SOS - 2yeon

7. Vilão da história

[Jeongyeon]

"Para aqueles que andam na beira do telhado, não façam isso. E para aqueles que o fazem, boa sorte sobrevivendo a si mesmo." - Autor desconhecido. 

Os vilões não nascem, são moldados pelas circunstâncias e apontados como culpados. É fácil rotular alguém com esse adjetivo, atribuir todas as culpas, sem entender o que os levou a se tornarem assim. Às vezes, é uma série de pequenas decisões, outras, um único evento devastador. No meu caso, foram ambos.

Eu não queria ser o vilão. Ninguém quer. Mas, às vezes, a linha entre o bem e o mal é tênue, fácil de cruzar quando estamos perdidos em nossas próprias dores e arrependimentos. E quando percebemos, já é tarde demais. Já machucamos aqueles que amamos, já traímos nossa própria essência.

Me levantei e fui até a varanda. Respirei fundo abrindo todas as vias aéreas que levavam até o meu pulmão. Meu peito estava pesado com culpa e arrependimento. Eu sabia que precisava tomar uma decisão, mas a confusão em minha mente tornava tudo ainda mais difícil. Meu celular vibrou no bolso da calça de trás, indicando que eu tinha recebido uma mensagem.

Desbloqueio a tela e vejo que era Jihyo.

"Temos um jantar em casa hoje Jeongie, não se esqueça"

Isso significava que eu veria Nayeon de novo e que teria que avisar Mina. Não tinha escapatória, eu tinha que enfrentar as consequências dos meus atos de uma hora ou outra.

Fechei os olhos lembrando de como tudo era uma confusão. Eu era assim. Minha vida era assim. Eu causava isso nas pessoas também. Peguei o celular novamente e liguei para Mina. A chamada foi atendida após alguns toques, mas o silêncio do outro lado da linha era ensurdecedor.

- Minari, sou eu. - Minha voz estava baixa e trêmula. - Sei que discutimos, mas temos um jantar na casa da Jihyo hoje à noite. 

- Jeong...- Ela disse calmamente respirando fundo. - Que horas?

- As 20h. Eu passo aí, mais perto desse horário.

- Tá bom. - E desligou. 

Desliguei o telefone e me sentei na varanda, olhando para o horizonte. Eu estava destruíndo tudo e não tinha como voltar atrás. Quando Jihyo soubesse do que tinha acontecido entre eu e Nayeon, ela provavelmente surtaria e com toda razão. 

O resto do dia passou em um borrão de pensamentos e sentimentos conflitantes. Quando chegou a hora de ir para o jantar, me vesti mecanicamente, cada movimento pesado com a culpa e da ansiedade. Peguei minha jaqueta e saí, fui buscar Mina e depois iria em direção à casa de Jihyo como se estivesse indo para a forca ou meu julgamento final. 

Quando cheguei à casa de Mina, ela estava esperando na porta. Abracei ela brevemente, tentando encontrar algum conforto em seu toque, mas tudo o que sentia era um nó no estômago.

- Pronta? - Perguntei, tentando sorrir.

- Sim. - Respondeu suavemente, mas sem muita convicção.

Dirigi em silêncio, meus pensamentos correndo a mil por hora. Mina também parecia distante, e quando ela soubesse do que tinha acontecido, ela provavelmente nunca mais gostaria de me ver. Quando finalmente chegamos à casa de Jihyo, respirei fundo, tentando acalmar meus nervos.

- Vamos lá. - Disse, mais para mim mesma do que para Mina.

Entramos na casa de Jihyo, e fomos recebidos com um caloroso abraço dela. Sana também estava lá, sorrindo radiante ao lado dela. Meus pais já haviam chegado e estavam sentados na sala aguardando o jantar se iniciar.