Capítulo 5

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Era mentira se dissesse que cuidar de Helian era uma tarefa difícil. De fato, faziam alguns dias que o garoto não acordava, seu corpo queimava em febre. A imperatriz se negou a deixar qualquer profissional no assunto cuidar dele, deixando o trabalho de suas feridas completamente para Allen.

Apesar de estar morrendo de curiosidade para saber porquê ele tinha uma faixa sobre os olhos, achava desrespeito o suficiente ter retirado um pedaço da sua jóia.

De qualquer forma ele tinha os próprios problemas para lidar, no começo conseguiu despistar a bebida que Adric lhe ofereceu, mas logo a pessoa que veio pessoalmente foi a imperatriz, sendo assim é claro que não pôde recusar. No começo pensava que talvez nem todos os seus sonhos fossem concretos, mas logo após tomar o leite, sentia todo o seu corpo esquentar, não era algo normal, e embora não doesse nenhum pouco, com passar dos dias era notável o quanto sua força diminuía.

Foi difícil para Allen aceitar que estava sendo envenenado pela própria família.

E principalmente que não poderia deixar esse veneno de lado sem provas, afinal, nem sequer sabia qual era o tipo de droga.

Além de que acusar alguém da família imperial era um delito grave, poderiam virar o jogo contra ele.

Allen observava Helian em silêncio, havia lhe conseguido um quarto pequeno, porém muito limpo, e consideravelmente perto do seu. Além de colocar pelo menos dois guardas para guardar a porta.

Fazia alguns dias que fazia isso, apenas ia para o seu quarto e observava.

O efeito de estar alí era incrível. Todos que passavam o olhavam com pena enquanto murmuravam baixo sobre como o príncipe teve o infortúnio de treinar o cão de Waverly.

Estava tudo extremamente calmo, calmo até demais.

De repente Allen solta um gemido de dor, teve que morder forte os lábios para não atrair nenhum guarda para dentro. Era como se suas veias queimassem e esfriassem na mesma velocidade, podia sentir sua testa suando frio. Não sabia se esse tipo de dor vinha do veneno mas de repente seu peito começou a doer muito, doía em uma intensidade equivalente a ter um órgão seu sendo fervido bem na sua frente.

Ele se encolhe do chão enquanto aperta o próprio peito, logo percebe que havia algo de estranho, como se uma faca perfurasse ali.

Allen corre até seu quarto e rapidamente vai até o espelho enquanto rasga as próprias roupas.

Por quê tinha que doer tanto?

Uma enorme mancha preta se formava em volta do seu coração, como raízes que grudavam profundas em sua pele, elas se assemelhavam a veias.

O que essa merda significava e a quanto tempo havia estado alí?

Suas unhas automaticamente começam a rasgar a pele desesperado para retirar o que quer que fosse, mas a marca permanece. O que mais o surpreendeu foi que enquanto arranhava, a cor do sangue que escorria era preto.

Ele quebra o espelho enquanto tenta pensar em uma solução, mas nada lhe veio a mente.

Os dias se passaram, e Adric continuou lhe trazendo o leite. Para sua surpresa ou nem tanto, as raízes negras se acomodaram ainda mais em sua pele.

— Allen, seu irmão me disse que ontem você não tomou o leite medicinal, tem noção do quão raros são os ingredientes? Não seja mal agradecido e continue tomando, fazem muito bem a saúde, eu mesma fiz o preparo, então fiz questão de estar delicioso. — Essas foram as palavras que sua mãe disse a respeito quando questionou, e embora seu tom tenha sido doce, não abriu brechas para contradições.

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