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Não quero adimitir o quanto estou aborrecida. Mal conseguir dar as três primeiras aulas. Definitivamente decepcionada com a reação de Jhack. Pela terceira vez tento em vão encontrar o valor de x numa expressão aritmética. Eu nunca erro!
- Srt. ?
Viro-me do quadro para olhar para o aluno que me chama.
- Sim?
- Não seria ∆= b² - 4×a×c?  Olho de volta para a imensa conta no quadro que diz : ∆=J² ± √C Mas de onde tirei isso? Fico imediatamente vermelha. Que espécie de professora eu sou?
- Oh sim Jane. Você está completamente certa. - Volto-me para todos e digo: - Desculpem mais não estou me sentindo muito bem hoje...
- Percebemos srt. Não quer um copo de água, se quiser eu posso...
- Por favor, continuem sem mim. Afinal já estamos trabalhando isso a algum tempo, de modo que imagino que vocês já são perfeitamente capazes de resolver essa questão sozinhos, certo?
- Certo! - Dizem em uníssono. Sorrio e saio em buscar de ar.
Os corredores estão vazios, e isso me surpreende um pouco. Estou tão acostumada a ve- lo sempre lotado que agora sinto como se a escola estivesse vazia. A não ser pelo murmúrio que vem das outras salas de aula, evidenciando à presença dos complicados adolescentes. Caminho lentamente com meus sapatos de tock tock que ecoam no largo corredor cercado de armários. Mas ao me aproximar da sala do diretor tento caminhar nas pontas dos pés para não fazer barulho. Chego segura à sala dos professores. Que óbvio, está vazia. Bebo um copo com água e arregaço as mangas do suéter afim de livra-las da água da torneira na pequena pia. Tiro os óculos e também lavo o rosto. A água está fria como uma manhã de inverno, por isso fecho a torneira bem depressa. Acabo esbarrando no meu óculos que cai no chão fazendo um som que ecoa. Eu não faço nada certo mesmo! Me agacho para pega -lo. Mas bato minha cabeça em alguma coisa dura, ergo a cabeça esfregando-a com uma mão e a outra servindo de apoio para eu não cair de vez, a fazer isso, me deparo com um enorme par de pernas. Nossa. Está tão apertada... Subo um pouco mais. Botões azuis, caro botões! A pessoa tem bom gosto. Quem sou eu para falar em bom gosto? Olhe para mim! Uma perfeita passada e engomada camisa social na cor de um tom de azul mais claro que os botões caros. Na verdade, não são os botões, a camisa toda parece muito cara. Volto a olhar para as calças e também percebo que são de grife. O corte é muito preciso, e se ajusta perfeitamente ao corpo sexy desse ser. Os sapatos estão tão brilhantes que quase sou capaz de ver o meu reflexo neles. Incrível! Volto a subir o olhar, mas já tenho certeza de quem se trata. Jhack.
- Já terminou? - Coro.
- Mas o que? Seu grande...ah. - Pego o óculos me levanto com tudo e os coloco no rosto. Mas me sinto inferiorizada diante desse homem lindo. Não me deixo abalar por seu porte alto e o encaro nos olhos. De jeito nenhum que vou deixa-lo me humilhar. - Escuta aqui, eu não mandei você ficar no meu caminho! Eu só estava apanhando meu óculos, então não me olhe deste jeito! Agora se o senhor me der a sua preciosa licença eu agradeço. - Coloco as mãos na cintura e fico esperando uma resposta, determinada a não deixa-lo vencer essa disputa ou seja lá o que seja.
- Eu não disse nada! Só perguntei por que já estava começando a ficar envergonhado com a sua...é...inspeção minunciosa. - Ele ri. Ri de mim para variar. Fico mais vermelha ainda, se é que isso é possível. Sinto que todo o meu sangue está agora concentrado em meu, antes, pálido rosto. Mas como não posso me deixar abater, cruzo os braços reviro os olhos e bato um pé no chão, para mostrar-lhe que não estou para graça.
