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Ohana

Depois de deixar minhas meninas no aeroporto, voltei pra casa, que estava virada de cabeça pra baixo. Na noite passada depois de por Lara para dormir, acabamos passando o resto na noite fazendo coisinhas bem mais interessante do que organizar a casa. Fiz tudo que tinha que fazer, preparei um lanche pra mim, e coloquei comida prós nossos bichinhos.

Quando fui para o trabalho, fiquei o tempo todo com o celular por perto, Larissa poderia me ligar a qualquer momento. Lara odeia viagens de avião, e sempre acaba passando mal, então aguardava elas pisarem a solo firme.

- Lefundes, posso falar com você um minutinho em minha sala? -Disse o chefe após assinar o quadro de cirurgias.

-Claro. -Sorri colocando as mãos no bolso do meu jaleco. Acompanhei o homem até a sala dele, e me acomodei na cadeira de frente para a sua mesa.

Observei o homem que coçava a barba pensativo. Me senti aflita, o que poderia ser? Uma demissão? Não, eu não podia ser demitida, podia?

- Então, como você sabe estamos passando por um momento difícil financeiramente aqui no hospital. E bem, teremos que passar por mais um corte. -o mesmo se ajeitou em sua cadeira. -Você é uma das nossas melhores enfermeiras chefe, mas infelizmente não posso ficar com duas chefes geral.

- Chefe, eu não posso ser demitida.

- E eu nem quero fazer, mas também não posso lhe pagar a quantia que te pago para exercer sua função. Bom, se estiver de acordo, do próximo mês em diante você exerce apenas seu papel de enfermeira geral. Apenas a Georgia Fidelix que é a chefe do setor.

Ser rebaixada do meu setor não estava em meus planos, mesmo sabendo que ele estava fazendo isso por questões financeiras, eu me sentia uma inútil. Mas também não podia reclamar, afinal muitos dos meus aqui no hospital foram demitidos, e eu apenas ganharia menos.

- Confesso que não esperava por isso, mas é melhor do que perder o emprego. -Dei um sorriso fechado.

- Eu sei que não. Então isso quer dizer que aceita continuar aqui?

- Claro que sim. -Me coloquei em pé. - Chefe? -Me virei antes de chegar a porta.

- Sim?

- Se eu ganharei menos. Isso quer dizer que a minha carga horária será menos certo? - lhe dei um sorriso.

Webber coçou a barba, olhou para os papéis espalhado por sua mesa, e finalmente disse:

- É certo a se fazer. No final do mês montamos a sua escala. E obrigada por me compreender, Ohana.

- Obrigada, por não me demitir.

Depois da conversa com o chefe, eu voltei para o meu trabalho. Troquei curativos, soros e dei remédios para alguns pacientes. Algumas horas depois recebi uma mensagem de Larissa avisando que acabará de chegar no aeroporto de Miami.

Sorri com a foto que a Ruiva me enviou, na mesma estava ela e Lara sentadas na padaria do aeroporto. A sementinha estava pálida, porém sorria.

- Você tem uma linda família. -Disse o doutor Rafael por cima dos meus ombros. Levei um pequeno susto com a voz repentina.

- Obrigada. -Sorri guardando o celular no bolso da minha calça.

- Preciso de sua ajuda com a senhora Dolores. Dizem que você consegue convencê-la a fazer qualquer coisa.

- Tem que ter paciência com ela. -comecei a acompanhá-lo pelos corredores. - Só perguntar sobre sua família que ela se distraia.

- Então esse é o seu truque? -assenti chamando pelo elevador. -Qual o nome da sua filha?

- Lara, ela tem quase quatro anos.

- Ela parece ser muito fofa. Mais uma vez parabéns pela família. -O Doutor disse quando as portas metálicas foram abertas.

