𝗔𝘀 𝗠𝗮𝗹𝗱𝗶𝘁𝗮𝘀 𝗛𝗶𝗿𝗮𝗶𝘀 - MOHYO (ABO)

Sakuras e Pessegueiros

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N/A: Foto da capa é o estilo das flores da tatuagem ;)

O som repentino da companhia tocando preencheu o interior do apartamento, alertando sobre a chegada de alguém. Dentro do quarto, colocando o outro par do brinco que faltava, Jihyo cessou os movimentos e buscou pelo relógio da parede, ansiosa. Eram 20h10 da noite. Ela sabia que esse momento se aproximava a cada segundo, no entanto, somente agora, ela sentira o nervosismo com um misto de anseio percorrê-la.

Sabendo que não conseguiria mais colocar a peça – a concentração para isso sumiu –, Jihyo abandonou o brinco em cima da penteadeira e se levantou para sair do quarto, previamente parando em frente ao espelho e analisando suas vestes. Vestia roupas típicas para dias frios; uma camiseta de manga longa escura e calças confortáveis da mesma cor. Parecia elegante e ao mesmo tempo simples. Diferente do dia em que jantaram fora, esta noite, elas passariam dentro do apartamento, portanto, não havia porquê usar algo tão extravagante. No final, gostou da escolha que fizera.

Atravessando o corredor e sala rapidamente, em passos desajeitados, ela parou de frente para porta do apartamento, se preparando. O fato de saber quem encontraria do outro lado fazia seu coração acelerar, ela sabia quem estaria lá. Jihyo percebia uma leve onda de medo crescer em seu interior, fazendo suas mãos suarem.

A última vez que vira Momo, elas não passavam de duas desconhecidas que, por ironia do destino, tiveram seus caminhos entrelaçados desafortunadamente. No entanto, tudo estava diferente desta vez, o termo "desconhecidas" não se aplicava mais ali, ao menos, não totalmente. Momo seria sua noiva, e então esposa; construíram – Jihyo não tem certeza – uma vida juntas. E aquilo mudava tudo.

Muitos dias tinham se passado, e agora, ambas se conheciam um pouco mais por meio de informações trocadas através de mensagens e ligações, a existência de um vínculo entre elas estava nítido. A Momo que veria essa noite, de certa forma, seria diferente da última que viu. Isso fazia sentido?

Destravando o sistema de segurança, ela apertou a maçaneta firmemente e abriu a porta. A coreana mal teve tempo de visualizar a cena à sua frente; em segundos, o corpo de Momo estava colado ao seu, com os braços envoltos em sua cintura, reivindicando-a para si, deixando um rastro flamejante por onde as mãos passaram. A diferença de altura entre elas era de apenas alguns centímetros, então não foi difícil para a japonesa aconchegar o rosto na curvatura do pescoço da ômega. No entanto, a causa de sua ruína ocorreu no momento em que Momo deslizou desesperadamente várias vezes o nariz por suas glândulas odoríferas com urgência, como se buscasse desesperadamente seu aroma, sua presença.

Jihyo, ainda em domínio do êxtase e levemente atordoada, passou os braços por volta do pescoço da japonesa, devolvendo o gesto carinhoso. Seus músculos perderam a tensão assim que permitiu-se respirar profundamente, as narinas dilatando ao captar a essência da alfa que se espalhara aos arredores. O cheiro almiscarado e doce de pêssegos atingiu diretamente o raciocínio da ômega. Embora Jihyo tivesse ficado com o suéter de Momo e sua essência espalhada pelos travesseiros e cobertas, depois de tantos dias, o cheiro não era mais a mesma coisa; estava lá, mas enfraquecido. Não possuía mais o mesmo conforto.

A Park escorregou os dedos pelos cabelos da japonesa, acariciando o couro gentilmente. Não saberia dizer há quantos minutos estavam naquela posição, mas não poderia se importar menos. Quando disse para Momo que ela poderia cheirá-la à vontade, não estava brincando, e não seria ela quem quebraria a distância.

Com o rosto apoiado no ombro da japonesa, Jihyo observou o cenário. A porta do apartamento estava aberta e, mais abaixo, no chão, havia sacolas de papel com compras, provavelmente do mercado. Daquele ângulo, ela também conseguiu visualizar que Momo vestia roupas diferentes do que estava acostumada a vê-la usando: uma regata branca, um casaco esportivo e calças jeans. Achou que o conjunto ficou muito bem nela.