- Caso o senhor não tenha percebido, eu não tive escolha para onde olhar, já que o senhor plantou-se propositalmente em minha frente. - Passo com força ao seu lado empurrando seu ombro sem olhar para trás. Mas bem a tempo de perceber que seu sorriso debochado sumiu.
Agora mais centrada para continuar as aulas, conduzo-a sem mais problemas, feliz por ter acabado com os sorriso fácil de Jhack.

Antes de ir para casa e ter que lidar com Gisele, vou para a casa do meu pai. Prometi que faria isso. E eu não sou do tipo de pessoa que quebra promessas. Mas acho estranho quando ao chegar, sua casa está completamente no escuro. Será que ele não está? Estaciono o carro e desço numa rua vazia e silenciosa, olho para os lados mas tudo o que indica que ainda há vida por aqui é um latido metódico de um cachorro. Sinto um arrepio na espinha. Ando ligeiro em direção à porta de meu pai, onde bato, bato, e bato, mas não tenho resposta. Olho pelas janelas mas está tudo tão escuro, há apenas uma única luz vinda da pequena varanda que fica ora acessa, ora apagada, dificultando ver qualquer coisa dentro da casa. Então resolvo tentar abrir a porta, que para a minha surpresa, está aberta. A velha porta range, e o assoalho geme com o meu peso. Procuro apresada pelo interruptor, odeio o escuro. E fico aliviada por emfim está vendo de fato alguma coisa. Olho na cozinha, na sala, no seu quarto e nada.
- Pai? - Ainda nenhuma resposta. - Paizinho o senhor estar aí?
Agora estou começando realmente a ficar preocupada. Se ele não esta em casa então por que a porta da frente está aberta? Será que alguem a arrombou? Não. Não havia sinal de arrombamento quado entrei, pelo menos eu não vi nada. E a casa não esta revirada, bem, também não esta lá aquelas coisas de arrumada, mas de um jeito normal. Quando estou cogitando a ideia de ir embora ouço um gemido. Vindo do banheiro. Oh o banheiro, esqueci completamente dele. Saio correndo em direção ao som abafando, a porta esta entreaberta, e a primeira coisa que vejo é uma mão branca, tão mais branca que a minha. Por um momento exito, com medo do que poderei encontar. Outro gemido agoniado e eu já não posso evitar e deixo meu medo de lado e entro.
Só para encontar meu pai estirado no chão imundo do banheiro com o nariz e a boca sangrando. Com um corte feio no supercílio, e horríveis ematomas nos pulsos. Oh Deus. Corro para socorre-lo. Mas não sei direito onde pegar.
- Oh pai. O que fizeram com você? - Ele não consegue abrir os olhos por que estão tão inchados que parecem até nozes. Eu choro, e choro muito. Coloco sua cabeça no meu colo e passo freneticamente meus dedos em seus grisalhos cabelos.
- Oh paizinho, por que se meter com esses homens? Eles ainda vão mata-lo. E eu não surportarei perde-lo também. - Agora choro estericamente. Consumida pela dor da perda. Aqui estou eu de novo, agindo por puro egoísmo. Sim egoísmo. Afinal não é isso que faz esse mundo girar? Não é o egoísmo das pessoas que as domina? Eu sou o exemplo vivo disso. Tudo que fiz, tudo que faço é pelo meu próprio egoísmo. Egoísta demais para perder uma mãe, egoísta demais para perder dois namorados, egoísta demias para me permitir amar, e finalmente, egoísta demais para perder o homem mais importante da minha vida. O homem que me ensinou tudo o que sei. E que agora padece mole em meus braços. Beijo o alto de sua cabeça molhando sua testa com minhas mornas lágrimas.
Pego meu celular na bolsa e disco o número de emergência, falo impaciente com a atendente molenga que fica fazendo várias perguntas. Dez minutos depois a ambulância chega. Corro para a porta para sinalizar e traze-los para dentro, eles trabalham rápido, levando o corpo espancado de meu velho pai.

Como Não se ApaixonarOnde histórias criam vida. Descubra agora