxas e bruxos – e até mesmo aos abortos, estranhamente – uma vitalidade extra que os mantinha jovens por muito mais tempo.

"Então, como você está lidando com isso? E Ron e as crianças?"

"OK." Hermione mordeu o lábio. "Ainda não dissemos às crianças que é oficial. Queríamos dar a elas um último Natal normal, embora eu sinta que Rose sabe." Ela suspirou. "E Ron já está saindo com alguém em segredo." Ela não contou a ele sobre Malfoy, o que talvez fosse injusto com Ron, e definitivamente covarde da parte dela.

"E você?" O pai dela se levantou e colocou a chaleira no fogo novamente.

"Estou bem, pai. A decisão foi minha. Eu só... bem. Eu não aguentava mais. Ron simplesmente não..." Ela parou. Definitivamente não era justo falar mal dele quando ele não conseguia se defender. "Eu simplesmente não estava feliz."

Seu pai lançou-lhe um olhar de soslaio enquanto ela tirava os pratos do almoço da mesa. "Eu quis dizer , você está saindo com alguém?"

Hermione tentou manter a calma, mas suas bochechas ficaram quentes enquanto ela enchia a tigela com água quente e um pouco de detergente. Ela tinha quase certeza de que seu pai viu. " Você está? " ela perguntou incisivamente, esquivando-se da pergunta e esperando desligá-lo. "Você parece muito amigável com Karen", mencionando a amiga de quem seu pai havia falado, que ele conhecia nas noites de pôquer. Mas o pai dela apenas sorriu.

"Isso soa como um sim, Senhorita Defensiva. E sim, suponho que Karen e eu estamos namorando. Ainda não fomos românticos , mas -"

"Pai!" Hermione protestou, ombros curvados enquanto ela se encolheu em reação, um prato escorregou por entre seus dedos e caiu na pia. Ele continuou sorrindo maliciosamente, o rosto enrugado pelas rugas do sol, os dentes ainda brancos e uniformes.

"Chá?" ele perguntou, e Hermione acenou com a cabeça, olhando para ele enquanto seus ombros se desenrolavam, antes de terminar de lavar a louça enquanto seu pai conversava um pouco sobre Karen, que parecia uma mulher adorável, na verdade. Divorciado, católico caduco, três filhos, todos entre vinte e tantos e trinta e poucos anos, e ainda administrando uma agência bancária local. Eles saíam para jantar e se divertir regularmente, mas não haviam discutido sobre levar as coisas adiante. Hermione fazia perguntas e emitia os sons certos nos momentos certos, feliz por estar distraída de sua própria vida. E então eles se sentaram na pequena e aconchegante sala de estar com o chá, a TV desligada, Hermione enrolada no sofá e o pai na poltrona.