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Trata-se de um lugar asqueroso, nojento e mal iluminado. Encontro-me numa salinha pequena cercada de brutamontes. No centro, há um homem com cara de poucos amigos sentado numa cadeira atrás de uma mesa pequena. Meu pai está sentado de frente para o homem mal, e eu em pé ao seu lado, recuso-me a sentar numa dessas cadeiras e pegar alguma doença. Minha vida nunca foi muito movimentada, mas a um ano meu pai deu um jeito para que isso mudasse. Não o culpo, ele já sofreu muito, sofreu muitas perdas, incluindo minha mãe, só lhe restou eu e só o que me restou foi ele. Por isso não posso perde-lo para o jogo. Preciso tira-lo dessa vida.
- Então - começou o homem mal quebrando o silêncio - seu pai aqui, suponho eu, está devendo uma grana pra mim. E ele só sai daqui quando pagar o que me deve.
- E de quanto se trata? Falei abrindo minha bolsa.
- Sete paus.
- O que? - fiquei boquiaberta, não acredito, não tenho essa grana toda.
- E é melhor agilizar por que não tenho tempo. - olhou no relógio de ouro em seu pulso. Olhei fulminantemente para o meu pai que estava com a maior cara de vítima.
- Mas eu não tenho esse dinheiro todo moço. Deve haver algum outro modo de pagar....
- Sete paus agora ou seu querido papai não verá o sol nascer amanhã.
- Mas vocês não dão algum tipo de prazo nesses casos como nos filmes...
- Oh, a princesinha acha que ta num filminho...que bonitinho, é melhor pagar essa porra agora! - gritou o homem mal fazendo-me recuar. E agora Deus?
- Calma! Eu vou dar um jeito, só me dê alguns minutos, farei alguns telefonemas ... - saí apresada do pequeno cômodo e sai num estreito beco. Pegeui meu telefone e fiquei ali pensando. Para quem ligar? Quem me socorreria? Gisele, não. Ela me daria um sermão interminável sobre eu ajudar um viciado que no caso era meu pai, ela afirma que eu deveria deixa-lo se virar e resolver seus próprios problemas, mas eu não posso deixa-lo, é desumano. Mas para quem mais eu ligaria? Quando eu ainda estava pensando vejo um familiar cabelo dourado passar na minha frente. Parece não ser verdade... Mas é. Jhack. Acompanhado por um garoto mais ou menos da sua altura, mas aparentando ter apenas dezessete anos, um tipico adolescente. Mas o que os dois fazem aqui? Nesse lado obscuro da cidade? Acho que agora não tenho muito tempo para pensar, pois meu pai está lá dentro sob a mira de armas de pessoas desumanas e cruéis, capazes de tudo por dinheiro. Saio do beco e chamo por Jhack:
- Sr. Will?
- Olá! - ele virou-se e sorriu ao me ver, mas logo pareceu surpreso. Não o culpo. - O que faz aqui? Num lugar tão hostil?
- Bem... É complicado. E quem é esse rapaz? - agora o garoto percebeu que eu o reparei e ficou meio envergonhado.
- Esse é Jonas, um aluno. Vim busca-lo por que se meteu em confusão mais uma vez, não é mesmo Jonas? - falou Jhack num tom acusador, já Jonas continuou calado olhando para os próprios pés. Isso é muito estranho, por que vir do outro lado da cidade para salvar um aluno? Preciso saber disso depois, agora não há tempo - E você ainda não me disse o que está fazendo aqui. - como falar para ele sobre isso sem falar de meu pai? Ah...eu odeio minha vida.
- Eu preciso de sua ajuda Jhack - ele arqueou uma sobrancelha nitidamente surpreso por eu chama-lo pelo primeiro nome. - Mas eu preciso que seja sigiloso - falei olhando para Jonas.
- Ta bom, espere aqui que o deixarei no carro. - assenti e ele seguiu levando o garoto junto consigo. Dois minutos depois retornou. Preciso correr contra o tempo.
- Então, qual é o problema?
- Preciso de sete mil dólares agora. - Falei sem rodeios, meu pai está por um fio!
- Espera, o que? Acho que não houvi direito...
- Ah por favor, vai me dizer agora que é surdo? EU PRECISO DE SETE MIL DÓLARES. Tenho apenas três aqui comigo.
- E para que quer esse dinheiro todo, posso saber?
- Por fovor! É urgente! Acha que se não fosse eu estaria aqui nesse lugar implrorando para você? - eu estava começando a ficar desesperada. Lágrimas ameaçavam cair.
- Tudo bem, mas você vai ter que me contar direitinho essa estória depois! - quase pulei em seus braços de alívio, mas não estava tão desequilibrada a tal ponto.
- Obrigada. Sorri e esperei ele retirar da carteira o bendito dinheiro. Quando me entregou sai correndo em direção ao imundo cubículo, chegando lá entreguei o dinehro ao homem mal e peguei meu pai pelo pulso e o arrastei dali desesperada demais para continuar naquele infernal lugar. Ao sair, fiquei surpresa ao ver que Jhack ainda continuava ali me esperando, franziu o cenho ao me ver quase arrastando meu pai. Correu para me ajudar, meu pai a essa altura encontrava-se semi- desmaiado, e eu fazia uma esforço tremendo para mante-lo em pé. Jhack passou seus grandes braços ao redor da cintura do meu pai e o arrastou até o meu carro que estava a poucos metros dali.
- Mais uma vez obrigada. Eu realmente....
- Não precisa agradecer, agora você precisa cuidar de seu...é ...
- Pai - acrensentei.
- Isso! Amanhã conversamos, precisa de mais alguma coisa?
- Não obrigada, você já fez o bastante. Amanhã prometo que esclareço tudo.
- O.k. - ele sorrio, e eu retrubuí. Mas estava estremamente envergonhada, tive que engulir meu poderoso orgulho para salvar a vida de meu pai. Como concertar isso?
Entrei no carro dei a partida e fui embora, deixando para trás um pedaço do meu ego.

Como Não se ApaixonarOnde histórias criam vida. Descubra agora