2. Contos de Fadas

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[Jeongyeon]

Contos de fadas não existem. É algo que aprendemos desde cedo, seja pelos livros de histórias ou pela própria vida nos ensinando a dura realidade. Mas, mesmo sabendo disso, às vezes nos pegamos desejando que houvesse um final feliz garantido para cada um de nós.

Ainda sob êxtase do que tinha acontecido, eu consegui voltar à realidade rapidamente. Mina apertou minha mão como se estivesse me trazendo de volta ao mundo real, enquanto todos aplaudiam. Enquanto isso, minha mente repetia incansavelmente todas as palavras que Mingyu havia falado, como se fosse uma fita cassete com defeito.

- Parabéns, garotão. - Papai foi o primeiro a levantar e abraçá-lo. - Que vocês tenham muitos anos juntos.

- Um brinde. - Mamãe pegou a champanhe para brindarmos e todos nos erguemos. Jihyo estava tensa, enquanto Sana tentava acalmá-la sorrindo, ou talvez fingindo estar em um teatro.

- Felicidades. - Me aproximei do casal desejando-lhes o melhor, batendo no ombro de Nayeon e Mingyu. - Eu não quero, estou dirigindo. - Recusei a bebida, mas me mantive firme ali.

Depois que todos brindaram, decidi sair um pouco do agito. Fui até a entrada da casa onde a moto estava estacionada e sentei-me no meio-fio entre a calçada e a rua. Eu precisava, de alguma forma, arejar meus pensamentos e afastar-me um pouco das expectativas para os próximos anos. Os dois pareciam felizes.

- Amor? - Mina apareceu, toda gentil, sentando-se ao meu lado. - Você está bem?

- Oi, Minari. - Encostei minha cabeça em seu pescoço. - Só estou com um pouco de dor de estômago. - Era verdade, toda vez que eu ficava ansiosa, meu estômago doía muito.

- Podemos ir embora se quiser. - Ela sugeriu.

Balancei a cabeça, recusando a oferta. - Você está aproveitando, vamos depois - sussurrei.

- Eles pareciam bem animados -  ela comentou, passando delicadamente a mão pelo meu pescoço.

- Um pouco - Respondi sem muito ânimo, erguendo minha cabeça para encará-la.

Mina era uma pessoa angelical. Calma, cuidadosa ao extremo. Estávamos juntas há alguns meses, e ela trazia uma paz tremenda para minha vida, mesmo sendo introvertida e preferindo passar a maior parte do tempo em casa jogando videogame.

Eu a amava profundamente. Adorava os momentos em que saíamos para tomar sorvete, passear no shopping ou ajudar em um abrigo de cães.

Seus cabelos pretos e a franja delicadamente caída sobre a testa eram um charme adicional que ela possuía. Com carinho, coloquei uma mecha atrás da orelha e reprimi todos os sentimentos turbulentos que havia sentido anteriormente.

- Não sei se já disse hoje, mas você está linda. -  Elogiei, vendo-a sorrir enquanto colocava a mão no rosto. Sempre era divertido pegá-la de surpresa.

- Você disse de manhã quando acordei - Ela lembrou, segurando meu queixo com ambas as mãos e olhando profundamente nos meus olhos. - Mas eu queria dizer que você é perfeita.

Um sorriso se formou em meus lábios enquanto Mina selava os nossos com um beijo doce. Seus lábios macios e gentis eram  um lugar onde eu podia me perder e esquecer, nem que fosse por alguns momentos, das complexidades da vida. Cada instante desse beijo era uma fuga temporária da realidade. E mesmo que fosse apenas por um breve momento, eu me permiti afundar nesse abraço, na esperança de que ele pudesse me ajudar a superar as emoções tumultuadas que tinham sido despertadas pelo evento anterior.

Paramos quando alguém abriu a porta com força, interrompendo abruptamente o que estávamos fazendo.

- Desculpa, não sabia que vocês estavam aqui - Nayeon parecia extremamente envergonhada com a interrupção.

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