cap:5 Oscilação, promessas cumpridas e Destino.

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A porta da Garota Carmesim foi fechada, e quase ao mesmo tempo, o garoto encheu a mente de perguntas. Viu que pela primeira vez o Anfitrião perdera a aura jovial, e que ali no chão, pálido e magro, recostava na porta, sentado para recuperar o folego que mal havia gastado. Talvez a casa tinha se encaminhado para um triste fim, pensava, talvez... Fosse culpa dele. Talvez estava lá para dar fim ao Anfitrião, para dar fim ao sofrimento que todos ali carregavam. Isso era bom? Era certo? Parecia justo. Se sentou ao lado de seu guia e tomou coragem para perguntar. Escolheu as palavras com cuidado, escolheu de novo, e inseguro disse:

-Anfitrião, qual minha função nesta casa?

Fugiu de seus devaneios e olhou cansado para o garoto, seus olhos sem brilho demonstravam perfeitamente um nada, como cara de poker.

-Concluo, que você não é nada aqui nesta casa se não seu fim. Mas acalme-se, nada vem de um fim se não um começo. Se me perguntasse, diria que seu objetivo aqui é, na verdade lá, mas lá é todo lugar. Sendo assim, não sei até onde, mas esta casa impacta até onde o mundo é mundo. Mas sério, diferente de todos os inquilinos até então, você é o único que não posso guiar, sabe? Você é o único que não posso preparar, até porque tudo aqui é como sempre foi, mas inegavelmente, nem tudo foi como é agora. De certo modo, a estrutura é igual ao início, mas com chegadas e partidas a coisa toda muda, mas de forma ao funcionar da coisa. Ou não dessa vez...

Uma sombra, talvez com forma, talvez só um vulto, passou acima da cabeça dos dois e foi para o fim do fechado corredor. Ambos perceberam, mas só o Garoto pareceu surpreso. E formando-se feito desenho, uma nova porta foi moldada pela sombra, e quando terminou a mesma foi desaparecendo em filetes, até não ser mais nada. A Porta era preta feito a capa de um livro, e por toda sua extensão tinham raízes desenhadas com ouro.

-Eu sabia que teríamos uma nova Porta, e que ela seria o fim desta casa como é. Mas ainda não tenho ideia de qual seja sua natureza. -Disse o Anfitrião.

-Sabia? O Anfitrião sabe dessas coisas? -Questionou o garoto.

-Ao seu modo, sim. É como algo natural que eu só... Sei. Assim como soube que te encontraria ao abrir a Porta principal. Em contrapartida, não sei, por exemplo, o que é aquela sombra... Tão pouco sei sua função.

-Imagino que tenha alguma maneira de descobrir. -Falou o menino.

O Anfitrião acenou com a cabeça, e se levantaram. Foram até a última porta do corredor, e logo a frente dela, o Anfitrião hesitava em entrar, ela estava como sempre encostada, e ele olhava para seu verde e seus entalhes como se lhe fossem estranhos.

Porém, sem perceber isso, o garoto se voltou para a porta a direita. Talvez ela fosse a porta mais simples do corredor, se comparando somente a última porta do outro lado do corredor, que na verdade, era igual a esta.

-O que tem nesta? -Perguntou.

Em resposta, o Anfitrião a abriu: E lá estava a parede.

-Nada atualmente. Acho que a Casa não gosta de se livrar das Portas, mesmo quando Conceitos se vão. Vai que algum novo tem de ser aprisionado né?

-Nesse caso, por que tem uma nova?

-Tá aí um novo motivo para aquela ser especial! -Retrucou.

Insatisfeito o Garoto ficou. "Nada atualmente" não era bem o que esperava como resposta.

-O que tinha depois desta Porta? -Insistiu.

Encabulado sem ter a resposta, tentou responder quem estava depois dela.

-Quem quer que se pudesse encontrar depois desta porta, não está mais por aqui. Quem quer que fosse, não é mais, diria eu que ele pode ser qualquer um, em qualquer lugar.

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