SOS - 2yeon

1. SOS

[Jeongyeon]

Dentre todas as coisas que eu mais gostava no meu dia, era quando eu e Nayeon íamos toda quarta-feira para a cafeteria conversar. Seja em dias ensolarados, chuvosos, frios ou quentes, nós estávamos ali. Era uma coisa só nossa, única, exclusiva e nossa.

Nós tínhamos nos conhecido ainda quando éramos crianças. Desde então, nossa amizade só cresceu e se fortaleceu com o tempo. Nós compartilhávamos tudo, desde as nossas alegrias mais radiantes até as nossas dores mais profundas. Não havia segredos entre nós, nenhum obstáculo que não pudéssemos superar juntas.

Faziam bons anos que meu pai havia sido transferido para a cidade para trabalhar no banco nacional. Em casa, sempre fomos cinco: Mamãe, Papai, Jihyo, Mingyu e eu. Especificamente nessa ordem. Eu era a mais nova em casa e, claro, por isso, todo mundo ficava em cima de mim. Era estranho. Minha relação com Jihyo era perfeita; além de ser minha irmã mais velha, ela era sempre a pessoa para quem eu corria quando chorava, ralava um joelho ou batia o dedinho na porta. Ter Jihyo na família era sinônimo de segurança, de que tudo no final iria ficar bem, e no final, por incrível que pareça, ficava.

Mingyu, o do meio, era o típico jovem esportivo da faculdade. Se dava bem em todos os esportes, mas claro que o futebol era seu preferido. Cursava a área de exatas e sempre estava saindo com uma garota. Em casa, era tido como normal isso, mas para mim, era estranho cada final de semana sair com uma pessoa.

- Eu não aguento mais a faculdade - Nayeon puxou a cadeira sentando e me tirando dos meus pensamentos.

- Você diz isso há três anos Nayeon - Ela revirou os olhos. - E daqui, alguns minutos vai falar que quer trancar ela.

- Eu não sei como sou sua amiga ainda. - Colocou os livros na mesa e a bolsa na cadeira.

- Por que eu ainda compro seu café preferido? - Entreguei o copo. - Americano.

- É um motivo plausível. - Colocou os óculos em cima da cabeça. - Mas, alguma novidade?

- Depende, se for receber a mesma cobrança sempre de que eu sou a vergonha da família por não estudar, isso ainda continua. Agora, se for por que estou procurando um emprego, sim - Perguntei, ajustando meu moletom.

- Eles ainda te atormentam com isso, né? - Suspirou fundo. - Queria poder te tirar disso.

- A gente já vindo para o café, já me tira dessa realidade dura e cruel. - Dei de ombros. - Jihyo trabalha tanto no hospital que mal vejo e Mingyu, você já sabe.

- Saindo com todas ? - Perguntou meio que querendo saber por mais.

- Acho que sim. Essa semana quase não vi ele. - Respondi e ela arregalou os olhos.

- Ando vendo ele bastante na faculdade, não sei por que, mas é quase todo dia.

- Do nada isso?

- Não sei explicar, mas ele tá diferente - Pigarreou.

- Entendi - Suspirei fundo.

- Mas relaxa que eu sei me cuidar viu?

- Vamos no cinema hoje? - Mudei de assunto. Qualquer menção a relacionamentos de Nayeon, era doloroso demais.

- Sim. Quero ver o filme novo que lançou. - Bocejou. Ela estudava tanto que a todo momento tinha um sono gigante.

- Eu passo na sua casa então.

- Jeong, a gente mora uma na frente da outra. - Gesticulou.

- Por isso mesmo, eu buzino pra você e você sai. - Abri os braços.