Doutor Rafael Marques, o homem tinha seus trinta e poucos anos. O mesmo era filho de Brasileira com Filipino, ele era novo no hospital. Depois do antigo cardiologista pedir demissão, Rafael foi contratado para substitui-lo. Era um médico muito bem educado, e se dava bem com todos.

- Olá, Sra. Dolores. -cumprimentei a senhora impaciente na sala de Raio-X.

- Olá, querida. Que bom que é você, esses médicos são todos brutos. Não sabem como tratar uma dama, a mulher de cabelos brancos dizia como se o Doutor e o homem do Raio X não estivessem ali.

- Eles aprendem com o tempo. -Dei um piscadela para o Doutor que sorriu.

[...] - Já estão na sua mãe? - perguntei com o celular próximo ao ouvido.

- Sim, chegamos tem umas meia hora.

- E porque não me avisou?

- Amor, você disse que era para avisar quando chegássemos no aeroporto. - não podia vê-la, mas sabia que a Ruiva estava revirando os olhos.

- Aí, Larissa, okay.- sorri -Cadê a Lara? - dei uma garfada em meu bolo de chocolate que tinha trazido de casa.

- Tá na minha mãe brincando com o Bê. Eu to aqui na sua mãe tentando arrumar a televisão.

- Já encontrou com a Alex?

- Ainda não, Graças a Deus. Ela esta resolvendo coisas do trabalho no centro. Se Deus quiser eu consigo fugir dela o final de semana todo.

- Benzinho, você sabe que isso é meio impossível né?

- Hunrum. Mas eu me esforçarei. -acabei rindo da sua fala. - Amor, quero te contar uma coisa.

Ouvi a voz da minha esposa vacilar do outro lado da linha. Mas eu sabia que não tinha nada a ver com Lara, e sim com ela. Eu conhecia todos os tons de sua voz. Senti meu pager tocar, e era uma chamada do chefe.

- Vida, eu vou ter que ir, ok? Eu juro que queria ficar aqui e ouvir o que tem para me dizer, mas tenho uma emergência.

- Okay, Amor. Vai lá. Bom trabalho, amo você.

- Obrigada! Também amo você. -encerrei a ligação e corri pra saída após jogar o potinho descartável no lixo.

Segui para a sala que fui chamada, que era a área da oncologia. Pedi licença ao chefe que preparava o paciente, e entrei na sala passando álcool em gel nas mãos.

- Boa tarde, Chefe. Boa tarde Senhores. -Cumprimentei o casal. Com o homem tinha uma senhora com os cabelos avermelhados, e olhos castanhos.

- Boa tarde. -os três falaram juntos.

- Lefundes, esses são os senhor e senhora Karl. - disse o chefe. Esse nome não me era estranho. - O senhor Lionel Karl, vai começar a fazer o tratamento do leucemia aqui no hospital.

- Lionel Karl, claro.-sussurrei me lembrando daquele nome.

- Disse alguma coisa, Lefundes? -perguntou o chefe.

- Oh não. -sorri forçado. Minha vontade era de pular no pescoço daquele homem que fez tanto mal a minha esposa.

- Você será a enfermeira responsável pelo senhor Karl. Ele é um homem de grande coração, e merece a melhor enfermeira desse hospital. -Eu fiquei honrada pelas palavras do homem, mas me deu vontade de vomitar. Ninguém parecia saber o lado asqueroso daquele homem deitado naquele leito.

O Doutor Webber explicava o tratamento do homem, que era meu sogro, mas não queria pensar assim. Comecei a preparar o soro, minha vontade era de enfiar a agulha em sua veias, mas eu era uma profissional da saúde exercendo meu trabalho.

- Ai, o meu braço. -O homem reclamou no momento que encontrei sua veia saltada pra fora.

Depois de estar tudo preparado sai daquele quarto, minhas mãos estavam frias. O progenitor de Larissa tinha acabado de dar entrada no hospital diagnosticado com leucemia.

I Love My Best Friends - Segunda Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora