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O dia passa rápido. Preenchido de várias atividades, mas fui dispensada por que menti dizendo que não estava muito bem. Engraçado, tenho mentido muito ultimamente. Mas a mentira tem lá um pouco de verdade, de fato estou com dor, mas não uma dor física, e sim emocional. Bem, meu coração não está batendo igual, não consigo dormir, nem sinto fome, então acho que há sim alguma coisa errada comigo. Por mais que eu tente, eu não consigo tirar Jhack da cabeça. Lembro de cada toque, suspiro, beijo, abraço, a forma como pronuncia meu nome, como sorrir, até como anda! Meu Deus eu virei uma espécie de psicopata! 
Mas já passa das das oito da noite, e todos já comeram e estão se encaminhando para dormir por que amanhã cedo partiremos. Isso quer dizer que Jhack logo virá também, odeio admitir, mas  não sei se tenho estrutura emocional para lidar com ele. Ainda bem que já vamos, não aguento mais um dia nesse lugar. Quase não saí hoje do meu dormitório, temendo topar com sr. Simpatia, mas já estou uma pilha de nervos só de pensar que terei que passar mais de duas horas no mesmo metro quadrado que Jhack. É torturante está sempre pensando nesse homem, por isso pego minha bolsa e de lá retiro um pequeno caderno para fazer o que sei de melhor. Resolver problemas matemáticos! Sorrio com minha brilhante ideia, a matemática sempre me salvou de mim mesma. Quando fico muito deprimida, ela é minha única aliada. Ocupa a mente.
Fico assim por uma hora e meia sem pausa, mas sou interrompida por uma inconveniente voz grave:
- Pensei que não estivesse bem. Petulante!
- E eu pensei que as vacas voavam - debochei sem tirar os olhos do caderno. Ele rio. Mas eu não.
- Quanta educação srt. Cassandra. É de adimirar que a srt. não tenha um namorado. Own! Essa doeu. Quem ele pensa que é para falar assim comigo?
Desvio meus olhos do caderno e o encaro.
- Minha vida pessoal não lhe diz respeito! - quase falo alto demais. E alguns de nossos colegas já começam a ficar atentos para ver se sai outro barraco. Para evitar mais constrangimento, desço da cama, que por sua vez range mais que nunca, ecoando no imenso vazio deste lugar, fazendo-me perder a pose de durona. Caminho obstinada e determinada a não olhar para trás. Mas para o meu terrível desgosto, Jhack me segue para fora.
- Olha, me desculpe eu não queria....
- Não! - interrompi- Você não tem o direito de falar, ou até pensar, sobre alguma coisa referente a mim, por que você não sabe quem eu sou e nem o que sou! - estou gritando, a beira da histeria.
- Então por que você não me deixa conhecer? - sua voz soa suplicante.
- Eu já disse que não posso. Será que você não entende? - oh não, estou começando a chorar de novo. Sou uma fraca idiota!
- A única coisa que não entendo - ele se aproxima - é por que - tira meu óculos - você insiste em me afastar, quando - segura meus dois braços - tudo que eu quero, é você!
E me beija. Apaixonadamente. Agarra meus cabelos e os puxa para baixo para ter maior acesso à minha boca. Minhas lágrimas se misturam em meio as nossas bocas seladas. Jogo meus braços ao redor de seu pescoço e deixo-me levar pelas sensações. Esse beijo não se assemelha ao da noite na caverna, esse é muito mais suplicante e profundo. Sinto que há uma coisa maior por de trás disso. Muito maior. É como se antes, eu fosse apenas uma parte incompleta, onde faltava algo. Mas agora, agora com o seu corpo tão colado ao meu, sinto que não me falta nada. A junção de nossos corpos é perfeita! É incrível como cada parte de seu corpo se encaixa perfeitamente no meu, como peças de um quebra - cabeça. Meu coração acelera e já não sinto mais o chão debaixo dos meus pés. Agarro seus cabelos puxando-o para mais perto. Quero ele mais perto, como se fosse possível. Duvido se há algo mais quente agora nesse mundo do que esse memento que compartilho com Jhack. Já sem ar, ele afasta seus lábios dos meus, deixando uma triste sensação de vazio.
- Eu...eu preciso, ir. - falo, puxando meu óculos da sua mão, fujo dali o mais rápido possível. Não sei para onde estou indo, agora são meus pés que me conduzem. Meus olhos embasados pelas lágrimas dificultam meu progresso. Entro na floresta. E me jogo no chão úmido. Choro, meu peito estilhaçado  em mil pedacinhos, mas aonde é que eu fui me meter? Eu não poderia ter permitido me envolver, eu sei como sairei dessa no final. Magoada e deprimida. Eu não surportaria a depressão novamente. Não surpotaria a dor de um coração partido de novo. Agora como sair dessa? Eu sei que sinto algo por Jhack, por que doi quando me separo dele, doi magoa-lo, doi ve- lo sofrer, e saber que sou culpada disso. Tudo o quero é você, disse ele. Mas por que eu? Eu nem sou atraente. Me visto mal, uso um óculos horrível, sou mal humorada e não o trato bem. Por que eu então? Ele deve estar se divertindo com minha cara, é  isso. Como um cara lindo desses se interessaria por uma eu?
Não sei quanto tempo se passa, talvez meia ou uma hora, mas agora que estou mais calma, observo onde estou. Droga! Eu tinha que vir justo para cá? Como seu eu tivesse muitas opções nesse lugar... Me levanto e faço meu caminho de volta, felizmente não penetrei muito fundo nessa sinistra floresta, por isso logo avisto os dormitórios. Será que ele já foi dormir? Ou está esperando por mim na porta do dormitório? Rezo para pela primeira opção. Ajeito os cabelos, enxugo as lágrimas, e sem querer trisco em meus lábios, que estão inchados. Legal!
Tudo está estranhamente silencioso. Entro no meu dormitório sem incômodos. Aliviada, ando em direção à minha cama, mas paro quando vejo que Jhack está dormindo tranquilamente na cama de baixo. Como um anjo que caiu do céu, lindo mas com os cabelos todos bagunçados, sinto uma imensa vontade de tirar uma mecha que cobre seu olho esquerdo. Me aproximo, e sou imediatamente envolvida pelo seu cheiro maravilhoso. Como pode ser tão lindo? É preciso usar todo meu autocontrole para não toca-lo.
- O que está fazendo?
Giro-me rapidamente para encarar a dona da voz. Que me observa atentamente. Srt. Gelatina com a mais sutiu cena de ciúmes.

Como Não se ApaixonarOnde histórias criam vida. Descubra agora